Aqui estou para mais uma publicação. Seria tão bom dizer que o Rafael lembrou do Lucas e o Lucas do Rafael, mas quem já leu todos os meus contos sabe que o jogo é muito ais complexo, a história não se baseia unicamente no Lucas e no Rafael, ainda que estas sejam as personagens que estão no centro da trama. Prestem atenção nos detalhes, eles são muito importantes para entender o universo do Rafael. Sem mais delongas, ao conto!
Parte 15
Rafael – hei, Alicia – ele acenou para o par de olhos.
Estava muito escuro, mas eu acabei distinguido a forma de uma garota, a mesma que o acompanhava de manhã.
Alicia – Rafael! Estou te procurado á horas, o que você estava fazendo?
Rafael – não que deva satisfação da minha vida intima para alguém. Estava aqui com meu amigo Lucas.
Alicia – Lucas?
Ela claramente parecia não me notar, como se eu não estivesse lá. Claro, estava escuro, porém dava para perceber as formas.
Alicia – ah! Esse garoto... Amigo?
Rafael – Depois nós nos falamos Alicia – ele disse num tom forte e definitivo, se eu fosse a Alicia ficaria com medo.
Alicia – você nunca falou comigo assim...
Rafael – só vá e me deixe. Assim que eu estiver desocupado nos falamos.
Alicia – tudo bem... Eu acho.
Ela foi embora pelo mesmo lugar que veio, eu fiquei preocupado, pois estava esperando que ele gritasse comigo também. Felizmente isso não aconteceu. Nós brincamos mais um pouco.
Rafael – desculpe, eu não queria que ninguém nos interrompesse – ele falou bem perto de mim com um sorriso maravilhoso.
Lucas – eu que tenho que pedir desculpas, estou ocupando seu tempo – falei olhando para o outro lado. Milagrosamente eu já lembrava de como nadar, então voltei para a grama para pegar minhas coisas, o Rafael veio logo ao meu lado.
Rafael – Meu tempo? Nós somos amigos não somos?
Eu – somos?
Rafael – é claro que sim, fui com a sua cara no primeiro instante que te vi.
Eu – legal, também gostei de você.
Nesse momento meu estomago fez um barulho forte. E o Rafael caiu na gargalhada. Eu também achei graça.
Rafael – vamos comer alguma coisa.
Eu – vamos.
Pegamos nossas coisas e fomos para a parte da frente da casa onde uma lareira imensa já estava quase se apagando. Não havia ninguém por lá. Isso só podia querer dizer que já era tarde e não tinha mais comida.
Eu – Perdemos o jantar? – minha barriga deu outro ronco – quanto tempo nós passamos lá?
Rafael – considerando o fim do jantar as dez... É, passamos muitas horas.
Alicia – já passa da meia noite, só caso vocês queiram saber.
Eu – foi bom estar com você Rafael, mas acho que é melhor eu voltar para minha barraca – minha barriga roncou novamente, constrangedor. Rafael segurou minha mão antes que eu pudesse me afastar.
Rafael – primeiro vamos achar alguma coisa para comermos, eu vou invadir a cozinha e pegar comida.
Alicia – não será preciso – ela levantou uma cesta de vime. O cheiro era bom quando ela abriu revelando algumas coisas.
Alicia olhou para minha mão que ainda segurava a mão do Rafael, eu sinceramente não havia percebido e soltei rapidamente. Ela suspirou e todos nós sentamos em uma mesa que ficava perto da fogueira que queimava fracamente no circulo de pedras. Alicia olhava para mim como se estivesse ponderando de que forma ela poderia fazer eu desaparecer. Provavelmente ela estava enciumada, pois o Rafael, sentado ao meu lado não desviava os olhos de mim. Foi um jantar engraçado, finalmente o Rafael me levou até minha barraca depois a Alicia o puxou para irem para as suas.
O Timóteo estava dormindo, então eu só coloquei uma roupa limpa e também desabei no meu saco de dormir. Não tive sonho nem pesadelo. Foi uma noite bem tranquila.
Timos – Lucas acorda! Acorda! – ele falava me balançando.
Lucas – me deixa dormir mais um pouco.
Timos – você já dormiu de mais, já são nove da manhã.
Lucas – o quê? – falei ainda meio grogue
Levantei esfregando os olhos. O sono passou rápido, eu estava... Bem, havia tido uma noite de repouso ótima. Assim que o Timos me disse o horário fiquei triste, pois perdi o café e eu tinha esperança de encontrar o Rafael lá para que possamos conversar um pouco.
