Lago dos Cisnes cap 4

Um conto erótico de escritor da noite
Categoria: Homossexual
Contém 3490 palavras
Data: 30/03/2015 05:46:38

"-Parabéns, cagou com tudo. Você mais que ninguém sabe o quanto lutamos pra chegar até aqui. O quanto eu me humilhei pra conseguir cada mísero papel pra você. E, agora, que você recebe um papel realmente importante, você descarta. Isso aí, bom trabalho."

"-Que legal! Então você é gay? Maravilhoso. Sério mesmo, nada contra, até apoio. Mas Jack, meu caro, você deve saber muito bem que o que eu sempre tento passar para as pessoas, é que o meu trabalho é real. Convenhamos que menos de meio ano antes das filmagens, o meu ator ser flagrado com outro cara, num mundo em que o podre do próximo, é tudo, seria o mesmo que falar que afundar. Sejamos razoáveis, admiro muito seu trabalho, contudo, o que seu público deseja nesse momento é você, hétero. Desculpa, mas não vai dar."

"-Sabe o que eu acho mais engraçado nisso tudo? É que eu cuidei de você por todos esses anos e percebo que não te conheço. Simples assim, eu sou uma mãe que não sabe quem seu filho é. Mais algum segredo que eu tenha que saber pelas minhas vizinhas loucas por sites de fofoca?"

"-Tem certeza que você é gay? E sua namorada da oitava série? Não é apenas uma fase filho? Isso é normal, você ainda é novo, muito tempo sozinho, sei lá, é um artista, artistas têm essas coisas. O importante é você provar a esses abutres que é macho, como o seu pai."

Esconder um segredo não é fácil. Jack escondia seu desejo por homens de tudo e de todos desde que descobrira. Era um fardo a carregar, e a carregar escondido. No entanto, ter se relacionado com mulheres o ajudou nessa caminhada. Ainda mais para um ator que conquistava cada dia mais o público e o interesse dos paparazzi. Por causa disso, ele pouco saía. Jack era extremamente reservado. Namorou três moças desde que chegou à Hollywood, porém, nenhuma notícia sobre esses relacionamentos foram descobertas, tamanho era o seu sigilo e cuidado.

Se com mulheres ele estava sempre alerta, com os homens ele era insano. Durante esse tempo, Jack dormiu com três ou quatro caras. Sua tática, apesar de estranha, era inteligente. Relacionava-se com homens que quisessem manter segredo, nunca tinha encontros públicos -nem sequer um chopp no bar-, da mesma forma que estudava e pesquisava para um papel, fazia com o interessado, que conhecia em sites de relacionamentos, com nome e endereço fake, além de mais tarde, quando com intimidade, trocava emails com a pessoa, através de uma conta falsa. Seus encontros aconteciam em sua casa, que era completamente reservada e tinha o cuidado especial com as janelas. E nunca tinha mais que uma noite com a pessoa.

Jack era frio, em seus relacionamentos e em seus passatempos. Apenas uma pessoa estava conseguindo arrancar a carapuça gelada que cobria seu coração. Kevin. O gelo se explicava pelo fato de Jack priorizar sempre seu trabalho e pelo medo. Medo de perder o sua oportunidade de crescer profissionalmente, medo da rejeição de seus pais, família,amigos, fãs, medo de se apaixonar e não ser correspondido, medo de confundir os sentimentos. O ator sempre se aceitou, não aceitava era perder tudo o que conquistou ao longo dos anos por uma simples notícia. Talvez isso explicasse os pensamentos que sobrevoaram sua cabeça durante os segundos em que encarava Adrienne. Seu empresário e amigo, que tanto o ajudou a subir na carreira, o diretor renomado com quem acabara de assinar contrato, sua mãe que sempre lhe apoiou em tudo, seu pai que provavelmente não acreditaria nas manchetes e o faria convencer a todos do contrário. Por mais que fossem idiotas, e que tivessem respostas ao nível, os pensamentos de Jack o perturbavam pelo receio de perder.

Não se via naquele momento um Jack apaixonante, calmo, sonhador e vibrante, a face do rapaz era de assombro, desespero, fracasso. Ele estava acuado e, sem saída, soltou o que de pior poderia falar naquele momento:

-Gay? Eu? -riu bem alto- Tá zoando comigo? -disse sentando-se na cadeira- Bom, eu namoro sim, mas lógico que não o Kevin. Mas elA não está aqui, por que teve compromisso com o trabalho delA.

