Ellen sorriu beijando Daniel, que estava todo suado. Ele a afastou, bruscamente.
— No antes, nós nunca fomos namorados. E nem no agora. A gente apenas se curte! E foi mal, se é melhor curtir com meus amigos do que estar curtindo você.
Senti-me lisonjeado, mas preocupado. Pois Ellen, sensível, já estava quase chorando.
— Hey guys! Is this really happening? E Daniel, a Ellen está certa. Estou andando tanto com você que daqui a pouco vou esquecer como fazê-la se vestir decentemente! — brinquei tentando amenizar — So... Acho agora o momento oportuno para curtição de vocês. Irei ao evento que a Victória me convidou, a Ellen conseguiu escapulir e um de nós precisa se render a tortura. Bye. Enjoy it!
Saí logo, escapulindo, pois era notável que Daniel não ficou nenhum um pouco satisfeito com a atitude de Ellen.
Ao chegar em casa, avisei a Lídia que era hora de agir. Certifiquei-me que Daniel e Ellen não estariam mesmo na mansão e levei Lídia. Entrei primeiro, sozinho. Victória deu seu típico sorriso falso ao confirmar minha presença lá. Mas o melhor foi ver seu sorrisinho desmanchar e surgir uma cara aterrorizante, quando Lídia entrou.
— Olá Vick. Minha grande amiga. Resolvi voltar a Capeside e visitá-la. E ao Conrado.
Os que estavam presente olharam abismados pela a presença de Lídia. Victória deu uma alta gargalhada, seguido de um forte abraço em Lídia e sussurrando em seu ouvido:
— E eu decreto que daqui você só sairá morta.
O evento transcorreu. Quando Conrado viu Lídia, ficou pálido, pois ainda não tinha noção de tudo o que ocorrera. Sempre o último a saber. Victória manteve a compostura. Ganhou o perdão da maioria daqueles que estavam ali. E quando todos foram embora, a porta do escritório de Conrado se fechou: Comigo, Conrado, Victória e Lídia.
— Eu não entendo. O que você faz aqui Lídia? Porque e como voltou pra cá?
— Não se faça de tolo, Conrado! — esbravejou Victória — Eu já sei da sua imoralidade e ousadia de trazer essa meretriz barata às escondidas de volta ao meu país!
— Não percam o valioso tempo de vocês tentando me enganar. — disse Lídia sossegada — Você, Conrado, se uniu a essa... Infeliz! E mandou que o Frank me matasse!
— Do que é que você está falando sua vadia louca? Eu jamais mataria você! Eu te amo!
Lídia, já descontrolada, tirou o DVD da bolsa e colocou na unidade de CD do notebook de Conrado, exibindo a imagem de Frank tentando matá-la. Victória olhou pasma. Conrado a fuzilava com o olhar. E só então, Lídia percebeu a inocência do amante.
— Você não... Não foi você que... Então você realmente me ama, Conrado?
— Como você pôde Victória? — esbravejou Conrado — Ir tão baixo nas calamidades...
— Não se faça de exemplar, Conrado, pois foi você quem afundou nossas preciosas alianças de casamento em merda! E eu, apenas tentei frear essa desvairada, que me mandou um e-mail contendo um vídeo que mostrava as sujeiras de vocês! Ela não pararia até que nos destruísse e expusesse a farsa do nosso casamento a toda Capeside!
— Eu não lhe enviei e-mail algum! — exclamou Lídia — Eu não iria me expor, pois...
— Como não? O Emmet recebeu o seu e-mail de chantagem e me encaminhou fazendo que... Ele... Ele... Onde você conseguiu este... O DVD? E se não foi você quem... Ele!
Victória começou a entender tudo. Lídia pensou, um pouco mais, porém também começou a entender. E Conrado, pobrezinho, estava mais perdido que barata tonta, mas começava a entender o raciocínio. Todos me encaravam e eu me mantive neutro.
— Eu senti que as sujeiras do tapete real estavam bastante acumuladas. Então tomei a liberdade de juntá-las e promover uma boa limpeza. — falei naturalmente.
Victória caminhou até a mim e me deu uma boa bofetada em meu rosto. Senti meu sangue ferver. Queria acabar com ela. Mas me contive.
