GOTAS DE JÚPITER - 01x24 - ESTRELAS

Um conto erótico de Escritor Sincero
Categoria: Homossexual
Contém 2160 palavras
Data: 27/07/2015 17:42:09

Em pouco tempo me recuperei fisicamente. Os cortes nos meus pulsos viraram apenas cicatrizes, mas a minha alma ainda doía. Não contei para ninguém, pois, já haviam se preocupado demais comigo. As coisas entre o Gustavo e eu continuavam na mesma. Eu ainda continuei ressentido com ele. Eu o amava, porém a confiança havia morrido. E se ele me esnobasse novamente?

Na rua vários fotógrafos e carros de TV me aguardavam. Havia me tornado uma celebridade. O garoto que venceu a homofobia. O sobrevivente. Porém eu não me sentia dessa forma.

Repórter: - Thiago. Thiago.

Thiago: - Com licença. Eu vou para a escola.

Repórter: - Só dá uma entrevista pra gente.

Thiago: (subindo em cima de um carro da imprensa) – Escutem aqui seus abutres. O que passou... passou... meu pai é advogado e se alguém publicar ou colocar imagens minhas onde quer que seja... eu mando ele processar todos vocês.!!!! (pulando do carro e andando na rua)

Voltei para a escola em setembro e a recepção foi boa. Pelo menos não recebi uma carta sinistra ou recados nas paredes. Precisei entregar todos os trabalhos para os professores, afinal o ano estava quase no fim e necessitava alcançar uma boa média.

Thiago: (sentando de baixo da árvore) – Isso eu lembro.... que droga. Preciso de uma calculadora. (mexendo na mochila)

Goela: - Fala Thiago (batendo nas costas de Thiago)

Thiago: - Nossa!!! (ofegante) – Goela. Não faz mais isso. Que susto garoto.

Goela: - Calma. Não precisa ser tão estressadinho.

Thiago: - Enfim. O que você deseja?

Goela: - Só dizer se precisar de algo... me avisa. Meto a porrada em quem tentar mexer com você.

Thiago: - Obrigado. Eu acho.

Goela: - Deixa eu ir na cantina. (batendo na própria barriga) – Preciso encher o tanque.

Thiago: - Ok. Boa sorte.

Débora e Letícia: - Oi Thiago.

Débora: - Precisa de alguma coisa?

Letícia: - Quer que a gente leve os teus livros para a sala?

Thiago: - Não. Obrigado.

Débora: - Ok. Vamos para a sala amiga?

Letícia: - Precisando de algo. Fala comigo. (indo para o pátio da escola)

Thiago: - Mas...

Lucas: - Ei campeão. (acenando para Thiago) – Ei. O Bruno entregou a camiseta do time?

Thiago: - Sim.

Lucas: - Olha que bom. Espero que tenha gostado. Eu preciso ir para o treino extra agora. Precisando... somos nós.

Thiago: - (tentando levantar)

Lucas: - Eu te ajudo. Isso. Cuidado.

Thiago: - Obrigado, mas não precisava.

Lucas: (correndo para a quadra) - Não é nada.

Thiago: - O que está acontecendo?

Renan: - Olha quem voltou para o Madre Tereza. Já tava com saudades do meu melhor aluno.

Thiago: - Oi Renan. Tô sofrendo para entregar as contas do exercício.

Renan: - (tirando um papel da pasta) – Pega. Tá aí os modelos. O professor não vai vir hoje. Preciso ir para a sala de aula. (saindo)

Thiago: - Obrigado.

Todas as pessoas vieram falar comigo naquele dia. Todos. Eu parecia uma celebridade na escola. Antes fosse por causa da ‘Gotas de Júpiter’. A diretora Flora pediu para que eu me dirigisse até a diretoria. Fiquei nervoso. Pensei que fosse algo sobre os meus trabalhos.

Diretora Flora: - Sente-se querido.

Thiago: (senta na cadeira)

Diretora Flora: - Aceita um café? Água? Chá?

