Cap.2
Era sim diferente de tudo que eu imaginei. Imaginava um garoto franzino e cabisbaixo. Mas o que me apareceu foi um homem quase formado. Trajando um terno que parecia ser de ótima linhagem, Maurice desceu da charrete, trazendo consigo alvo que eu não consegui definir no momento. Mas que fez eu concentrar nele as minhas atenções. Tirou de dentro duas malas da sua bagagem, se virou e encarou a casa. Olhou de uma ponta a outra, até que focou seu olhar em mim. Quanto mais se aproximou, mais pude observa-lo. Tirou o paletó, e então pude ver que tinha alguns músculos. Tinha uma pele branca, igual a minha. Cabelos pretos, ondulados mas que nele ficavam perfeitos. De longe parecia ter olhos pretos, mas quanto mais se aproximou, mais vi os seus olhos castanhos florescerem. Subiu as escadas com o esplendor de um barão, e esticou a mão quando chegou perto de mim.
- Eu sou Maurice - falou, carregando um forte sotaque francês.
- Oh, sim. Me chamo Antônio.
- Prazer, Antoine - ri.
- Não se diz Antoine, se diz Antônio...
- Oh, vou ter que treinar a pronúncia...
- Venha, minha mãe avisou que você viria. Te levarei ao local aonde você vai dormir.
- Dormir ? Ah sim, o quarto... - ri. Ele não parecia ser muito íntimo da língua, mas acredito que o que ele sabe seria o suficiente para viver alguns meses no Brasil. Caminhamos pela enorme casa, sendo que eu ia na frente, parando a cada minuto pois ele ficava encantado com cada obra de arte que via no corredor da casa.
- Vamos Maurice ?
- Ah sim, vamos... - parei em frente a enorme porta que dava acesso ao quarto aonde ele iria dormir
- É aqui - abri a porta e deixei que ele entrasse - espero que goste. Tem tudo o que você precisa, energia, vitrola, enfim... Espero que goste.
- Ui... Obrigado, Antoine - ri novamente, enquanto via ele entrar no quarto.
- Antoine... - era engraçado ver ele me chamar assim. Sai andando pelo corredor, imaginando como seria dali pra frente, e se seria agradável a estadia dele em nossa casa.
TEMPO DEPOIS
Maurice chegou na nossa casa de um modo muito rápido, e me deixou bem animado com a sua presença, pois seria uma companhia a mais a pessoas que quase não tem companhia.
- Maurice ? - bati na porta, esperando respostas.
- Pode abrir - falou, fazendo eu lentamente girar a maçaneta da porta.
- Minha mãe mandou... - parei de falar quando vi que ele estava pelado dentro do quarto. Seus músculos, seu corpo, de alguma forma aquilo me atraiu.
- O que você queria dizer ?
- Minha mãe mandou perguntar se você vai jantar - falei, virando o rosto pois estava ruborizando.
- Vou sim. Obrigado por perguntar - Fechei a porta mais que rapidamente e me escorei na parede. Eh não sabia o porquê, mas algo no corpo dele havia me feito acelerar o coração e a mente embaralhar. O que seria aquilo ?
TEMPO DEPOIS
Na mesa do jantar, enquanto saboreavamos uma boa comida mineira, eu não parava de olhar para aquele francês e lembrar do corpo nu que ele desfilou no quarto.
- Maurice, você irá completar 18 anos no próximo mês, não e ? - minha mãe perguntou.
- Ui, mademoiselle Cristina - ela riu.
- Se diz senhora em português, Maurice.
- Senhora ? Oh, desculpe-me Senhora Cristina
- Não tem problema, é só para que você saiba como se diz. E... Já sabe o que vai fazer na faculdade.
- Minha mãe quer que eu faça direito, mas... Não sei se ser advogado é o melhor pra mim.
- Mas é uma ótima carreira, com certeza terá muitos lucros e encontrará uma noiva cedo... - enquanto eles dois conversavam, eu não conseguia parar de olhar para aquele rosto branco que vez ou outra cruzava o olhar com o meu e fazia aquela sensação voltar. Era uma sensação estranha, eu nunca havia sentido. Algo como borboletas no estômago. Algo meio lírico. Será se é normal sentir isso quando se conhece alguém ?
TEMPO DEPOIS
Lia um livro enquanto tomava um chocolate quente e me cobria cada vez mais para fugir do frio que a natureza proporciona.
- O que está fazendo, Antoine ? - perguntou, fazendo sua voz ecoar atrás de mim.
- Estou lendo um livro. Achei que ia dormir.
- Estou sem sono - falou, sentando na outra ponta do sofá - Romeu e Julieta ?
- Sim... Adoro a história...
- Mas, dizem que é livro de tarlouze.
- O Que ?
- Coisa de maricas... - disse.
- Oh... Mas eu gosto do livro... - falei, continuando a ler.
- Gosta é ?
- Gosto - durante algumas vezes, focava meu olhar nele e via que me olhava de um jeito estranho.
- Boa noite Antoine - falou, se levantando de repente e sem explicar.
- Boa noite... - o que será que esse francês trazia dentro de si ? Será se conseguiríamos ser amigos ?
Continua
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