Cap.3
MINUTOS DEPOIS
Estávamos chegando em Washington. O cenário não era muito diferente de Chicago, a diferença era que as coisas estavam de pé. Descemos no aeroporto, ele estava completamente vazio, apenas aviões ali estavam, todos tinham fugido. Desligamos os motores, eu ainda estava ligeiramente assustado.
- Você fica aqui, atento, qualquer coisa me avisa por esse telefone- foi ali que eu percebi que ele já havia se preparado- eu não vou demorar, o escritório do meu pai é aqui perto. Fique atento
- Você vai me deixar aqui sozinho ?- eu estava com muito medo.
- Deixa de ser medroso ! Além disso, eu volto logo- vi ele sair correndo e pegar em seguida um carro do aeroporto. Eu estava com muito, medo, tremendo, sem saber o que viria a seguir, se viveria, ou se restaria sobreviventes dessa catástrofe mundial. Meu peito ainda doía, havia perdido minha mãe. Me sentei na beira da porta, e continuei esperando. Fiquei pensando, e revendo a cena da morte dela diversas vezes na minha cabeça. Cada vez que lembrava, meu coração acelerava. Lagrimei.
- Eu tenho que ser forte, agora é apenas eu, sem família- Chris estava demorando, e isso estava começando a me preocupar. Logo liguei pra ele. Chamou, chamou, chamou e enfim ele atendeu- Chris.
- Aconteceu alguma coisa ?
- Não, é que você está demorando.
- Desculpa, eu já estou chegando, acabei de pegar um mapa. Faz o seguinte, pega toda e qualquer comida que tiver nesse avião e sai dele. Nós teremos que ir pra África.
- África ?
- É, África. O mapa que eu achei aponta que devemos ir pra África do Sul, é lá que eles fizeram a nave. E pra chegar lá, a gente vai precisar de um avião ainda maior.
- Meu deus, nós somos dois adolescentes ainda...- pensava eu, sozinho.
- É, mas eu não quero morrer, creio que nem você, portanto é nossa última chance. Vamos pegar um avião maior, e tentar chegar lá.
- Ok- peguei todas as comidas e bebidas que achei numa bolsa, e sai. Logo ele apareceu.
- Nathan, vamos. Ouvi que um vulcão entrou em erupção, logo os tremores chegarão aqui- olhamos ao redor, e vimos três aviões enormes
- Qual ?
- Aquele- ele apontou pra um avião que eu já havia viajado muitas vezes, o BoeingCara, como nós dois vamos tirar um 777 do chão e chegar na África ilesos ? É surreal demais isso.
- Ué, nós tiramos um jatinho do chão, não deve ser muito difícil- de repente, ouvimos um estrondo. Olhei pra longe, e vi os prédios de trás do aeroporto começarem a desabar. Logo tudo começou a tremer- vamos logo !- começamos a correr em direção ao avião, que por milagre estava com uma escada já colocada na porta. Corremos pra dentro e logo fechamos a porta. Ligamos o avião e rapidamente fomos em direção a pista. Tudo estava acontecendo tão depressa que eu nem estava conseguindo raciocinar direito. Duas horas atrás, eu era um adolescente normal, e agora estava tendo que pilotar um dos maiores aviões do mundo- se prepara- vi o muro do aeroporto desabar.
- Anda logo- ele acelerou e lá fomos nós, correndo por aquela pista. O avião era enorme e tínhamos que esperar um tempo até decolar. Vi as rachaduras aproximarem- vai, decola !- gritei, sentindo o avião sair do chão em seguida. Sorri, como um alívio.
- Meu deus, eu não acredito que estou fazendo isso- falou ele, em seguida fazendo uma curva.
- Você tem certeza que é pra essa direção ?
- Sim, já conferi
TEMPO DEPOIS
Estávamos a todo vapor, o motor estava cheio o suficiente pra chegarmos lá, e voavamos bem alto.
- Quem foi que te ensinou a pilotar aviões ?- perguntava eu, ainda boquiaberto.
- Eu aprendi no simulador. É bem parecido com o avião real- minha barriga roncou.
- Estou com fome- falei, olhando pra ele.
- Estão vamos comer !- falou, saindo da cadeira.
- E quem vai pilotar ?
- O piloto automático. Pega lá os trecos e vamos ver o que tem pra comer- peguei a bolsa e logo abrimos. Eu nem tinha visto o que tinha, afinal só tinha jogado tudo lá dentro e saído. Abrimos a bolsa, e lá tinham diversas coisas. Sucos, refrigerantes, bolinhos, biscoitos, e algumas comidas em embalagens, todas prontas. Tudo parecia delicioso.
TEMPO DEPOIS
Enfim tinha conseguido saciar minha fome. Me sentei novamente na cadeira do co-piloto e fiquei observando a escuridão da noite.
- Está tudo bem com você ?- olhei pra ele, e vi que ele queria conversar.
- Não- olhei no fundo de seus olhos- provavelmente toda minha família está morta, e tudo o que eu conhecia e achava legal no mundo foi engolido por essa catástrofe, definitivamente, não está nada bem- fiquei pensando em algumas coisas, e logo algo veio em minha cabeça- Porque voce me trouxe nesse plano de fuga ? Afinal eu acho que sou um estorvo pra você nessa tentativa de escapar.
- Ué, você era meu vizinho. Além disso você era uma das poucas pessoas que eu conhecia, e eu não podia te deixar ali naquele estado.
- Hum
NARRADO POR CHRIS
A realidade é que muitas vezes eu tinha prestado atenção nele. Não tinha como evitar, aqueles olhos cor de mar eram hipnotizantes. Ele tinha um rosto infantil, e ao meu tempo másculo, era perfeito. E além disso, tinha um corpo lindo e bem invejável. Admirava por horas quando estávamos nadando. É, me sentia atraído por Nathan. E isso só comprovava que eu sou bi. Me desesperei quando vi ele caindo naquele buraco, e meu coração acelerou quando senti o seu abraço. Olhei pra ele, e vi que ele estava dormindo. Sorri. Acariciei levemente o rosto dele.
- Aqui eu faço um pacto entre nós- falei, pegando na mão dele- Não deixarei nunca nem você e nem eu morrer, farei de tudo pra que consigamos escapar. É minha razão de vida a partir de hoje. Apenas ficaremos bem se estivermos juntos. Cuidarei de você por toda a sua família.
NARRADO POR NATHAN
Eu escutei tudo.
- Farei o mesmo por você
Continua
Gostaram ?????