— Eu mereci. — sorri e prossegui — A lealdade nunca deve ser volúvel. Deve girar em torno de uma única pessoa. E eu fui leal a você, Victória. Mas quando você foi contra mim, vendi minha lealdade ao Conrado trazendo a Lídia de volta. E no final percebi que todos nós seríamos condenados. Lídia, você transava com o marido de sua melhor amiga. Conrado, você foi adúltero em todas as chances. E Victória, você mandou assassinar uma mulher! Um acabaria levando a culpa por todos. Então sugiro que perdoemos uns aos outros, e no estilo Grayson de ser: Com uma festa! Uma celebração em nome da família e do perdão. Para não ficar tão estranho, o tema da festa pode ser a minha integração na família Grayson, que tal? E nada fortaleceria mais sua imagem, se eu vendesse meu perdão perante todos depois de tudo que você fez comigo, Victória. Porque roupa suja se lava em casa. E exibe-se depois, bem lavada, para os demais.
Sorri e dei um afetuoso beijo no rosto de Victória. Tanto como o que Judas deu em Jesus. Victória limpou-se, com nojo, e saí vitorioso, porém aprontaria muito mais.
Não fui pra casa. Sabia que Ellen e Daniel estariam lá. Resolvi ancorar nas areias da praia. O mar me acalmava. Dava-me força. Papai sempre me levava ao mar. Dizia que o mar nos força a sonhar. E eu era tão criança... Tirei minha roupa, ficando apenas de sunga e expondo meu corpo branquelo e sarado, e esperando o anoitecer dentro d’água.
A noite chegou e fui pra casa. Estranhei o silêncio que estava. Daniel e Ellen deviam ter ido embora. Porém quando fui apanhar água, escutei gemidos de prazer de um homem e uma mulher. Não, não era possível que... Subi as escadas, na direção dos gemidos, que vinham do meu quarto. A porta estava entreaberta. E eles transavam na minha cama. Que ódio! E que tesão! Porque Daniel estava deitado, com aquele corpo todo delineado de músculos, no meu colchão, nu. E Ellen, sentada em cima dele, cavalgando e quicando, gemendo como uma puta. Via as bolas vermelhas e suadas de Daniel. E um pouco do seu pau que parecia ser grande e bem grosso. Ele gemia. Seu gemido. Não via seu rosto direito, devido ao ângulo, mas ele pingava bicas. Foi então que despertei do tesão e voltei para o ódio. Na minha cama? Desci, peguei o copo e atirei contra parede, gritando de ódio. Os gemidos cessaram. Sentei no sofá. Meus olhos cheios d’água. Em alguns minutos eles desceram. Vestidos, ao menos. Ellen não conseguiu olhar na minha cara, tamanha a vergonha, e foi embora. Daniel me encarava enquanto mantinha minha cabeça baixa. Então o olhei e o encarei no fundo de seus olhos estreitos filhos da puta e negros. Encarava-o com minha alma. E minhas lágrimas de ódio desceram.
— Foi mal, cara... Mas é isso que faço quando sou livre pra curtir com minhas amigas.
Acenei positivamente com bastante ódio. Ele entendeu e saiu. Na minha cama? No meu quarto? Não, não iria perder tempo pensando em problemas fúteis. Precisava dormir e encarar o dia seguinte. Mas na minha cama? Emmet, por favor, durma!
Tive uma rotina diferente no dia seguinte. Não fui ao campo. Nem senti o perfume de Daniel. Seus braços fortes nas lutinhas. Nem ouvi a palavra “bicha”. Ele me ligava diversas vezes, mas não atendia. E ao meio-dia, bateram em minha porta. Era ele.
— Qual é?! É... Na verdade minha mãe disse que tu já sabes, mas... Hoje terá a festa que ela quer te apresentar como meu... Tu sabes. E ia ficar estranho eu passar o dia longe de tu ouEu sou um vacilão e otário que ta sem abrigo porque vacila com os amigos. E não suporta ficar em casa com os pais.
Olhei sério para ele, abri minha porta totalmente e ele entrou. Fechei-a, fui para o meu quarto, deitando-me, e ouvindo o som das cordas do violão em músicas melancólicas.
De noite, nos arrumamos e já estávamos prontos. Sem trocar palavras. Esperava Daniel, que foi calçar os sapatos, sentado no sofá. Quando ele apareceu com os sapatos na mão.
— A gente vai mesmo bolado um com outro pra essa festa? (...) Emmet... Caralho! — gritou dando um chute no ar e largando os sapatos — Que beleza! Saio duma e entro noutra pior. Quem tu tas pensando que é, brother? Fica aí de ceninha. Ciuminho! Nosso namoro é de fachada, rapá. Não sou viado e não aturo essas palhaçadas nem de mulher!
— Quem é que tu, que tas pensando que é, teu moleque?! — levantei-me esbravejando e o assustando — Playboyzinho inconsequente!
CONTINUA....