O Irmão Ogro 2 - XIV
Galera, valeu pelos comentários mais uma vez e pelas amizades bacanas que tenho feito no msn. É muito gratificante isso! Brigadão e... boa leitura.
Cheguei ao telefone pude ouvir meu pai dizer rapidamente, necessitando de enorme esforço da minha parte pra entender:
- Pai? Como assim? Mas ela está bem?
- O que houve Carlos?
- Bruno, minha mãe.
- O que houve com a sua mãe?
Eu estava atordoado. Desliguei o telefone após ouvir do meu pai o que eu precisava saber:
- Fala Carlos, tô preocupado. O que houve com sua mãe?
- Ela foi internada e não tá bem. Meu pai acha que ela vai morrer Bruno.
Desabei em seus braços. Enquanto eu chorava, Bruno tentava me acalmar, mas era em vão. Minha mãe corria risco de vida. Apesar de não ter entendido direito o que meu pai havia dito, minha mãe estava internada, fazendo hemodiálise.
Com certeza, esse problema já havia surgido há meses, mas nossas conversas superficiais não permitiam que ela me contasse. A culpa me consumiu.
Em dado momento tive uma das maiores certezas da minha vida:
- Bruno, eu preciso fazer alguma coisa. Eu... eu vou pra BH, agora.
- Não, você não vai.
- Bruno, eu não quero discutir. Eu vou e ponto final.
- Você não vai! Nós vamos. Arruma algumas roupas minhas e suas e eu vou olhar as passagens na internet.
Nos vestimos rapidamente. Eu arrumei nossas coisas chorando muito. A vida nos traz reviravoltas que nos motivam a pensar. E naquele momento eu pensava em tudo. Pensava em como eu era o filho querido antes da chegada de Bruno.
Pensava no amor que minha mãe jurava ter até ela saber da minha relação com meu irmão. Pensava na minha culpa por não estar do lado dela nesse momento tão complicado.
E meu pai? Por trás daquela armadura havia um cara mais inseguro que eu, medroso, que devia estar desesperado, com medo de perder a mulher que ama.
Meus olhos continuavam marejados e eu me preparava pra voltar... Voltar pra casa.
- Pronto, comprei as passagens. Vamos?
- Vamos.
Ele me abraçou e disse no meu ouvido.
- Vai dar tudo certo. Eu tenho certeza.
Chegamos rapidamente no aeroporto, esperamos quase uma hora e embarcamos. Eu sabia o caminho do hospital e essa não era nem de longe uma de minhas preocupações. Meu maior medo era a reação do meu pai ao me ver com Bruno. Se bem que nesse momento tão difícil, meu pai que se dane. Era minha mãe que precisava de mim, nem que fosse pra despejar sua raiva, mas eu precisava estar do lado dela.
Não consegui dormir nada durante as horas de voo, enquanto Bruno cochilava encostado a mim. A minha cabeça estava um turbilhão, muitas coisas e poucas certezas.
Chegamos ao aeroporto e entrei no primeiro táxi que vi na frente. Bruno bem que tentava me acalmar, mas minha ansiedade era maior que seu esforço, bem maior.
Já no hospital, facilmente encontrei o número do seu quarto na recepção e segui com Bruno até o sexto andar, onde ela estava internada, no CTI. Se estava desesperado, ao ouvir essas últimas palavras da secretária, meu coração se apertou mais e mais.
A primeira pessoa que vi foi meu pai. Com um olhar abatido, ficou inerte ao meu abraço. Não se moveu para recebê-lo, mas não o recusou:
- Como ela está pai?
- Agora sedada. Mas ela estava sentindo fortes dores desde que começou a fazer hemodiálise e tive que trazer ela aqui novamente.
- E porque ninguém me avisou?
- Não quisemos atrapalhar sua lua-de-mel.
Seu tom sarcástico fez Bruno sair de perto de nós e seguir andando pro corredor.
- Pai, por favor. Se o senhor até agora não nos aceita é problema seu, mas eu não vim até aqui pra pedir perdão, muito menos pra ouvir suas ironias. Eu to aqui porque eu amo a minha mãe e eu não vou suportar saber que ela está mal sem poder fazer nada.
