Estava disposto a voltar pra escola, levantei bem cedo disposto. Tomei um banho e pela primeira vez vestir o uniforme, era uma camisa branca com o slogan da escola, uma calça xadrez e um tênis branco, passei perfume e dê uma boa ajustada no cabelo. Enfim, estava muito lindo e gostoso rsrs. Fazer o que, né? Não tenho culpa de ter toda essa beleza.
Cheguei na escola e todos me olhava estranho, como se eu fosse um condenado que tinha acabado de sair da prisão. Quando cheguei no pátio todos começaram a rir da minha cara e me chamar de... Viado. Eu não entendia o porque disso. Júnior apareceu e jogou um envelope no chão, me abaixei para pega-lo e o abrir, via o que explicava o motivo da zoação. Eram as fotos do Júnior na casa do lago me ajudando, tinha dele me abraçando, me carregando e uma montagem dele me beijando na boca.
— Seu desgraçado! Você vai me pagar por todo que está me fazendo. Guarde o que estou de dizendo.
— O que você vai fazer? Me bater, me estrangula, me mata? Vê se acorda, você já era, nunca mais vai voltar o que você era antes.
— Eu te odeio! Eu te odeio!
— Eu sei que você me odeia — Ele foi se aproximando e eu me afastando pra trás até me encostar na parede — Você é muito tolo, Tom, se você não tivesse feito aquilo, tudo isso não estaria acontecendo com você.
O sinal bateu e todos foram para sala de aula e eu também. Tinha que manter a calma para não chorar, mas era difícil fica ouvindo apelidos sobre mim. Isso estava parecendo aquele ditado "o feitiço se virou contra o feiticeiro". Todos que humilhei e zoei estavam me zoando agora. Estava sem rumo dentro da sala, sair do meu lugar e fui para o fundo que seria melhor pra mim, coloquei os fones de ouvidos para não ouvir os seus apelidos e abaixei a cabeça, quem sabe dormia, mas seria impossível com eles me cutucando. Me sentia como um novato, agora sei o que eles passaram na minha mão. Veio o recreio e fui em direção ao banheiro e me esbarrei com dois valentões da minha altura.
— Olha só se não é playboyzinho gay.
— Gays são vocês! E aliás, onde está o terceiro de vocês? Passando o dia do sexo com a mãezinha dele?
Os dois trogloditas se viraram furiosos ao ouvir falar de seu lider. Vieram com tudo pra cima de mim, mas eu apenas dê um chute no estômago de um e logo soquei-lhe o nariz, enquanto o outro veio com uma barra de ferro pra cima de mim. Agarrei na barra e saltei, chutando-lhe as bolas. Enfim, os cursos de artes marciais serviam para algo. Dê-lhe um tapa surdo no ouvido e quebrei o nariz também. Quando menos esperei, fui agarrado pelas costas
pelo outro.
— E agora, mãos de fada?
— Foda-se! — falei enquanto ele me deu um soco nas bolas, me encostando na parede.
Dei uma cabeçada na testa dele e consegui me soltar. Ele me soltou no impacto e eu peguei a barra, batendo-lhe com força e, para vingar meus filhos, dê-lhe um chute infernal.
— Filho da é... — Soquei-lhe os dentes para que não continuasse.
Me sentir bem melhor dando uma surra nesses dois, peguei na barra de ferro que estava no chão e fui procurar o Júnior, aquele desgraçado, agora ele me pagava pelo que fez, eu ia ser expulso mas rachava a cabeça dele no meio. O encontrei perto da entrada do refeitório, ele olhou pra mim e depois olhou pra barra de ferro e se assustou, deve ter prevido o que vai acontecer.
— Eu disse que você me pagaria pelo que me fez — Dos meus olhos escorriam lágrimas. Ele sorriu — Não rir de mim! — Gritei.
— Olha só que está chorando! — Disse a minha ex-namorada.
— Cala a sua boca vadia! — Eu disse.
— Você não tem coragem! — Disse Júnior se levantando — Você é um covarde! Uma bicha louca pra dar! — Se aproximou mais.
Levantei a barra de ferro e lhe acertei, ele caiu no chão e vi o seu sangue escorrer pelo chão. Todos me olhavam com medos, me sentir como o todo poderoso, um guerreiro mais forte que qualquer guerreiro. Ouvir os gritos dos amigos dele tentando o socorrer. Dois professores veio e me levou pra sala do diretor, fiquei lá pensando no que fiz por umas duas horas. As vezes me perguntava de onde tirei tanta coragem para tal coisa. O diretor entrou na sala me olhando sério, sorrir pra ele.
— Mas... Mas... O que aconteceu com você? Eu sei que você não é um grande exemplo mas por que você fez aquilo?
— Isso não é da sua conta, se quer me expulsa me expulsa de uma vez.
— Se é o que você quer, então tá, você está expulso e tudo o que você fez hoje vai pro seu histórico escolar.
