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A História de Caio, completa e revisada para leitura on line e download e contos inéditos no meu blog:
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Toda vez que me meti em alguma encrenca grande, eu sempre sabia o motivo, aquela foi a primeira vez em que uma encrenca do tamanho de uma baleia orca me atropela e eu não faço a mínima ideia do porquê das coisas terem chegado àquele ponto.
- Pai, se acalma, baixa essa arma. O que aconteceu? - Tentei argumentar.
- O que aconteceu? O que aconteceu? Eu que devo perguntar isso a você seu doente, como você foi capaz de fazer aquilo com o seu irmão. Você é um demente, um psicopata, depois que começou a andar com gente como aquele sujeito da hipnose, agora virou um marginal também, mas você vai pagar, ninguém faz aquilo com um filho meu e fica impune. - Falou ele enquanto pressionava ainda mais a arma contra meu queixo.
- Pai, eu não fiz nada com o Carlos, o que houve com ele?
Nesse momento vi um lampejo de sanidade no rosto dele. Talvez porque viu que minha expressão era de quem foi pego completamente de surpresa. Ele tirou a arma do meu queixo e me afastou.
- Se foi você, irá pagar. E caro. Seja quem for isso não ficará assim.
- Pai, o que houve com o Carlos?
- Não sabe mesmo? Olha bem dentro dos meus olhos e diz que não sabe! Determinou ele enquanto ainda segurava a arma.
- Eu não sei o que houve com o Carlos. Satisfeito?
- Invadiram o apartamento dele. - Falou guarando a arma. - Roubaram todos os pertentes de valor e estupraram ele e a namorada.
- A Olívia? Quando foi isso?
- Ontem a noite. Você não sabe nada a respeito disso?
- Não, não sei. - Falei friamente. - E não lembro do senhor tão preocupado assim quando fui eu o violentado.
- Você é um viado. Não aprovo o que o Júnior fez, mas ele não fez nada que você não goste. Ele é homem. Meu filho é macho. E foi brutalizado. Ele está em coma.
Eu fiquei de queixo caído. Não consegui sentir pena nenhuma do Carlos, nem se ele tivesse morrido eu conseguiria sentir pena. Não depois do que ele fez comigo. Mas fiquei surpreso de alguém ter feito aquilo. Fiquei pensando quem poderia ter sido e o culpado veio na minha mente quase que ao mesmo tempo que na mente do meu pai.
- Aquele maldito hipnotizador, ele gravou o Carlos falando das coisas que fez em você. Ele sabe de tudo, demonstrou ter muito ódio do meu filho. Só pode ter sido ele.
- Pai, o Yoh está no paraná há mais de um mês. Está fazendo curso de formação para delegado, e ele não seria capaz disso. - Não imaginava o Yoh com seus discursos sobre perdão estuprando alguém, mas seria a única pessoa que conheço, além de mim, que teria meios e motivos para fazer aquilo com o Carlos.
- Não vou esquecer de você. Isso tudo será investigado, se tiver qualquer indício que aponte para você, você terá uma morte miserável, garoto, você e seu amigo esquisito.
Liguei imediatamente para o Yoh.
- Caio, cara, não é uma boa hora. Estou ocupadão.
- Yoh, só me diz uma coisa, foi você?
- Eu o que?
- Yoh, estupraram o Carlos, ele está em coma.
- E daí?
- Foi você?
- Caio, eu estou em Curitiba. Esqueceu?
- Não, não esqueci. Desculpa. Depois a gente se fala.
- Ok. Tchau. - Desligou.
Não notei qualquer sinal de vacilo em sua voz. Mas aquele era o Yoh, ocultar uma verdade não deveria ser difícil para ele diante do autocontrole enorme que possuía. Esqueci completamente a reunião que teria, peguei minhas coisas e chamei o motorista. Na saída um dos diretores iam chegando.
- Dr. Caio. Prazer, sou Luciano...
- Por favor, só Caio, Luciano. Muito prazer. Preciso sair urgente. Meu irmão está hospitalizado.
Fui direto para a casa do Dan. Ele ficou surpreso ao me ver na porta porque eu nunca o havia visitado espontaneamente. Contei para ele o que ocorreu e ele ficou tão surpreso quanto eu.
- Dan, eu só não vou ser acusado disso, porque meu pai com certeza tem medo que eu revele que fui abusado sexualmente. Mas eu vim aqui para te fazer uma pergunta bem pessoal.
- Pode perguntar.
- Promete que haja o que houver, jamais vai revelar a alguém que te fiz essa pergunta?
- Prometo Ca. Pergunta logo.
- Você acha que tem alguma chance de ter sido o Yoh que fez isso?
- Hã?
- Responde, Dan. Você ouviu a pergunta.
- O Yoh ele, tipo, nem está aqui né?
- Esquece esse detalhe, digo, se ele estivesse aqui, poderia ter sido ele?
- O Yoh não é violento, ele é do tipo que apanha numa briga mas não responde um soco, ele perde a paciência às vezes, mas violento ele nunca foi.
- Dan, responde minha pergunta. Bem direto.
- Calma Ca, só queria entender porque você está desconfiando dele. Mas minha resposta é. É não. Não acho que ele faria algo assim.
- E quem você acha que fez?
- Não sei. Tipo, quem iria querer se vingar do seu irmão, seria quem sabe da história do estupro. No caso, tem eu, você, o Yoh e seu pai. Seu pai está fora e você diz não foi você. Eu acabei de tirar o Yoh, então sobra. Bem, sobra eu.
Continua...