Thiago: - Não obrigado. (olhando para os lados)

Diretora Flora: - Pensei em visitar você no hospital, mas achei inapropriado. Escuta meu filho, eu sinto muito pelas coisas que se passaram nessa escola. Se eu soubesse teria evitado toda essa tragédia.

Thiago: - Diretora. Isso tem alguma coisa haver com as minhas notas? Por causa das provas?

Diretora Flora: - Claro que não. Você está com dificuldades de fazer os exames? Vou falar com os teus professores para fazerem trabalhos então...

Thiago: - Eu... eu... claro. Obrigado.

No cartório da cidade, o Gustavo foi finalmente reconhecido como o filho da Elizabeth. Eles decidiram comemorar indo até a sorveteria da cidade.

Elizabeth: - Meu filho e como está a tua relação com o Thiago?

Gustavo: - Pior que o Titanic... pensei que depois de tudo...

Elizabeth: - Puxa meu filho.

Gustavo: - E outra. Acho que o seu Hélio não aprova muito.

Elizabeth: - Ele quer ver o Thiago feliz. E se você for essa pessoa, então ele não verá problemas.

Gustavo: - Ser adulto é tão difícil.

Elizabeth: - Mas você sempre foi um garoto exemplar Gustavo. Eu tenho orgulho de te chamar de filho.

Gustavo: - Elizabeth. Isso significa que eu vou morar com você?

Elizabeth: - Você gostaria?

Gustavo: - Não sei. Já estou tão acostumado com a rotina na casa do Thiago. E agora você sempre está por lá.

Elizabeth: - (rindo) – A gente é quase uma família. Bem diferente.

Gustavo: - Sabe o que é engraçado Elizabeth?

Elizabeth: - O que?

Gustavo: - Eu quase não lembro da minha vida com a Marta.

Elizabeth: - Isso é um bom sinal.

Ludmila não falava com Alison há três dias. Ele também não apareceu na escola. A minha amiga perguntou dos amigos e colegas, mas ninguém sabia o paradeiro dele. Ela decidiu ir até a casa do namorado. Bateu na porta e um homem de aparência estranha apareceu.

Homem: - O que deseja boneca?

Ludmila: - O Alison tá em casa?

Homem: - Ele saiu com uma cliente no sábado. Deve ter feito alguma viagem.

Ludmila: - Cliente? Como assim?

Homem: - Você não é cliente dele?

Ludmila: - Em qual sentido?

Homem: - Sexual. A gente é garoto de programa. Só não te atendo agora, pois, já tenho compromisso.

Ludmila: - Isso é uma brincadeira sem graça.

Homem: - Isso parece uma brincadeira para você? (entregando um cartão para Ludmila)

Ludmila: (olha incrédula) – Mas...

No cartão havia uma imagem do Alison apenas de sunga em uma pose nada discreta. Ludmila saiu em disparada e procurou ajuda nos braços de Suzana.

Suzana: - Menina. Babado. Gente e eu nem imaginava. Olha. Que braços firmes e...

Ludmila: - Suzana!!!

Suzana: - Desculpa. Vamos focar no problema.

Ludmila: - Eu vou acabar com o Alison... vou.... (colocando o travesseiro no rosto e gritando)

Suzana: - Isso. Solta tudo. Agora... como vamos acabar com ele? Olha. Eu tenho uma ideia. (saindo do quarto) – Mamys!!! Mamys!!! Cadê você?

Cheguei em casa e não havia ninguém. Subi para o meu quarto e comecei a fazer os exercícios atrasados. A minha vida tava bastante complicada. O Gustavo entrou e começamos a conversar sobre várias coisas.

Thiago: - Fico feliz que tenha se entendido com a Elizabeth. Que é quase minha mãe também. (anotando algumas informações no trabalho)

Gustavo: - É sim. Tenho que ir daqui a pouco. O Silva não abriu o café hoje de manhã.

Thiago: - Aconteceu alguma coisa?

Gustavo: - Ele pediu para colocarem um letreiro novo.

Thiago: - Ahhh... que legal.

Gustavo: - Thiago.