Timos – eu quero que você me conte o que aconteceu ontem à noite, porque eu te procurei em toda parte e não achei. Até a Ana tava preocupadíssima por você ter faltado ao encontro.
Ana... Ah! Eu esqueci completamente, teria que me desculpar assim que a visse.
Timos – aqui, pegue eu guardei algumas coisas para você, só acho que o café está frio.
Ele, então, me deu algumas coisas. Um copo de café com leite, uma maçã, uma fatia de bolo de chocolate, e um pãozinho. Eu sentei e comecei a comer, ele esperou até que eu acabasse para obter as respostas.
Timos – e então?
Eu – eu procurei o Rafael, quase não o encontro. Fiquei a noite inteira com ele.
Timos – ele não te machucou nem te ameaçou? – falou com uma cara de quem está desconfiado.
Eu – não! Ele é bem legal, até me deu o óculos de presente.
Timos – não sei não, eu procurei saber com a Carol e o namorado dela, Alex, e eles me disseram coisas horríveis do Rafael e que era melhor eu manter distancia.
Eu – devem ser exageros ou mentiras, o Rafael é divertido e simpático, não ele não fez nada de mais.
Timos – mesmo assim, se afaste.
Eu – ...
Não havia como me afastar do Rafael, ele era um amigo excepcional e provou isso no restante dos dias do acampamento. Nós voltamos a nadar, durante o dia dessa vez, ele me livrou de uma ou duas brigas com garotos encrenqueiros de outra escola. Ele sabia tocar flauta e recitar poesia, algo raro. Bem, não sai quase nem um momento do lado dele. Quem não gostou foi a Ana, mas eu a convenci que quando voltássemos para a cidade tudo voltaria ao normal.
Conforme os dias foram passando eu fui ficando mais forte, as olheiras foram sumindo e eu estava tendo noites boas de sono. Infelizmente chegou o dia de ir embora e eu acabei não me despedindo do Rafael, ele simplesmente sumiu. Fiquei muito triste. Quando cheguei a minha casa minha mãe me recebeu com um abraço apertado.
Maria – filhinho querido, que saudades.
Eu – também senti saudades mãe.
Maria – agora conte para mim e seu pai como foi.
João – é, você parece melhor do que quando saiu daqui, o que significa que foi uma ótima idéia te mandar para lá, mas que cara triste é essa.
Eu – nada, eu só estou triste de ter acabado. Foi ótimo, eu me diverti muito, conheci o Rafael. E ele me ensinou um monte de coisas.
Maria – ele é daqui dessa cidade?
Eu – não, ele é de Siniamo.
João – e sua namorada?
Eu – ela também se divertiu muito, mas não a via com freqüência, ela andava muito com os amigos de outras cidades.
Maria – tudo bem, agora vá tomar um banho e descansar, pois você deve estar exausto.
Eu – tudo bem.
Subi para o meu quarto, tomei um bom banho e me joguei na minha cama, acordei para comer alguma coisa e rápido voltei para meu sono. Nessa noite não tive pesadelos, apenas o apagar de uma luz. No outro dia teria escola, então acordei e fiz o costumeiro. No intervalo encontrei com a Ana e o Timóteo já na mesa do refeitório me esperando.
Ana – nós temos que conversar Lucas.
Timos – lá vem bomba.
Ana – por favor, Timos, não interfira – disse com uma voz controlada.
Timos – ok, fala.
Ana – Lucas, você quer terminar?
Eu – eu? Não... Por que você esta dizendo isso?
Ana – você me evitou a semana toda, não fizemos nem um passeio romântico e você quase não me beijava, aliais, eu quase não via você – ela disse já com uma cara de choro, e as primeiras lágrimas nos olhos.
Eu – sinto muito – o que eu poderia dizer? Eu me aproximei e limpei as lágrimas.
Ana – é que, dês de que começamos a namorar você parece inerte, raramente me convida para sair e parece que está sempre cansado.
Eu – ... – eu não tinha palavras. Não podia simplesmente dizer que nunca gostei dela desse jeito, Ana é muito frágil e insegura, eu tinha medo de magoá-la e ela entrar num estado depressivo. Sei como funciona, um abalo do porte de terminar com ela causaria sequelas para a vida toda.
Ana se jogou em meus braços e chorou um pouco, eu fiz carinho nela até intervalo acabar e seguimos para nossas aulas. Os professores estavam dispostos e descansados e deram um show. A Ana me mandou uma mensagem e convidando para ir à sua casa e eu aceitei. O que eu poderia fazer? Saio apressado da sala para chegar a minha casa e tenho uma surpresa, porque uma figura completamente inesperada estava me esperado no portão da escola.
Continua...