Me levantei e sair da escola sem dizer mais nenhuma palavra. Dirigia em alta velocidade, em uma rua deserta, para descarregar toda a raiva que sentia, fazia várias manobras perigosas sem ter medo das consequência, já estava ferrado mesmos. Entrei em uma outra rua e avistei um garoto atravessando a rua, apertei o freio mas não deu tempo, o carro o pegou e depois saiu capotando comigo dentro.
Vi a minha vida passar como um filme na minha cabeça, vi tudo que fiz de bom e tudo que fiz de ruim. Eu estava pagando por todos os meus pecados, Deus estava me condenado pelas falhas que cometi aos seus pés. Acordei assustando e passando a mão no rosto que o corsava todos. Passei a mão nele e sentir as bandagem, o meu olho esquerdo também estava tampado, tentei mexer as pernas mas não conseguia. Olhei para os quatro canto do quarto que estava, tinha vários aparelhos ligados em mim, na certa estava em um hospital. Olhei para o lado e vi o meu pai me olhando com cara de bravo.
— Pai! — A minha voz saia apenas baixo.
— Você me forçou a fazer uma coisa que não queria — Ele disse — Por sua culpa a sua irmã está morta, você agrediu dois colegas de aula e mandou o seu irmão para o hospital...
— Irmão! — O interrompe — Que irmão?
— O Júnior é o meu filho, tive ele quando fiquei dois anos separado da sua mãe. Filho, você me obrigou e te deixar preso nessa clínica.
— Espera, me explica de novo sobre o Júnior ser o meu irmão. A minha mãe sabe disso?
— Não posso te explicar mais nada — Ele saiu do quarto.
— Pai! Espera! — Ele não voltou.
Mas como isso pode estar acontecendo comigo? Será que o meu pecado é tão grande assim? Com tantas pessoas no mundo tinha que ser ele, a pessoa que eu mais odeio. Não ele não pode ser o meu irmão, não mesmo. Me levantei com dificuldade e cair no chão, bate a minha cabeça com muita força que acabei desmanhando. Mas bem que eu merecia morrer naquele dia, seria muito melhor que continua vivendo nesse mundo cruel.
Quando acordei, estava em quarto pintado de verde, olhei pros lados e não tinha nada, tinha apenas uma cama em que eu estava deitado. Os aparelhos não estavam mais em meu corpo e nem os curativos, já sentia as pernas e me levantei. Vestia uma camisa e uma calça verde e meia branca. Sair do quarto me escorando na parede branca, cheguei em um jardim muito lindo, tinhas vários enfermeiros e também paciente. Me sentei em pequeno banco de madeira com a capacidade de 3 pessoas.
— Que bom que você já acordou — Disse uma enfermeira e se sentando ao meu lado — Como está se sentindo?
— Mais ou menos bem.
— Por que? Está com algo doendo?
— Eu não quero ficar aqui, esse lugar é muito ruim! — As lágrimas já escorria dos meus olhos.
— Desabafa comigo.
Não me lembro muito da conversa que tive com ela. Só me lembro que tinha tirado bastante peso da minha consciência. Ela havia me ensinado uma coisa muito importante, uma coisa muito difícil de fazer para uma pessoa com a minha arrogância. Ela me ensinou a perdoar as pessoas. De todo o mal que o Júnior, a minha namorada, os meus amigos e o meu pai que escondia um grande segredo me fizeram, eu jamais os perdoaria. Porque eu não sabia a perdoar, mas agora, eu sei.
Passei quatro meses naquela clínica. Nesse tempo aprendi muitas coisas novas, coisa que eu não sabia que existia. Estava mudado completamente, nada poderia me tirar do sério, agora eu tinha o total controle da minha raiva. Quando sair da clínica foi um dia muito especial pra mim, era o meu aniversário de 17 anos de idade, já havia perdoado o meu pai e a minha mãe já havia descoberto o filho que o meu pai teve com outra mulher, mas tudo ficou normal. Não tive festa de aniversário mas ganhei muitos presentes da minha família.
No dia seguinte acordei cedo para ir pra escola, a minha antiga escola, aonde estava a maioria dos meus problemas. Tomei um banho bem demorado, vestir o uniforme, havia cortado o cabelo bem baixo, coloquei o meu óculos de grau e fui para escola a pé. Andava pelo corredor e todos me olhavam estranho, me sentia como uma pessoa famosa desfilando em uma passarela.
— Olha só quem voltou! — Me virei pra trás e vi um garoto de óculos escuros.
— Quem é você? — Não o reconhecia.
— Sou eu meu amor, o Júnior — Retirou os óculos.
Era ele mesmo, também estava diferente, os seus cabelos estavam negros, os seus olhos azuis, estava maior, mais definido, a boca mais carnuda. Eu nunca tinha visto tanta beleza em um cara só. Estranhava os meus pensamentos. Será que também estou me transformando em um também?
Continua.