Thiago: (sem parar de anotar) – Oi, Guh.

Gustavo: - No tempo que a gente ficou junto... você foi feliz?

Thiago: (colocando o lápis de lado) – Hum rum.

Gustavo: - E porque você não me da outra chance? (pegando nas costas de Thiago)

Thiago: - Eu preciso de tempo... eu...

Gustavo: - Eu te amo. Você me ama. Não é verdade? (massageando Thiago)

Thiago: - Eu.... eu.... (levantando) – Eu preciso ir ali. (saindo do quarto)

Naquela tarde decidi visitar o Cristovão. Para a minha surpresa ele estava respirando com a ajuda de aparelhos. Tentei ser o mais natural possível, mas não consegui. Suzana o visitava quase diariamente.

Cesar: - Ele está mal. Não existem muitos recursos.

Thiago: - Eu. (chorando) – Desculpa. Ando meio emotivo mesmo...

Cesar: (beijando Thiago)

Thiago: (afasta Cesar)

Cesar: - Me perdoa... eu não queria... sinto muito.....

Thiago: - Tudo bem. Ei. Eu também estou tão confuso quanto você. Você e o Gustavo.... não quero escolher.... eu...

Cesar: - Você não precisa. Acho que você já sabe, mas algo está te bloqueando.

Thiago: - Eu gosto tanto dele. Fiz tanta coisa por ele. (sentando no chão do hospital) – E você é um cara lindo, meigo e que todos gostariam de ficar. A gente não manda no coração. (chorando com as mãos no rosto)

Cesar: - Ei. Para com isso. Abre o teu coração para ele.

Thiago: - Como?

Cesar: - Com o seu maior dom...

Thiago e Cesar: - Música!

Cristovão: - Cesar!!! (com dificuldades de respirar) (máquina começa a apitar)

Naquela noite, o Cristovão quase morreu. Os médicos foram o mais sincero possível com o Cesar. Quando a mãe deles chegou no hospital recebeu a triste notícia. O pequeno Cristovão não tinha muito tempo de vida. Sai correndo hospital. Estava irado. Irado com Deus.

Thiago: - Porque? Tanta gente boa morrendo. (ficando de joelhos) – E eu um gay. Um pecador como todos dizem... continuo vivo? (chorando)

Cheguei em casa arrasado. Deitei na cama e uma música familiar começou a tocar. A mesma música que o Cristovão me mostrou da primeira vez que fui ao hospital.

Thiago: - É isso. (levantando da cama) – Gustavo!!! Alex!!! Venham aqui!!!

Naquele final de semana a gente quase não dormiu. Falei para Cesar sobre o meu plano para homenagear o Cristovão. Corremos contra o tempo. Todos participaram, principalmente o pai de Suzana com o nosso ‘Paitrocinio’. Reunimos todos na frente do hospital e começamos a preparação. Conseguimos uma lona gigante que cobria toda a parte esquerda do prédio.

Levamos instrumentos, caixas de som e a iluminação. Estava nervoso e prometi a mim mesmo que não choraria, mas sabia que era impossível. Olhei para o Gustavo e sorri. Arrumei o teclado.

Thiago: - Se eu desabar... você....

Gustavo: - Vou te segurar. Sempre vou estar aqui por você.

Suzana: - Não sei se estou preparada. (tirando a maquiagem)

Ludmila: - O que está fazendo?

Suzana: - Já me viu com a maquiagem borrada. Não preciso nem falar.

Ludmila: - Meus problemas parecem tão insignificantes.

Bruno: - Você está bem amor?

Kim: - Sim. Só quero fazer uma boa homenagem para o nosso amiguinho.

Thiago: - Gustavo. Quando você quiser.

Gustavo: - É

(INTRODUÇÃO DA MÚSICA YELLOW – AMARELO)

Introdução da música

Cesar: - Ei pequeno. Tem uma galera que quer te falar uma coisa. (pegando Cristovão no colo e levantando até a janela)

Cristovão: - Thiago. Minha namorada. Eu quero ir lá embaixo com meus amigos. (respirando com dificuldade)

Cesar: - Mãe. (com os olhos vermelhos) - Por favor.

