Era noite e eu estava andando nas ruas de Sydney na Austrália, fazia frio, estava com um casaco, com as mãos no bolso, entrei em um bar que frequentava bastante, nele você podia se apresentar ao vivo como quisesse, com instrumento ou não, sempre subia alguém para cantar, uns muito bons, outros uma negação! As vezes também tinha banda ao vivo.
Entrei nele e fui direto ao bar, pedi uma bebida e fiquei tranquilo alí...
Estava completamente desatento, alguém extremamente desafinado cantava, ou tentava cantar "Hey Jude" dos Beatles e eu nem ao menos olhava quem era, não me interessava, apenas bebia e olhava o copo a minha frente...
O homem acabou a música e outra pessoa foi anunciada, não prestei atenção no nome, nem na canção que iria cantar...
Quando de repente ouço uma voz doce, completamente afinada cantando Wave, como assim? Não acreditei no que os meus ouvidos estavam ouvindo naquele momento! Era uma voz masculina, mas muito doce.
Me virei para olhar o dono daquela voz, e de longe vi um garoto, deve ter seus 17 anos talvez. Ele era ruivo, com algumas mechas indo para o loiro, seus olhos eram claros mas não destiguia a cor de tão longe.
A forma com a qual ele cantava me encantava, fechava os olhos e parecia sentir a música, depois os abria olhando para frente, como se visse algo maravilhoso.
Como ele conhecia uma música do Tom Jobim do outro lado do mundo? Ele ara brasileiro? Não era muito comum alguém conhecer, talvez na Europa sim, mas aqui eu nunca vi! Nunca mais falei com algum brasileiro... O mais incrível era ele ter escolhido aquela música, logo aquela, ouvi-la me partia o coração, mas ao mesmo tempo me dava um sentimento, como se estivesse renascendo. Aquela música era muito importante para mim.
Ele acabou a música e foi se aproximando do bar, eu virei e ele sentou um pouco próximo. Pediu sua bebida e ficou esperando...
O olhei um pouco, pude ver que seus olhos eram verdes.
Perguntei em inglês: Você é brasileiro?
Ele me olhou sorridente: Não.
Tive mais curiosidade ainda: Como cantou Wave tão bem? Você cantou em português!
Ele: Fiz um curso e amo algumas músicas brasileiras do Tom Jobim principalmente, são verdadeiros poemas! E você? Como conhece Tom Jobim e suas músicas?
Eu sorri. - Sou brasileiro!
Ele cresceu os olhos e me olhou bem nos olhos. - Mentira? Sério? Você está brincando? - Falou animado.
Eu: Não, não estou não. - Comecei a rir.
Ele: Sou apaixonado pela cultura brasileira, sabe, nem sei porque!
Eu: Deve ser por causa do curso de português!
Ele: Não, isso vem de antes.
Ele falava gesticulando, com uma animação enorme, me lembrava uma pessoa que sempre falava assim!
De repente seu drink vem com um canudo e ele o toma...
Eu: Você me lembra uma pessoa!
Ele: No quê?
Eu: Seu jeito de falar, sua animação e tomar seus drinks assim.
Ele riu... - Eu sempre tomo assim, meio patético né?
Eu: Não. Não acho! - Sorri.
Ele sorriu de canto de boca. - Vamos sair?
Eu: Para onde?
Ele: Para nenhum lugar, só andar um pouco pela noite, sem rumo!
Ele levantou e foi andando e eu fiquei olhando sem me mover.
Ele: Vem! - Gesticulou com a mão.
Levantei e o segui...
Ele saiu puxando meu braço de costas e começou a girar sentindo o vento frio que movimentava seu cabelo. - A noite não está mesmo linda? Olha a lua! - Apontou.
Eu: Você é meio maluquinho não?
Ele: Porque? Por prestar atenção nas pequenas coisas? Veja, olhe para o céu!
Olhei...
Ele: Então? Não é linda?
Eu: Sim. Conheci outra pessoa louca e que é apaixonada pela lua!
Ele: Você conheceu outra pessoa assim?
Eu: Sim!
Ele: Não gosto só da lua, adoro toda a natureza!
Eu: Você é sempre tão espontâneo assim?
Ele: Como assim?
Eu: Tipo, conhecer uma pessoa em um bar e arrastar ela para caminhar por aí a essa hora da noite sem nem saber o nome!
Ele riu. - Meus amigos sempre dizem que sou louco mesmo! - Olhava o céu enquanto falava, mas no momento olhou para mim. - Então estranho, qual seu nome?
Eu: Samuel.
Ele: Legal, vou te chamar de Sam!
Eu ri. - E o seu?
Ele: Maxxie, mas pode me chamar de Max.
Eu: Combina com você!
Ele subiu em um banco que tinha alí e andava, enquanto eu segurava a sua mão embaixo, com medo do desmiolado cair!
Eu: Você é mesmo uma criança não?
Ele: Obrigado! Crianças são felizes, veem alegria em tudo. Gosto de ser chamado assim!
Ele pulou, descendo.
Eu: Você canta bem!
Ele: Canto desde criança, adoro cantar! A música é mesmo maravilhosa. Minha forma de arte favorita!
Baixei a cabeça, me entristecia tocar neste assunto.
Ele: O que foi?
Eu: Nada! - Balancei a cabeça. - Sou músico.
Ele: Legal! Você canta?
Eu: Não, toco.
Ele: Qual instrumento?
Eu: Piano, guitarra e violão.
Ele: Também toco piano!
Eu: Já tive uma banda a muito tempo!
Ele: Você fala com tristeza no olhar!
Eu: Esquece, bem, já está tarde, preciso ir!
Ele: Minha casa fica logo alí! - Apontou.
Eu: Espertinho, estava andando o tempo todo para sua casa e eu que me vire!
Ele riu. - Gostei de você!
Ele tirou uma caneta do bolso do casaco, pegou minha mão e escreveu seu número, depois deu a caneta a mim e eu sem jeito escrevi o meu em sua mão.
Ele: Vou te ligar hein? Você é legal! Tchal. - Beijou meu rosto e correu para sua casa, depois acenou de longe e entrou.
Eu fiquei parado alí, depois comecei a andar, não iria pegar táxi, afinal o garoto tinha razão, andar um pouco não mata ninguém e a noite estava mesmo bonita.
Estar com ele aquela noite me deu uma nostalgia enorme, me fez sentir bem... Ele me lembrava muito uma pessoa, mas porque será que se pareciam tanto?
Andei até chegar em casa, tomei uma ducha e fui dormir.
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Gente estou tão empolgada, cheia de ideias...
Aqui é a introdução eles se conhecendo, espero que tenham gostado! Não tem muita coisa, vai ficar para a outra parte do conto!
Lembrem-se que o conto é cheio de mistérios e cada coisa é absolutamente importante para a história, até mesmo as idades.
Algumas coisas do protagonista: Sam. Vão ser contadas na próxima parte, inclusive ele irá se descrever na próxima parte rsrs...
Quantos mistérios. Então, alguém já se atreve a chutar qual segredo esse garoto carrega para a vida de Sam?
Beijokas 💋💋