O 13 é um número deveras controverso, alguns o consideram de boa sorte, outros, de azar. O fato é que é um número que dificilmente passa despercebido. Gostaria de agradecer novamente os que continuam lendo e comentando. Queria mandar recados especiais para:
Menso: Cara, você é malvado, parei um capítulo no meio porque comecei a ler seu conto e não consegui parar.
Gerfried: Obrigado por incentivar minhas tretas.
Geo Mateus: Yo no creo em bi, pero que los hay, los hay.
Rick Czar: Sendo bi, me arrisco a dizer que você gostará de algumas coisas que contarei.
Fico me coçando para comentar todos os comentários, mas como disse, fico com medo de contar coisas antes da hora. Mas grato mesmo a todos, quando vejo os comentários fico ávido por contar mais coisas para saber como vocês reagirão.
E Vamos seguindo.
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Por um pequeno instante, eu senti aquele medo terrível tentar brotar dentro de mim, mas o minha raiva destrutiva pelo Carlos era tão poderosa que ele mesmo me provocar aquele medo era muito difícil, eu segurei as mãos dele para evitar que ele me apertasse mais, encarei diretamente os seus olhos e falei da forma mais fria que consegui:
- Se você tentar fazer alguma coisa comigo de novo, nem o diabo te salva de ser preso, eu corro pra delegacia mais próxima. Fique a vontade pra tentar me violentar, seu covarde. Vou adorar te denunciar e saber que você virou putinha na cadeia.
Enquanto eu disse isso, surgiu uma ruga de preocupação na face dele. Por um instante ele pareceu que ia me soltar, mas apertou ainda mais as mãos e colou o seu corpo no meu.
- Isso vai ficar assim por enquanto, seu chupa-rola. Mas eu ainda vou te fazer engolir isso que está dizendo. - Enquanto ele falou isso eu me senti completamente enojado pois percebi que ele teve uma ereção quando se encostou em mim. Senti seu pau completamente duro por baixo da calça comprida que ele usava. Ele se afastou e me soltou contrariado e eu notei um pouco de vergonha na expressão dele.
- Sai do meu quarto seu doente. - Falei com todo o meu nojo escorrendo em cada palavra. - Você devia se tratar.
Ele saiu batendo a porta. Acho que Carlos foi a única pessoa até hoje eu eu cogitei assassinar. Já li em algum lugar que durante a vida todo ser humano cogita pelo menos uma vez em cometer homicídio e suicídio. Eu lembro de pensar muito em suicídio em duas ocasiões. A primeira quando mamãe partiu, pois visualizei que além da dor da perda minha vida se tornaria um inferno, e a segunda quando papai descobriu que o Carlos abusava de mim. Senti muita vergonha e até hoje o fato de eu não conseguir encarar ele olho no olho se deve ao olhar de desprezo e decepção que recebi dele quando ele descobriu que eu era passivo em relações sexuais com o meu irmão. Ele devia imaginar que se eu fosse homem de verdade teria reagido.
Se tem uma coisa que eu aprendi foi nunca julgar uma vítima de violência, quem passou por situações assim sabe que se fica em uma espécie de estado de choque, você pode ter atitudes de matar alguém a se deixar matar sem reação alguma. Apenas depois ficamos nos sentindo um lixo por não reagirmos. Isso acontecia muito com o Carlos e eu, eu sequer tinha coragem de dizer que não gostava. Poucas vezes pedia pra ele não fazer, e uma simples palavra ríspida me fazia tremer de medo. Fazia o sexo chorando, tomava banho chorando e me sentia um lixo humano depois.
Tranquei a porta do meu quarto e fui dormir mais cedo que o normal, olhei se o Yoh mandou mensagem e nada. Pensei em mandar mais desisti, melhor não correr tanto atrás assim, tinha que me dar valor, senão ele não daria. Ajustei o alarme e fui dormir.