-Ah, me desculpe, eu que sou uma intrometida. Mas é que o modo em que o Kevin olhava... bom, deixa pra lá. Me meti demais na vida de vocês. Peço mil desculpas. -respondia ela realmente envergonhada.

-Tudo bem -disse Jack se levantando-. Bom, tenho que ir agora. Kevin, acho que Adrienne vai treinar conosco, não é? Então defina nosso horário e depois nos falamos. Tchau pra vocês e espero que nos demos muito bem Adrienne.

-Tchau. -disse Kevin nitidamente abatido.

-Tchau e desculpa novamente -disse Adrienne de costas para Kevin e encarando seu parceiro de cena, atrapalhando a visão do ator, que tentava se redimir com os olhos. Sem ter o que fazer, Jack foi-se embora a lamentar seu primeiro erro.

Adrienne viu seu parceiro sumir no caminho para fora do ginásio e ainda sem graça olhou para seu tutor. A moça mudou a expressão quando viu o abatimento de Kevin. Realmente ela estava certa com o que havia visto a pouco. Existia sentimento ali, ao menos por parte de Kevin. O olhar fixo na poltrona da fila da frente, contudo vago, procurando explicações para o que estava sentido no momento denunciava suas emoções. Kevin estava triste, era fato. Mesmo tendo o conhecido a poucos mais de um dia, o patinador já sentia um certo aperto no peito quando o via, conversava, ensinava, brincava. Não era um flerte qualquer, não era um homem com quem Kevin passaria uma noite e depois nem teria contato, Jack era especial de tal forma que ele queria saber de sua vida, de sua carreira, de suas pretensões, o time que torcia, se costumava a ver filmes, coisas sem sentido, queria apenas ter um pouco de intimidade, estar perto, estar com ele.

Kevin não o tirava da cabeça nem quando treinava, depois que o viu no almoço, ele fazia de tudo para impressionar o seu espectador. Era cronometrado, um segundo e treze milésimos depois de terminar sua série, erguia seu pescoço e direcionava seu olhar ao único que o assistia. Depois de detectar o sorriso seguidos das palmas do jovem, ele voltava a concentrar-se em seu trabalho. Na noite anterior, enquanto estava em sua cama e mal conseguia pregar seus olhos, fechar seus lábios, e, impossível, esvaziar sua mente. Tudo que tinha em sua memória era o sorriso escancarado, frouxo, sincero e apaixonante de seu aluno. E foi assim que se seguiu pela noite, até ser vencido pelo cansaço de mais um dia de trabalho.

Agora Kevin tinha seu coração apertado. Contrário ao de quando o via, esse aperto lhe doía, tirava seu chão, machucava seu coração. Adrienne percebia o estado de seu mestre. Soltou com força o ar que estava preso em seus pulmões, lamentando o que havia pensado e com a compaixão que tinha, imaginando o que se passava, abraçou o patinador, tirando-o de seu transe. Kevin, assustado, por ter sido pego de surpresa, e com medo de a moça desconfiar o que se passava em sua mente, não conseguiu reagir. Adrienne se retirou de seus braços, quando notou o incômodo e se desculpou:

-Perdão pelo abraço, mas eu não consigo ver alguém triste em minha frente. Eita Adrienne, segunda mancada do dia se segura -disse olhando para o chão com as mãos entrelaçadas nas costas.

-Tudo bem, mas eu não estou triste -disse Kevin com um sorriso amarelo.

-Eu quem sou uma intrometida, isso não vai mais se repetir, prometo -disse sorrindo, esperando ser perdoada.

-Ei, tudo bem mesmo. Mas eu não estava triste, estava apenas tentando lembrar de minha série, às vezes voo pensando nisso -apertava uma mão à outra unindo as palmas de suas mãos.

-Que bom. Então, o Jack falou algo sobre horários. -ela falou tentando fugir do assunto.

Aquele nome fazia o coração do patinador pulsar mais forte, mesmo que fosse um assunto completamente diferente do anterior, que ele parecia ter contornado bem. Kevin tentou segurar sua expressão de simpatia para não demonstrar sua tristeza ao ouvir o nome de seu aluno e lembrou-se de algo um pouco importante que ia fazer.

-Podemos falar disso depois? É que eu estava a caminho do banheiro -deu uma risada de vergonha.

-Nossa, desculpa, vai lá.