- Mas você não pode. Nem sei porque veio.
- Vim porque eu sou o único filho dela. E eu tenho certeza que o amor que ela sente por mim é maior do que o preconceito.
- Você não entende não é Carlos? Quanto tempo você acha que isso vai durar? Vocês são irmãos. Aceitar você ser viado já é difícil, imagina aceitar que você é um pervertido. Que vocês são...
Uma enfermeira passou nos pedindo pra falar mais baixo, mas eu precisava retrucar:
- Pai, presta bastante atenção. Eu amo o Bruno como homem e ele me ama assim também. Se o senhor não sabe o que amar alguém isso não é problema meu. Eu só quero saber da minha mãe. Com licença.
Fui atrás do médico e escutei dele que um dos rins da minha mãe estava completamente comprometido, enquanto o outro funcionava muito mal, por isso a hemodiálise. Porém, o caso era ainda mais greve. Ela necessitava de uma cirurgia, um transplante e estava na fila... com outros milhares a frente. Meu pai havia feito exames, mas pela idade não poderia doar.
- Doutor, eu posso vê-la?
- Carlos, o seu pai já contou do “problema” que vocês tiveram. Eu não tenho nada com isso, nem estou fazendo um julgamento, mas acho melhor ela não ver você até que esteja melhor.
- Doutor, eu sou o único filho dela. Eu vim de Florianópolis porque eu preciso disso, preciso vê-la.
- Mas ela não pode se alterar.
- Eu sei. Eu não tenho medo da reação dela. Ela é minha mãe poxa.
O médico pensou um pouco e liberou minha entrada. Ao me virar, percebi Bruno ouvindo tudo e apenas acenou um positivo. Segui com o doutor até o quarto, passei pelo meu pai que ameaçou protestar, mas desistiu ao ver a porta sendo aberta.
Entrei, o médico me deixou a sós com ela.
Segurei sua mão por alguns minutos, até perceber seus movimentos. Ela estava acordando.
- Carlos?
CONTINUA...
Comentários
10
FANTÁSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSTICO!!!!!!!!!!!!!!!!!!
o pai do carlos eh um baita pela saco!! aff! nota 10
nota 10
Nossa, mas nem numa hora dessas o pai do Carlos abaixa a guarda. Fico me perguntando, será que tem que acontecer uma desgraça mesmo para as pessoas se juntarem? para que deixe de lado todas as picuinhas? é um absurdo alguem ser contra o amor, seja ela que tipo for, com quem for.
Muito bom
Oi Cris, estão muito bons seus contos! Continua!
mto bom como sempre,espero q a mae do carlos nao morra. E vc nem me aceitou no msn hehe mas de boa, continua logo
Nossa que maravilha de conto meu deus 10
Nossa que maravilha de conto meu deus 10
Mtu bom... Ansioso pelo proximo...
Tenho que ser sincero, comecei a ler seus contos a dois dias e não consegui parar de lê-los. Já fiquei com raiva, já xinguei os personagens, já me emocionei com este amor entre o Carlos e o Bruno, até chorei. Pode acreditar, seus contos são sensacionais, parabéns.
Poxa essa doença poderia pelo menos juntar a familia,mas infelismente quem esta doente não é so a mãe é o pai também,porque o preconceito é uma doença e das graves aff...Cris o conto esta maravilhoso como sempre.nota 10
Muito curto, porém muito bom. 10!
sem palavras apenas perfeito parabéns
Tomara que eles se reconciliem após o ato de doação que todas já comentaram não vou repetir! hehe Cris queria muito falar contigo no msn, mas a minha vida ta tão corrida, que não tenho tempo de entrar, mas não vai faltar oportunidade de nos conhecermos. Obrigado pela leitura, abraço.
bom conto
Chutaria que Carlos fará a doação de um de seus rins para sua mãe, e esse gesto marcará o começo da reconstrução da relação familiar desta família!
mtu bom