Fé e Desejo... A história de um amor impossível - PARTE I

Um conto erótico de Nando Mota
Categoria: Homossexual
Contém 1430 palavras
Data: 21/03/2015 01:56:43
Última revisão: 23/03/2015 02:00:40

Lembro que estava no meu escritório particular no lado Leste da Grande Basílica quando bateram a minha porta e pacientemente me levantei para poder abri-la.

O rosto sério por conta dos óculos de aros dourados que ele, um jovem Padre que devia ter no máximo 23 anos de idade usava, não me deixou nenhuma pista do que possivelmente o querido Padre Manfredo tinha a me dizer...

_ Monsenhor Avelar... E curvou-se para beijar minha mão enquanto voltava a falar comigo... D. Gregório de Lucena e Brás deseja lhe falar pessoalmente e o mais rapidamente possível... Me foi dito que nada mais poderei lhe dizer, por favor acompanhe-me.

Padre Manfredo partiu tal qual um raio pelo corredor e não me deixou nenhuma outra alternativa a não ser segui-lo porta afora. Subimos e descemos várias escadas... Após uns vinte minutos nessa verdadeira corrida pelos corredores do Vaticano finalmente paramos em frente às portas dos aposentos de sua Eminência, Cardeal Arcebispo Gregório de Lucena e Brás.

_ Aqui termina os meus passos Monsenhor. Ele o espera. Após me prestar mais uma vez reverências e beijar o anel que tinha no dedo anelar da mão direita, bati três vezes na porta de carvalho avermelhada...

_ Seja bem vindo... Voltar a ouvir a voz possante do homem que há vinte anos havia me escolhido para acompanhá-lo até Roma me fez de certo modo tremer um pouco.

_ Com sua licença Eminência... E ao me aproximar já fui me ajoelhando a seus pés e com o mais profundo respeito beijei-lhe o magnífico rubi... Quer falar comigo, Eminência?

_ Sim meu caro, por isso que te mandei chamar... Quero ser o primeiro a te dar as boas novas. Antes eu preciso que me respondas uma simples pergunta... Já me perdoaste pelo que te fiz? E seus ternos olhos me fitaram intensamente talvez por querer gravar em suas retinas o dilatar de minhas pupilas ou por querer ter certeza de que ainda o odiava pelo que me fez.

Quando já me sentia preparado para responder sua pergunta, ele me segurou pelos ombros e me levantou. Era um homem ainda alto apesar de já se notar uma leve curvatura de seus ombros. Acredito que ter 72 anos de idade não mais nos deixava tão eretos como em nossa juventude. Ele então disse enquanto se dirigia ao aparador que estava repleto de guloseimas...

_ Sente-se meu caro Monsenhor Avelar. Aceita um chá? Café? Suco? Nem mesmo sei porque faço essas perguntas tolas, por favor sirva-se do que achar mais apropriado e sem mais demora apenas me responda...

Caminhei lentamente até o aparador e me servi de um pedaço de bolo de chocolate e uma xícara de café preto com creme e dois torrões de açúcar... Quando me virei ele já estava sentado em sua cadeira e me olhava com aqueles mesmos olhos indagadores com que sempre me olhou. Sentei-me na única cadeira vazia e após comer um bom pedaço do bolo e beber dois goles de café lhe disse...

_ Eminência, eu...

_ Não tente me enganar com essa sua educação esmerada meu jovem. Títulos e pronomes não conseguirão mascarar o tom de sua voz para comigo. Sou ou não digno do teu perdão?

_ Se o senhor me der um momento, apenas um mísero momento, tenho certeza que conseguirei lhe dar a resposta que deseja ouvir de mimNasci e cresci na pequena cidade de Porto dos Gonçalves e era o terceiro filho de um pobre agricultor cujo pai havia perdido tudo o que tinha nas intermináveis secas que assolavam o interior do Nordeste do Brasil, bem como pela péssima administração que meu avô fazia em suas terras.

Meu pai de herdeiro e milionário, acabou sendo contratado como mais um dos empregados da grande fazenda que um dia fora de seu pai e avô. Os meus tios sumiram pelo mundo após a morte de meus avós e nenhuma notícia sobre eles jamais chegou em nossa casa.

Papai era um homem que ainda tinha muita determinação e um grande orgulho de trabalhar nas terras que um dia seriam suas por direito até que a realidade lhe mostrou de maneira cruel que a vida dá voltas e mais voltas.

Aos 10 anos de idade fiquei órfão de pai e mãe que morreram num acidente de caminhão quando voltavam de uma romaria que fizeram a cidade de Juazeiro do Norte lá no Ceará. Aos 12 anos de idade fui levado pelo Padre da cidade ao orfanato que era mantido pela Igreja Matriz de Nossa Senhora do Livramento enquanto meu irmão mais velho foi tentar a carreira Militar em algum lugar desse Brasil e minha irmã foi morar com sua madrinha na distante São Paulo... Nunca mais os vi.

Sempre me destaquei nos estudos e por ser o mais velho da turma era sempre apontado como o modelo a ser seguido por todos os garotos e garotas do lugar. Foram tempos difíceis mas devo lhes dizer que fora também os melhores de minha vida.

Aos 17 anos de idade Monsenhor Sarmento, o diretor do Orfanato, me chamou um dia a sua sala e disse:

_ Já pensaste em seguir o sacerdócio?

Lembro que respondi sem medo e com muita convicção...

