*CONTINUAÇÃO
- Para Lucas, por favor, para. Eu implorava enquanto empurrava-o de cima de mim.
- O que houve Felipe, eu te machuquei?
Ele sai de cima, imediatamente eu corro e me tranco no banheiro e choro, muito, como eu podia fazer aquilo enquanto o amor da minha vida estava num hospital e eu sequer tinha noticias dele. Eu estava com nojo de mim mesmo, como pude chegar a esse ponto. A porta atrás de mim estava sendo batida por Lucas “Felipe o que houve, abre a porta por favor” mas eu não falava nada, não conseguia dizer nada. Lavei meu rosto, enrolei-me numa toalha e abri a porta. Ele estava com uma cara de espanto.
- Felipe o que houve? Ele dizia me abraçando.
- Me leva pro aero porto por favor.
- Eu te machuquei Fe?
- Não, não é isso, eu só não me senti bem. Voce pode me levar embora.
- Tá tudo bem. Era visível sua decepção, não adiantaria eu fingir que estava gostando de algo só pra satisfazê-lo, em instantes eu já estava vestido e na porta do aeroporto. Ele desce pega minha mala e me acompanha até o saguão. Compro a passagem, o vôo seria em meia hora.
- Se precisar de qualquer coisa me liga. Ele diz.
- Pode deixar. Tento esboçar um sorriso. Ele me abraça e vai embora.
Mais uma vez eu estava sozinho em um aeroporto, a única coisa que me vinha à mente era o Bruno, como será que ele estava? Queria logo que o avião chegasse no Brasil. Não sei por quanto tempo pensei, mas já era hora de embarcar, entro no avião recosto-me na poltrona e o cansaço me vence. Adormeço.
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Acordo com uma mão passando na minha frente, me assusto.
- Calma eu não mordo. Dizia uma mulher que aparentava seus 35 anos. – eu só ia fechar a janela para a claridade não te acordar, mas fui eu quem te acordou.
Sorri para ela e coloquei meus olhos na janelinha, já estávamos no Brasil, mais alguns minutos e eu já estava em solo brasileiro, no mesmo aeroporto em que havia ido pro Canadá. Reencontro a minha mala e sigo para a entrada na tentativa de encontrar um taxi.
Voces devem estar se perguntando onde eu consegui dinheiro pra fazer essa viagem, bom todo o dinheiro que meus pais mandavam eu gastava o mínimo possível acho que já imaginando que isso poderia acontecer.
Pego um taxi mas não sabia direito pra onde ir. Me atrevi a pedir o celular do taxista, expliquei a situação a ele que me emprestou de boa. Ligo para o numero do Bruno e mais uma vez a mesma voz atende, pedi informações sobre o hospital em que ele estava, ouvi as explicações e as passei para o motorista que conhecia o caminho.
Cada metro que eu andava parecia que eram quilômetros, depois de muito andar chegamos ao hospital, pedi para o taxista esperar pois não tinha onde deixar a mala.
Entrei no hospital, um arrepio me subiu a espinha, pedi as informações do quarto do paciente e logo uma enfermeira me encaminhava. Aproximamos-nos do quarto, ela pede para que eu espere, entra e após uns instantes ela sai com a mãe do Bruno que chorava. A me ver ela me abraça.
- O Felipe, como eu senti sua falta.
- Eu também senti, posso ver o Bruno?
- Claro que pode querido, ele está dormindo vai lá.
Dou-lhe mais um abraço e abro a porta, a cena era horrível, ele estava com uma pernada engessada, vários arranhões no braço, um corte sobre a sobrancelha e alguns arranhões no rosto. Me aproximo dele e a cada passo que eu dava as lagrimas caiam pelo meu rosto. Escoro-me na beira da cama e choro em silencio, só de pensar que eu também tive culpa em ter acontecido aquilo com ele ma dava uma dor muito grande.
Pouso minha mão sobre seu rosto e deslizo-a, sentindo sua barba crescer, pude perceber que um lábio seu estava roxo, não inchado, mas roxo. Me aproximei dele e toquei os meus lábios nos seus de leve. Acho que não foi tão leve porque ele começara a abrir os olhos.
- Fe? É voce amor?
- Sou eu sim Bruno, não fala muito pode ser ruim pra voce amor.
Ele agora fecha os olhos e tenta sorrir mostrando seu aparelho o que deixava ele perfeito. Por hora o seu sorriso se desfez, ele voltou a abrir os olhos, as lagrimas continuavam a cair dos meus olhos e percebo que uma escorre do olho dele, levo meus dedos até ela e a enxugo.
- Porque voce fez isso comigo Fe?
...
*CONTINUA