O Edu puxou o Carlos de cima de mim e o jogou no chão. Ele nos olhava como se tivesse saído de um transe.
Eu - Tira ele da minha frente, Edu. Leva esse bêbado para o meu quarto e de um banho de água gelada.
O Edu sem questionar levou o Carlos para cima. Eu fui até a cozinha para fazer um café forte para ele. Aquele homem que havia entrado na minha casa e tentado me agarrar não era o Carlos que eu conhecia, era uma pessoa completamente diferente daquela que um dia eu supri um forte sentimento. Senti raiva pela sua atitude, mas não a ponto de odiá-lo. Ele estava sofrendo e eu me sentia culpado pelo seu sofrimento. Aqueles pensamentos não saiam da minha cabeça enquanto a cafeteira terminava de fazer o café. Quando cheguei ao quarto o Carlos estava sentado na cama enquanto o Edu secava seus cabelos. Aquela cena parecia de um pai cuidando do seu filho.
Eu - Como ele está?
Edu - Está melhor, mas ainda bastante bêbado.
Carlos - Me desculpa!
Aquelas palavras saíram quase inaudíveis, mas senti sinceridade nelas.
Eu - Sem problemas, Carlos. Toma esse café aqui, vai te ajudar a se recuperar.
Edu - O que vai fazer com ele?
Eu - Ele vai dormir aqui no meu quarto enquanto eu durmo no de hóspedes. Só preciso ligar para Felipe e contar o que está acontecendo.
Edu - Vai lá!
Eu sabia que o Lipe não iria gostar nada desta história, mas eu não iria esconder isso dele. Disquei o seu número certo do que iria fazer, mas era inevitável sentir certo receio. Tocou algumas vezes até uma voz de sono atender.
Lipe - Amor? Aconteceu alguma coisa?
Eu - Aconteceu! Antes de te contar quero que saiba que eu não tive culpa.
Lipe - Você está me assustando, Fernando.
Me assustei por ele ter me chamado de Fernando, isso era raro de acontecer.
Eu - Acho melhor esperar você chegar.
Lipe - Você me acorda para dizer que aconteceu alguma e agora não quer contar mais?!
Eu - Desculpa, meu amor.
Respirei fundo e contei, não escondi nenhum detalhe. O Lipe ouvia tudo em silêncio do outro lado, cheguei a pensar que a ligação havia caído.
Eu - Lipe!
Lipe - Ele vai dormir ai?
Eu - Ele está muito bêbado, não posso jogá-lo na rua.
Lipe - O cara tentou te agarrar a força. Eu vou quebrar a cara dele quando chegar.
Eu - Não se preocupe, pois vou pedir para o Edu dormir aqui. O que ele fez foi por causa da bebida, eu conheço o Carlos e sei que ele jamais faria isso.
Lipe - Deixa eu falar com o Edu.
Eu - Não precisa disso, Lipe.
Lipe - Fernando! Me deixa falar com o Eduardo.
Seu tom de voz era de ordem. Como não queria contrariá-lo levei o telefone até o Edu que estava terminando de ajeitar o Carlos na cama.
Eu - Você dorme aqui? Não quero jogar ele na rua, mas também não quero ficar sozinho.
Edu - Claro! Só vou ligar para Letícia e avisar.
Eu - Obrigado, Edu. O Lipe quer falar com você.
Entreguei o telefone para ele e os dois começaram a conversar. Não conseguir ouvir, pois o Edu foi para sala creio eu que a pedido do Lipe. Minutos depois ele subiu e me entregou o telefone.
Edu - Ele quer falar com você.
Peguei de sua mão e atendi.
Lipe - Não quero saber que esse homem tentou tocar em você de novo, caso contrário vou acabar com a raça dele. O Edu vai levá-lo assim que acordar.
Eu - Ok!
Ele suspirou do outro lado como que sentindo certo alívio.
Lipe - Eu só quero proteger você. Não estou chateado com você e sim com a situação.
Eu - Eu sei, Lipe.
Lipe - Devo chegar amanhã à tarde.
Eu - Mas você só viria daqui a dois dias.
Lipe - Estou com saudades de você e do João, sem falar nessa presepada que o Carlos aprontou. Não está feliz?
Eu - Claro que estou. Só não quero que deixe seu trabalho por uma bobagem dessas.
Lipe - Tudo que diz respeito a você não é bobagem. Já terminei o que tinha pra fazer aqui.
Eu - Vou te buscar no aeroporto então. Beijos meu amor.
Lipe - Te amo!
Nos despedimos e ele voltou a dormir. Encontrei o Edu na sala assistindo TV todo jogado no sofá.
Eu - Folgado é pouco pra você.
Edu - Folgado uma ova. Você me tirou do conforto do meu lar, agora me aguente.
Eu - Obrigado pela ajuda.
Edu - Somos amigos e amigos são para essas coisas, mas depois você vai ter que se entender com a Letícia.
Eu - Vou comprar um presente para ela, assim não vai se zangar.
Ficamos conversando mais um pouco até cada um seguir para o seu quarto. O Edu ficou no quarto de hóspedes e eu fui para o quarto do João, puxei um colchão debaixo de sua cama e assim que deitei peguei no sono. No meio da noite ele viu que eu dormia no seu quarto e aproveitou para deitar comigo. Isso me lembrava das vezes que ele vinha dormir junto comigo e o Antônio.
Na manhã seguinte acordei com dores no corpo, não estava acostumado a carregar peso e o Carlos era bem pesado. O João já estava acordado e assistia desenho.
Eu - Bom dia, filho.
João - Bom dia, pai. O seu amigo já foi embora.
Eu - O Edu?
João - O outro.
Me senti aliviado ao ouvir aquilo, mas teria que explicar para o João o que ocorreu, claro que ocultando a parte que fui agarrado. Quando ia em direção ao meu quarto me deparo com o Edu saindo do quarto de hóspedes.
Eu - Você não deveria ter levado o Carlos?
Edu - Bom dia pra você também. Eu vou levá-lo.
Eu - Ele já foi.
Edu - Como assim?
Eu - O João me disse que ele saiu mais cedo.
Edu - Menos mal. Tem alguma coisa para comer?
Eu - Vamos que eu vou fazer o café.
O Edu tomou o café e logo saiu, dei o dia de folga como forma de agradecimento pela sua grande ajuda. Levei o João para escola e corri para agência. Trabalhei intensamente aquele dia até a hora de ir buscar o Lipe no aeroporto, estava ansioso para vê-lo e abraçá-lo. Quando estava arrumando minhas coisas para sair tive uma desagradável visita.
Carlos - Podemos conversar?
A vergonha em seu rosto era nítida.
Eu - Não temos o que conversar. Estou de saída para buscar o Lipe no aeroporto e se você tem amor a sua vida, não cruze com ele.
Carlos - Você contou?
Eu - Claro! Ele é o meu namorado.
Carlos - Não me orgulho do que fiz, você sabe que nunca lhe causaria mal algum.
Eu - Eu sei, Carlos.
Carlos - Quero pedir desculpa pelo meu comportamento e...
Eu - Fala logo!
Carlos - E dizer que não vou desistir de você.
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Oi pessoal!
Vou ser bem econômico nas palavas hoje, mas não quer dizer que sou menos grato. Serei eternamente agradecido pelo carinho que sempre recebi de vcs. Semana que vem eu compenso os agradecimentos individuais. Bjos e abçs!