Quanto mais se aproximava do banheiro, mais seu corpo tremia. Suas mãos estavam incontroláveis, seus batimentos cardíacos acelerados, seu corpo suava mesmo com a temperatura baixa dos ares-condicionados. Usou a privada e depois encarou-se na frente do espelho. Lavou sua mão e vou a apoiá-las na pia e a olhar no fundo seus olhos com raiva de estar sentido aquilo em tão pouco tempo. Aos poucos sua raiva foi dando lugar à tristeza e, marejados, seus olhos buscavam qualquer expressão em seu pálido rosto, abaixando- se e mirando a torneira. Juntou suas mãos outras vez e lavou seu rosto, evitando que a secura de seus olhos, prestes a chorar.

Com a cabeça encostada na parede, o ator se lamentava de seu erro. O segundos passavam e ele se desesperava em como havia acabado com tudo em tão pouco tempo. Num segundo ele estava frente a frente com o cara que não saía de sua cabeça de uma forma diferente das anteriores, com mais romantismo, se é que se pode falar assim, noutro estava complicando todo esse clima, os anteriores e, com certeza, o futuro. Jack não se conformava com sua falha e, se aprendeu algo de seus pais, era ser carinhoso, educado, humilde, honesto e saber quando está errado, esse era um momento.

Sem pensar em mais nada, Jack voltou a passos rápidos para o ginásio e passando sem que Adrienne notasse, foi ao banheiro mais perto de onde estavam. Pensou que ele pudesse estar no vestiário, mas viu sua mala de treino na pista. Seguiu seu instinto e entrou no toillet. Ver Kevin se encarando a frente do espelho tirou o ator da realidade outra vez. Era lindo. Estando molhado ainda mais. Podia ver uma gota caía da ponta dos cabelos do atleta daquela posição. Kevin estava concentrado demais em seus pensamentos olhando para baixo e nem via que o que mais queria estava a menos de dois metros de si.

-A cerveja ainda está de pé? -perguntou Jack sorrindo com os braços cruzados e olhando para o reflexo de seu professor no espelho.

Em Kevin brotou um sentimento de alegria. A lágrima que tentava escapar resolveu encolher-se e dar lugar a um belo sorriso em seu rosto, o mais lindo de todos para Jack. Seus braços estavam de volta a pia, mas sem fazer a força que antes fazia, sua cabeça elevava-se e olhava para a imagem que o espelho o fornecia. Jack havia voltado, e não havia sido nada de importante, apenas um chopp de terça. Mesmo sendo tão pouco, isso significava muito para o patinador e, ao mesmo tempo, nada. Porém, o que interessava é que teria a oportunidade estar mais um tempo com ele. Nada a menos do que queria.

-Se você estiver disposto...

-No seu hotel às nove?

-Combinado.

-Kevin...

-Sim! -disse animado, já virando-se de pronto para Jack.

-Quando a Adrienne... você sabe. Eu só quera dizer que não namoro e que... Bem, eu... Eu só não queria que ela espalhasse por aí que eu sou gay, sendo que eu não... Nada contra, muito pelo contrário... Ah, você entendeu? - enrolava-se todo, passando as mãos no cabelo, na testa, apoiando-as na cintura, mas sempre fitando o patinador.

-Tudo bem, entendi sim -dizia escorado na pia.

-Já deu pra notar que eu não sirvo pra escrever um texto não é? -abriu um sorriso.

-Mais ou menos -permitiu-se rir.

-Bom, eu já vou. Até às nove. -disse soltando o mais lindo dos sorrisos que pudera.

-Até. -retribuindo e vendo Jack sair.

O clima havia voltado ao normal outra vez. Jack, mesmo se enrolando, conseguiu se explicar para Kevin, descarregando o peso de suas costas. Kevin, antes machucado, agora não segurava o riso e os pensamentos de como sua noite mais uma vez terminaria bem. Estava explícito, mais que na cara, e Adrienne, perspicaz, notou. Sabia que para ele ter voltado tão feliz existia uma única razão. Com seus olhos de águia, confiscou o ginásio e viu um rapaz ao fundo, saindo de vagar e olhando para a direção deles. A mancada que ela dera não passava da verdade que estava estampada naqueles pombinhos. Ela não pensava em paixão, amor, mas, ao menos, um carinho, afeto, muito forte e recíproco os dois transmitiam. Para a atriz, era lindo, ela entendia o motivo de Jack ter mentido anteriormente, mas não se permitia não ser de confiança para eles.

-Que sorriso apaixonado e apaixonante. -descontraía ela.

-Não foi você quem disse que eu estava triste, agora pouco? -retrucou a brincadeira.

-Disse sim. -ele terminou de chegar perto dela- Quem dera se todas as vezes que eu fosse ao banheiro, voltasse feliz assim.

