Cap.18
Imediatamente meu coração foi a mil. Eu não acreditava... Meus olhos estavam arregalados.
- Aurélio, calma, nós podemos explicar... - ele não falou nada. Apenas saiu do quarto e se foi. Imediatamente ele virou e me olhou - desculpa, eu devia ter trancado a porta... - nós dois estávamos atônitos. Pela primeira vez, alguém sabia da nossa relação. E dessa vez não adiantava negar. Ele havia visto com os seus próprios olhos. Se formou um silêncio no quarto...
MINUTOS DEPOIS
Andei lentamente e me sentei na cama.
- O que você acha que ele vai fazer ? - perguntei, olhando para o chão.
- O que você acha que ele pode fazer ?
- Não sei, nos afastar da equipe... - ele veio e sentou na cama ao meu lado
- Nós somos os melhores jogadores do Brasil, você acha mesmo que o Aurélio faria algo assim com a gente... E depois, nós somos funcionários do clube... Não dele.
- Mas e... se ele falar para alguém ?
- Bem... Ele não faria algo assim... Pode prejudicar a equipe... - falou, tentando me tranqüilizar.
- Você não está nem um pouco nervoso com o que acabou de acontecer ?
- Por incrível que pareça não... - falou, se levantando.
- Como ?
- Não sei... Sei lá... Eu sinto como se... Isso fosse algo necessário... Como se tivesse ou fosse acontecer um dia...
- Você está dizendo que não se importa nem um pouco com a descoberta que o nosso treinador fez ?
- Lógico que me importo... Mas... É como se isso fosse necessário, entende ?
- Necessário ?
- Como se fosse o caminho natural para se seguir caso nós escolhamos isso... - durante alguns segundos, meu cérebro ficou confuso... Acabei rindo.
- É confuso, mas serviu para me acalmar... Mas de qualquer forma, temos que ter cuidado, e... Conversar com o treinador... Explicar o que houve...
- Diremos a verdade... - ele falou
- A verdade ? Qual verdade ?
- Que estamos ficando... Que não sabemos explicar como... Mas ficamos atraídos um pelo outro e apenas estamos deixando os nossos corações seguirem o seu caminho normalmente, como deveriam.
- E você acha que ele vai aceitar essa história melosa ?
- Não sei... Mas pelo menos para mim é a verdade - sorri. Pois notei o quão diferente ele estava realmente havia mudado. Não era o mesmo Rafael que a meses atrás havia me dado uma péssima impressão. Era um novo Rafael. Um Rafael apaixonante !
MAIS TARDE
Apesar de todas as palavras que ele havia me dito, depois de saber que alguém havia descoberto o nosso segredo, já não mais conseguia me acalmar. Tinha medo de perder tudo o que sempre sonhei, apenas por um detalhe que a nossa sociedade abomina.
- Eu não consigo Rafael - falei, me sentando na cama.
- Não consegue o que ?
- Me acalmar... O nosso treinador sabe do nosso segredo... Meu Deus, você tem noção do que ele pode fazer se estiver mal intencionado com essa informação ? Senti movimentações na cama. Logo uma mão estava sobre o meu ombro, e me puxou. Era ele, me puxando para perto dele. Aquele homem que a um tempo atrás, para mim era um brutamontes, agora se mostrava um verdadeiro príncipe. Logo ele me abraçou, me pondo no meio do seu corpo, me abraçando forte. Senti suas mãos nos meus cabelos, fazendo um carinho relaxante.
- Sabe Ben, minha bisa vivia dizendo que na vida nós não devemos temer nada... Todos os problemas são contornáveis, para tudo se dá um jeito, só não para a morte... Isso é um assunto nosso... Se nós decidimos retribuir os sentimentos que temos um pelo outro, o que o clube tem a ver com isso ? Nos somos contratados para trabalhar, não para seguir a vida que eles querem... Não devemos temer... Conheço o Aurélio, ele não é de se fazer coisas no impulso. Ele vai pensar, e na certa vai ser sensato, e perceber que não deve se meter nesse problema - sorri, ouvindo aquilo.
- Você é sensivel assim mesmo ? - perguntei, sorrindo.
- Depois que eu te conheci, fiquei assim... Sensível e carinhoso... - falou, beijando o meu rosto. Estava me sentindo tão bem, como nunca antes. Será mesmo que ele estava me fazendo apaixonar-me por ele ?
NO DIA SEGUINTE
Acordamos, ainda dormindo juntos. Terminamos de arrumar as nossas coisas, já que voltariamos cedo para São Paulo. Descemos, tomamos café num canto, isolados. Olhava o tempo todo para Aurélio, como se tentasse descobrir o que se passava na mente dele aquele momento. Após o café, voltamos para o quarto. Já estávamos saindo para ir para o ônibus, quando na porta o nosso técnico apareceu.
- Precisamos conversar meninos...
Continua
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