Bom gente continuando o conto, ele vai ser curto, apenas 8 partes, mas ele é muito bom, vale a pena ler.
Cap.2
Logo que começaram as aulas percebi que nada mais seria como antigamente. Agora, todos adolescentes fervilhando em hormônios, estávamos mais do que interessados no contato com o sexo oposto. Percebi que as meninas que antes tinham medo de se aproximar por causa do meu jeito caladão, arrumavam qualquer desculpa para conversar. Sem querer me gabar, do nada me tornei o "popular". O que eu menos queria era um povo metido e sem noção me cercando, só que agüentava porque mesmo não querendo admitir muitas das meninas eram bem gatinhas e, o melhor de tudo, fáceis. Cheguei a ficar com uma por semana uma época, só que depois de um tempo me enjoavam. Por favor! Mulher fala demais, fofoca demais, compra demais e é melosa demais! Ficava uma vez com uma garota e, no outro dia já ligava querendo saber quando poderíamos marcar a data do casório.Por uns bons seis meses não senti nem o cheiro do Iago, raramente o via em casa, considerando-se que eu passava a manhã inteira na escola, tinha aulas de natação e vôlei à tarde, além do reforço, porque não vou mentir, não sou bem aquele aluno dedicado...Apesar de nem o ver, lembrava-me nitidamente de seus traços, coisa que eu ignorava piamente! Foi numa quarta-feira, voltando do vôlei, que tudo isso mudou. Meus pais estavam trabalhando, por isso voltava a pé da aula, chegando na minha rua, ouvi uns gritos e sons de portas batendo, mas nem liguei até que uma coisa passou correndo por mim, tropeçando em meu pé e, levando-me consigo. Era ele.
Nem me preocupando em ser educado com meu vizinho, fui logo reclamando:
- Ei, olha por onde anda, cara! Tá no mundo da Lua?! - foi quando vi o seu rosto, banhado de lágrimas e os olhos sem o brilho comum que eu recordava. Nem preciso dizer que me arrependi na hora da minha grosseria. Ajudei-o a levantar e ele, que até agora, num tinha dado um pio, pediu desculpas baixinho e estava indo embora, quando movido por um impulso agarrei seu braço e perguntei-lhe o que ocorria.
-Quer mesmo saber?-questionou-me com aquela voz macia e parecendo bem nervoso.
-Ãhn.é.
-Pois bem.faz seis meses que eu me mudei pra essa porcaria de cidade e ainda não fiz nenhuma porra de amigo. E sabe por quê? - disse olhando bem nos meus olhos, pela primeira vez, fazendo-me temer alguém.
-Bem...não.- respondi meio assustado e envergonhado.
-Porque que eu abro minha boca pra uma pessoa e no outro seguinte todo mundo dessa merda de cidade preconceituosa já sabe que eu sou gay! E, ainda por cima, me julgam por isso. Me diz, qual é o problema de vocês com os gays? - assim que terminou de falar, parece que percebeu que tinha dito muita coisa porque cobriu a boca com as mãos e se afastou, além disso, a minha expressão de choque deve ter ajudado um pouco.Como assim ele era gay? Como assim todo mundo sabia? EU NÃO SABIA! Ficamos nos encarando por uns cinco minutos até que ele saiu correndo, as lágrimas voltando a rolar sobre o rosto bonito e magoado. E eu, fiquei parado lá, até que percebendo que estava estático mecanicamente voltei pra minha casa. Sem saber o porquê de aquela revelação ter acelerado meu coração.