Acordei cansado, parecia que tinha levado uma surra, o que era surpreendente levando em conta a quantidade de horas que havia dormido. Arrumei a mochila que estava de volta ao colégio. A Fi já havia feito um café para mim do jeito que eu gosto, e o Marcos estava me esperando. Comi rápido e segui com ele.
Fui o centro das atenções no colégio, todo mundo olhava para mim apontando. Na certa , todos já estavam cientes do soco que dei no Daniel, confesso que segui apreensivo sobre o que ocorreria. As circunstancias, porém, não me permitiram prolongas em excessos essa apreensão, pois, antes mesmo de encontrar o Roney e a Samia, me deparo com o Daniel mal entro no colégio. Tentei passar por ele sem falar nada, mas ele me segurou pelo braço.
- Cara, posso falar com você?
- Fala.- respondi a contragosto enquanto me matinha de prontidão para o estouro de alguma briga.
- De boa cara, vamos lá na quadra.
Resolvi seguir ele. Pensei no caminho se aquilo não era alguma espécie de emboscada. Mas ele não seria tão idiota, se fosse se vingar, faria isso fora do colégio. A quadra estava completamente vazia, mas o portão estava destrancado, ele abriu, me fez sinal para entrar e quando entrei, fechou o portão atrás de mim. Sentamos nas primeiras arquibancadas e encarei ele de forma inquisitiva.
- Cara, não sei por onde começar. - Disse meio sem jeito. - A gente devia ter se tornado amigos, de verdade. Era isso que eu queria. Mas as coisas me subiram a cabeça. Posso contar minha história? Não vai justificar nada, mas quero te dar uma satisfação.
- Pode contar, Daniel. - Respondi condescendente, estava no fundo curioso porque era a primeira vez que ele falava sem máscaras.
- Eu sou filho único, isso sempre me fez ser mimado pra caramba. Mas isso não é nada. Digo, desculpa ter dificuldade pra contar isso. Mas é que. - Ele estava me deixando impaciente, mas a curiosidade só aumentava. - Minha família é do Paraná, meu pai e tal, perdi meu pai há 1 ano e meio, em um acidente, minha mãe é daqui, cearense e quis voltar para cá. Eu estava em um relacionamento e resolvi partir para morar junto. Coisas assim, parei de estudar, eu tenho 18 anos já, estou atrasado terminando o colégio. Quebrei minha cara completamente, perdi meus amigos, o único amigo que ainda me apoiou foi um cara daqui, que conheço a anos e viramos muito amigos em umas férias que passei aqui. Ele me incentivou a pedir desculpas e vir morar com minha mãe, então fiz isso e ela me acolheu muito aliviada. Antes de abandonar a escola eu era o cara do basquete, usei isso a meu favor quando vim para cá. E não sei porque, comecei a descontar em você as minhas frustrações. Você é tudo que eu era no meu velho colégio. Eu queria tomar o seu lugar, recuperar minha imagem, sei lá. É foda falar tudo isso, mas acho que você merecia esse desabafo. Acho que aquele soco que você me deu me sacudiu todo por dentro e me fez retomar o juízo.
- Cara. - respondi enquanto ficava vários instantes de boca meio aberta surpreso com o que ele falou. - Realmente não justifica nada, conheço muita gente que vive na merda e não desconta nada em ninguém. Mas você tem o mérito de estar pedindo desculpas, então vou tentar passar uma borracha por cima disso e vamos ver no que dá.
Ele abriu aquele sorriso que eu achava lindo mas tinha aprendido a detestar.
- Caio, valeu mesmo. Você não vai se arrepender de ter me dado essa chance. Eu sou um cara que já fiz muita merda no mundo, mas de vez em quando olho pra traz e saio limpando o esterco.
Devolvi o sorriso dele enquanto me levantava para ir para a aula:
- Bem, todo mundo amiguinho, vamos estudar que a vida tá dura. - Falei sorrindo. - e toma cuidado com as garotas a partir de agora, não vou mais pagar o pato por nenhuma outra, ok?
- Tudo bem. - Confirmou ele rindo.E completou me encarando com um olhar sacana:
- Mas quem disse que foi uma garota?