-Tem que ter sorte pelo menos uma vez, não é? -sorriu.

-Seu sorriso é lindo. A pessoa que o tiver pra ele terá muita sorte, se já não tem. -foi sincera nas palavras.

-Olha quem fala, a atriz que conquistou a confiança de Dom George B.. Vamos descer? -disse convidando-a para a pista.

-Uhum. -seguiu-o.

Os dois conversaram por alguns minutos sobre patinação e, diferente de Jack, Adrienne sabia bastante coisa sobre o esporte, debatia saltos, piruetas, tudo devido à prática do esporte alguns anos atrás no colegial. Kevin notava a motivação dela pelos exercícios e de certa forma se animava também, por estar falando do que mais ama em fazer na vida com alguém que entendia.

-Bem, você tem que treinar, então amanhã eu volto no horário combinado. Ah, já ia me esquecendo, eu falo com o Jack sobre a hora.

-Pode deixar que eu falo, a gente vai tomar um chopp.

-Ah sim -disse ela escondendo o sorriso.

-Quer ir também? -tentou consertar o erro.

-Eu adoraria, mas não posso. Fica pra uma próxima. -disse ela com um sorriso meigo, saindo. Por sua vez, Kevin voltou a treinar.

Eram oito e quarenta e oito da noite e Jack estava no saguão do prédio, a espera do único hóspede que chamava-lhe a atenção. Enquanto estava sentado na poltrona confortável do hotel, suas pernas mexiam-se impacientemente à espera de Kevin. Cinco minutos depois e o ator já estava de pé, bebendo um copo d'água do bebedouro. Dois minutos depois e encarava o elevador, escorado a uma pilastra com a mão direita escondida nas costas e a esquerda brincando com o copo. Um minuto meio depois e o copo estava no lixo, Jack olhava para o relógio e tirava as besteiras de sua cabeça. Deu certo, até os quinze minutos após o horário combinado. O moço estava flito com a demora do patinador. Será que ele tinha dormido? Será que algo havia acontecido? Será que Kevin estava dando um fora nele? Será que ele era hétero e havia percebido o interesse de Jack?

Jack não estava em um de seus filmes, onde a amada demorava, mas aparecia reluzente e graciosa pelo elevador, completamente apaixonada pelo mocinho, que no caso era ele. Kevin não apareceria com a calça jeans escura manchada,a blusa de frio verde com detalhe no peito, o calçado marrom com os cadarços enfiados dentro, a touca e a luva pretas para proteger-se do frio, e o sorriso angelical que sempre distribuía por onde passava. Não poderia exibir seu corpo na malha fina de sua blusa de manga branca, calça também jeans, mas clara, tênis esportivo preto, seu inseparável relógio e o cordão que sua avó o dera quando moço.

Jack aproximou-se da bancada e perguntou pelo atleta, ser famoso nesse momento era de grande ajuda. Descobriu o que temia: Kevin não desceria. As dúvidas pairavam sua cabeça e seu olhar de alegria e tensão por vê-lo, transformaram-se em medo e decepção. Por que ele tinha feito aquilo? Saiu do prédio e nem o avisou. Por que ele não desmarcou? Será que ele tinha feito algo de errado? Por que o vácuo, se horas atrás estavam bem e sorrindo? Aquele sorriso não era falso. Algo aconteceu.

Jack estava em seu carro, quando viu seu celular tocar. Era seu empresário Stanley. Devia querer falar de mais trabalho e dinheiro e ele não tinha cabeça para aquilo no momento. Ignorou. Foi pra casa e viu que seu celular havia recebido várias ligações de Stanley e o deixou de lado. Sentou-se na cama e pôs a mão sobre a cabeça. O que estaria acontecendo? Deitou-se na cama e pensou em mil e uma possibilidades do que havia acontecido. Kevin havia fugido dele, era fato. Jack pôs-se a pensar e decidiu ser como antes, frio. Afinal de contas, nunca teve nada com o patinador, por que estava exigindo qualquer coisa? Tentou dormir e novamente congelar seu coração, mas era difícil. A todo instante seus pensamentos se voltavam ao sorriso e ao carinho que o atleta demonstrava todo o tempo. A perfeição de seu trabalho, sua música, a atenção que ele tinha com cada movimento. Ser apenas um colega de trabalho de Kevin seria mais difícil que o próprio papel que iria encarnar.