Leila: - Tudo bem. Vamos.

==========================

Thiago:

Olhe as estrelas

Veja como elas brilham para você

E para tudo que você faz

Sim, e elas eram todas amarelas

=========

Eles sumiram da janela e eu me preocupei. Depois de algum tempo o Cesar apareceu com Cristovão que estava sentando na cadeira de rodas. Ele olhou para nós sorriu e acenou. Naquele momento acionaram a luz e ela replicou em todos os lugares. E apesar de ser uma tarde, as estrelas surgiram de vários tamanhos e formatos.

Cesar: - Olha as estrelas.

Cristovão: - São lindas.

Leila: - (coloca a mão na boca e começa a chorar)

============

Thiago:

Eu progredi

Escrevi uma canção para você

E para tudo que você faz

E ela se chamava "amarelo"

Então eu esperei a minha vez

Que coisa para ter feito

E era tudo amarelo

Thiago: (saindo do teclado e indo em direção a Cristovão):

Sua pele

Sim, sua pele e seus ossos

Transformaram-se em algo bonito

Você sabe?

Você sabe que eu te amo tanto

Você sabe que eu te amo tanto

==========

Thiago: (chorando) - Oi meu amor. (beijando a testa de Cristovão)

Cristovão: - Você prometeu... (ofegante) - Prometeu que não ia chorar.

Thiago: - Estou chorando de alegria, pois, eu tive a chance de conhecer a estrela mais lindo do céu. Você me ensinou tanto. Tanto. Que eu daria qualquer coisa para ir no teu lugar. Eu juro.

Cristovão: - Eu fico feliz... Eu...

Cesar: - Cristovão!!! Cristovão!!!

Leila: - Meu filho!!! Nãããoooo!!!!

=============

Gustavo:

Eu nadei

E superei as barreiras por você

Que coisa a se fazer

Porque você era toda amarela

E estabeleci um limite

E estabeleci um limite para você

Que coisa a se fazer

E era tudo amarelo

===============

Os enfermeiros correram com Cristovão para o quarto, mas era tarde demais. Naquela tarde... exatamente 16h35. O céu ganhava mais uma estrela. Cesar se ajoelhou no chão e começou a chorar.

Cesar: - Não... nãooo.....

Thiago: - Eu tô aqui. Estamos todos aqui com você.

Gustavo: (se ajoelhando do lado do Cesar) - Calma.

Suzana: - Eu não acredito. Não... (abraçada com Ludmila)

Bruno: - Calma dona Leila.

Kim: - A senhora vai ficar bem. (abraçada com Leila)

===============

Cesar (ajudando a mãe a vestir Cristovão para o velório):

Sua pele

Sim, sua pele e seus ossos

Transformaram-se em algo bonito

E você sabe

Por você eu daria todo o meu sangue

Por você eu daria todo o meu sangue

=========

Cesar se lembrou de todos os mementos felizes que teve ao lado do irmão. Ele sabia que apesar de tudo foram os melhores de sua vida. Mas ao mesmo tempo ele sentiu-se aliviado, pois, não aguentava mais ver o irmãozinho ser submetido a tratamentos dolorosos.

Cesar: - Você foi tanta coisa na minha vida. Em nenhum momento... eu... em nenhum momento eu fiquei chateado ou te culpei pelas coisas que aconteceram. Eu te amo tanto irmãozinho. Eu te amo tanto. (chorando olhando para uma foto de Cristovão)

=========

Cesar:

É verdade, veja como elas brilham para você

Veja como elas brilham para você

Veja como elas brilham para

Veja como elas brilham para você

Veja como elas brilham para você

Veja como elas brilham

Thiago (segurando o controle do vídeo game de Cristovão e olhando para o céu):

Olhe as estrelas

Veja como elas brilham para você

E para tudo que você faz


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Comentários

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Você é foda né? Consegue me fazer chorar em todos os capítulos. Perfeito.

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