Agradeço mais uma vez a todos os comentários! Eles são bons pois sempre dão ideias para o futuro do conto. Continuem comentando. Biel mandou um beijo de floripa!
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“Um rei uma vez me disse que quem deixa ir, tem para sempre” – Autor desconhecido
A semana que se passou foi terrível. A dor que eu sentia por dentro estava me consumindo. Culpa e saudade. Culpa por não perceber antes os sentimentos de Biel e saudade de Biel.
Por mais que eu tivesse ficado alguns meses sem falar com Biel, era diferente quando ele ainda morava na mesma cidade que eu. Agora ele morava a quase 1500 quilômetros de distancia.
Edu claramente percebeu o que eu estava sentindo. Todas as vezes que ele tentou conversar comigo sobre isso, eu esquivava. Até que um dia eu cedi.
- Araujo, você precisa se abrir com alguém. O que te aflinges? – O tom de Edu era preocupado.
- Você sabe. Biel. Nada com o que você deva se preocupar. – Falei. Ele deu um suspiro.
- Araujo... – Ele começo, mas logo eu o interrompi.
- Mentira Edu, você deve se preocupar. Eu evitei te contar mas... o Biel deixou uma carta, se explicando, digo, não a viagem, mas sim o por que ele agia daquela forma comigo. Pelo visto ele me amava! – Falei chorando. Ele pensou por um instante e me olhando com um tom sereno, me disse:
- Sabe, um rei uma vez me disse que quem deixa ir, tem para sempre. Além do mais, se ele te amasse, ele não teria ido embora. – Olhei para os olhos de Edu – Vem cá, me de um abraço.
Ficamos assim, abraçados no sofá de sua sala por um bom tempo. Depois me despedi e fui para minha casa.
Todas as noites, rodava a internet em busca de alguma informação a cerca de onde Biel estava. Sua mãe havia me negado qualquer informação acerca de Biel.
Será que eu amava mais o Biel do que Edu? Se Biel me amava tanto, por que ele fugiu? Ele realmente fugiu? Essas perguntas eram rotineiras em minha mente.
Meu amigo leitor, não irei tomar seu tempo. Esse mês que se passou foi muito bom e muito ruim ao mesmo tempo. Foi muito ruim. Eu me sentia culpado e a saudade do Biel me amassava por dentro. Me sentia como se ele havia morrido e eu nunca mais fosse vê-lo. Ele não havia morrido, mas era provável q eu nunca mais o veria. A melancolia se tomou presente em minha vida.
Mas foi bom. Toda essa minha melancolia fazia com que Edu fizesse de tudo para me alegrar. Durante esse mês fomos ao Kart, paintball, cinema, bares e outras atividades. Foi muito bom, mas nada me tirava a saudade que eu sentia de Biel. E isso me deixava mais culpado.
Nesse mês, Edu até me levou em um show do Pouca Vogal [Pra quem não conhece é um dueto feito entre Humberto Gessinger (Engenheiros do Hawaii) e Duca Leindecker (Cidadão Quem), escuto e recomendo!].
No show, eles cantaram várias das minhas músicas favoritas: Refrão de Bolero, Piano Bar, Pra Ser Sincero entre outras. Não posso negar que não foi bom ver esse show romântico com Edu, pena que não pudemos ficar mais abraçados. Para a sociedade nós ainda éramos hétero. Mas isso não nos impediu de trocarmos um selinho ouvindo Piano Bar.
Mas tirando esse show, a maior parte do tempo que estive com Edu, eu queria estar sozinho em minha casa.
Bom, chegou meu aniversário! Faria 17 anos. Minha mãe queria dar uma festa, embora eu não queresse. Mas ela fez assim mesmo.
Minha festa seria simples. Chamaria alguns familiares, alguns colegas mais próximos, alguns amigos dos meus pais e só. Seria na minha casa mesmo. Nada chique. Edu adorou a idéia.
- Isso mesmo Araujo! Bom que ela te alegra! – Ele disse em tom animado. Não sei como ele conseguia me suportar triste assim. Se eu fosse ele, já teria desistido de me alegrar. Mas isso pelo menos provava que alguém me amava de verdade!
A “festa” seria a noite. Meu pai faria um churrasco, que particularmente muito bom. Serviríamos vodka, cerveja e uma batida. Meus colegas adoraram. Como se não bastasse, minha mãe chamou um casal muito amigo dela pra tocar na minha festa.
Ela seria legal pra qualquer pessoa normal. Mas não pra mim. Seria o primeiro aniversario meu que Biel não participaria.
No dia da festa tudo estava ocorrendo muito bem, eu estava me divertindo. Cantamos parabéns, rimos, bebemos muito e tals. Até que a “banda” da uma pausa. E Edu fala no meu ouvido:
- Toque uma música pra gente.
- Não. – Eu realmente não queria tocar.
- Vai, só uma! – Sua insistência havia me estressado.
- Você não gostaria se eu tocasse.
- Claro que gostaria, adoro te ver tocar teclado. – Ele insistiu. Mas eu estava meio estressado e resolvi tocar. Provável que Edu nunca mais quisesse me ouvir tocar depois dessa. Pedi licença ao dono do teclado, que cedeu gentilmente. Uma menina chamada Ana, até começou a gravar. “Vai para o Youtube!”.
Toquei “Eu que não amo você” do Engenheiros do Hawaii. [/ Durante a minha “apresentação” eu olhei pro Edu, ele estava quase chorando de tristeza. Era óbvio pra ele que não era pra ele essa musica. Antes de eu terminar, ele foi embora.
Na hora que eu acabei de tocar, todos aplaudiram. Mas eu não estava contente. Sai em direção ao meu quarto. No meio do caminho encontrei minha mãe.
- Lindo! – Disse ela.
- Eu sei. – Fui seco e áspero em minha resposta.
Me tranquei no meu quarto e logo comecei a chorar. Além de culpa e saudade, comecei a sentir arrependimento. A única pessoa de fora da minha família era a mesma que eu havia magoado essa noite. Chorei muito, até alguém entrar no quarto.
- Leozinho, o que aconteceu filho? – Era minha mãe.
- Mãe, não é justo com a senhora. Vou lhe contar. – Contei toda a história pra minha mãe. Toda mesmo. Ela não disse uma palavra, apenas um “Eu ainda te amo do jeito que é...” seguido de um longo abraço.
No outro dia eu me desculparia com Edu. Ele teria que me entender.
Fiz uma promessa a mim mesmo. Até que Biel tivesse peito para dizer que me ama, na minha cara, ele estava morto pra mim.