No outro dia, meio desanimado, Jack foi ao ginásio no horário do dia anterior, pela manhã. Ninguém havia falado-lhe a hora, então, teve que supor. Tratou de animar-se e pensar unicamente em seu trabalho, essa era sua chance, não poderia perdê-la. Chegando ao local, não avistou ninguém na pista reservada para eles. Perguntou ao segurança se alguém aparecera por ali, mas não obteve a resposta desejada. Resolveu ligar para Stanley, a fim de saber algo, uma vez que era o único com quem tinha contato.

-Stan, aconteceu algo? Vim aqui pro ginásio e não vi ninguém.

-Se vossa alteza atendesse o telefone ao invés de ficar passeando com as moas da cidade, saberia o que houve.

-O que aconteceu?

-A gente já pode ir pro local das gravações e treinar por lá. O Kevin não vai mais treinar aí. Talvez nem seja mais o professor.

O coração de Jack se apertou. Não houve qualquer reação do rapaz pelos dez segundos que se seguiram, apenas ficou estático, com o celular ainda no ouvido, sem entender o que estava acontecendo. Por que Kevin saiu? Será que por sua culpa? O que estava acontecendo? Por que se importava tanto? Onde Kevin estava?

-Mas por quê? -disse afoito.

-O Kevin teve problemas na família.

-O que foi?

-O que isso importa?

-Fala logo Stan.

- O pai do Kevin faleceu ontem à tarde e ele foi pra lá, já até recomendou outro professor ao George.

-O que? Como assim?

-Jj, vamos concentrar no papel, ok? Você tem três dias de folga e depois treino, treino, treino.

-3 dias?

-Sim, por quê? Não. Não. Não. Não. Você não vai fazer isso.

-Até mais Stan.

Jack rumou em direção ao aeroporto, sem nem ter pegado suas roupas. Dirigiu-se ao guichê e refletiu. Não sabia onde Kevin morava. Ligou para Stan outra vez, que dessa vez recusou a chamada. Na terceira, o empresário atendeu.

-Não vou falar.

-Porra Stan, o cara tá mal. Fala a desgraça do endereço agora.

-Por acaso você vai lá pra quê? Vai consolar ele como se fosse uma menininha? Liga pra ele daqui.

-Stan.

-Não tem motivo de você fazer uma loucura dessas, a menos que...

-Stan, o endereço, por favor.

-Jack, você não fez isso, fez?

-Stan, eu falo depois, só me passa o endereço.

-Amigo, isso é arriscado, sabe que nunca me importei, mas você... Jack.

-Stan, por favor!

-Ok. Só toma cuidado.

Jack só queria poder se desculpar pelo que pensou de Kevin. Jack queria dar apoio a Kevin. Jack queria estar com Kevin. Ele só pensou nisso toda a viagem. Desembarcou no aeroporto e tomou um táxi para o lugar em que Stan havia informado. Desceu em uma rua pacata e caminhou até uma casa modesta amarela, com telhado colonial, um cercadinho, varanda composta de uma cadeira de balanço e uma rede, porta de madeira simples e sem campainha. Ele adentrou o local e bateu na porta. Mais uma vez e seu coração já se enchia de ansiedade. Outra vez e Jack imaginava o sofrimento de Kevin, torturando a si mesmo naquele momento. Outra vez e a porta se abriu. Ele estava lindo, não estava sorridente, pelo contrário, pálido, mas não conseguia deixar de ser lindo. Algumas olheiras rondavam seu rosto, que encaravam o chão por vergonha de chorar. Seu cabelo estava bagunçado, sem vida. Seu queixo tremia ao lembrar de seu pai. Seu nariz se apertava. Seus olhos se enchiam. A lágrima voltava a cair. Jack não resistiu à cena e, erguendo o seu rosto, enxugou sua lágrima e fez o que enfrentou horas de viagem desejando, abraçou-o o mais forte que podia.

-Eu estou aqui. Pra tudo, viu?_--

Desculpem os erros kkkk. Continuo?


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Comentários

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conto perfeito e delicioso de ler.voce cada dia me faz ter orgulho de ter um amigo como voce.!! gostei muito da atitude do jake em ir consolar o kelvin isso mostra que ele esta muito interessado nele .beijo seu lindo

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É raro encontrarmos contos como o seu hoje em dia na CDC! Li seus capítulos em questão de poucos minutos e fiquei tipo: "Cadê a continuação?! Meu Deus! Que delícia de conto!" Por favor, não pare de postar! Seu conto é incrível!

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Encantador, intenso e apaixonante. Continua sim. Parabéns

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