_ Penso nisso todos os dias.

_ Haverá duas vagas este ano aqui pra cidade e estou inclinado a te indicar para uma delas... Aceitarias?

_ Sim Monsenhor Sarmento.

Passei vários dias em completa angustia e antes do final do último mês do ano, Monsenhor Sarmento mandou que me aprontasse que no dia seguinte ao natal viajaria em sua companhia para o seminário do Crato, interior do ceará.

Foram dez anos de muito estudo, preparação e dedicação. A vida sacerdotal estava em mim e me dominava de uma maneira que até hoje sinto o sangue ferver de puro contentamento por fazer parte da Igreja Católica Apostólica Romana.

Com 27 anos e já ordenado Padre Avelar, terminei o curso de Teologia na Pontifícia Universidade Católica no Rio de Janeiro e me candidatei três anos depois ao Mestrado em teologia. Foi no último ano do Mestrado que vim a conhecer o Bispo Gregório de Lucena e Brás...

_ Bom dia Excelência... E prestei as devidas reverências a esse homem que de imediato ganhou minha afeição e respeito... Mandou chamar-me?

_ Sim Padre Avelar. Há anos que venho acompanhando os seus passos e muito me agrada a sua caminhada até o dia de hoje. Acabo de ser nomeado Arcebispo de Diamantina e devo ir ter com Sua Santidade para a Celebração e Ordenação. Terei que levar comigo um secretário particular e mandei chamá-lo para lhe fazer o convite. Você aceitaria o posto e me acompanharia até Roma?

Viajamos no início do ano. Quando voltamos me tornei seu Secretário particular e Vigário em uma das paróquias mais pobres da cidade.

Chegava a trabalhar por quase quinze horas diárias. Após três anos de intensa dedicação, me foram concedidas férias no mesmo mês das férias escolares e viajei para o litoral sul da Bahia. O lugar era simplesmente lindo e logo após me registrar numa pequena pousada no começo da tarde daquele meu primeiro dia no Paraíso fui andar pela praia... Trajava apenas um calção que muito lembrava uma bermuda esportiva, chinelos de dedo, levava no ombro esquerdo uma toalha da pousada e uma vontade louca de andar por um determinado tempo e depois mergulhar no verde daquele belo mar.

Estava de costas para a praia e o belo coqueiral quando ouço alguma coisa cair na água. Com o susto me voltei automaticamente e nada percebi. Comecei a voltar para a margem quando me deparo com a figura de um homem por baixo da água transparente nadando em minha direção. Ele vem à tona e ao me ver diz já com um belo sorriso nos lábios:

_ Olha cara me desculpa se te assustei. Tava muito quente e eu já estava andando pela praia há um bom tempo... Me chamo Lucas Brandão, prazer... E o total estranho me estendeu sua mão esquerda.

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Querido Povo do Lado Esquerdo,

Obrigado pelo apoio que sempre me deram e dão, toda vez que volto a trilhar essa estrada que no início sempre nos é desconhecida e que rapidamente se faz segura e fácil de trilhar.

Devo muito a cada um de vocês que sempre me fazem querer expor com esmero e dedicação o melhor de meus pensamentos e ideias...

Que os encontre no caminho cheios de alegrias, sorrisos e claro, opiniões.

Fé é a certeza daquilo que esperamos e a prova das coisas que não vemos... Concordam?

Beijos e Abraços... Nando Mota.


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Comentários

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Muito bom Nandão. Desculpa não ter lido antes.

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Muito interesante este começo. Imagino os dilemas que acontecerão e os questionamentos a respeito da fé. A tua transcrição das palavras do apóstolo Paulo aos Hebreus é muito apropriada a este início de conto. Um beijo carinhoso,

Plutão

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Hmm padreco é!? Hehe me fez lembrar de coisas (isso msm putaria&sacanagens) ah, e com fiz, beeem, debaixo da batina hmmm...eu tenho o número é só eu ligar que..... hehehehehe

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Querido mais um sucesso. Ótimo! É um prazer lê um conto escrito por você. Felicidades, paz e muita saúde pra você! Abraço!

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Nando Mota gostei da proposta, como sempre você me cativa no primeiro capitulo, é um prazer ler o que você escreve!

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Expectativas de uma grande história vindo por aí. Tema bastante polêmico. Senti sua falta Nandinho. Abraço meu querido.

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Uma otima historia vindo por ai.Abracos man

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Já estava com uma saudade imensa amigo. O dia sempre fica melhor com sua presença. A estória promete, ainda mais com a polêmica da religião. Já estou adorando. Bjos lindão e um ótimo final de semana!!

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Voce nao vai fazer isso vc ta louco,eu sou catolico e pelo que li voces esta nos afrontando ai ja e demais

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NANDÃO Benvindo esse sucesso é pra mexer bem lá fundo nos católicos. Beijão

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Que bom ter retornado, você fez muita falta nesses últimos dias.

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Bom dia meu querido.. que bom que voltou! Saudades de você!!!Já gostei do início da história, coisa proibidas são sempre mais gostosas rsrsrsrs.. Bjos seu lindo,e tenha um ótimo fim de semana!!!

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Nando meu amado, estava sentindo sdds, gostei do início e ansiosa para mergulhar nas memórias do então jovem Pe. Avelar, que na idade madura viverá os dilemas entre religião e amor. Um cheiro e um beijo da sua sempre Mama Rose.

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