Estava em um momento estranho. Sentado na beira da minha cama me dando conta que eu estava gostando de um cara que mal conhecia, aliais gostando não, eu estava completamente apaixonado por aquele cidadão. Não era só atracão física, era pelo conjunto, era por quem ele era. E sem hipocrisia a aparência dele era um puta acessório nessa equação. Comecei a me sentir mal com aquilo e o tesão por ter visto ele nu desapareceu. Na minha cabeça ter aquele sentimento não era certo ate porque sabia que ele não se mostrou nu para me provocar nem nada do tipo, eu sabia que na cabeça dele, ele estava nu em frente a um amigo, um “brother”, que para ele não tinha nenhuma conotação sexual.
Voltei no banheiro, lavei o rosto e sai, dessa vez passei direto pelo quarto de hospedes e fui para a sala. Alguns minutos depois ele chamou meu nome e respondi que estava na sala. Ele desceu vestindo um bermudão, ténis e uma camiseta folgada. Simples, mas bem no estilo dele. Claro que pela aparência dele era difícil algo que ele vestisse ficar ruim, mas ele tinha uma estranha preferencia por roupas largas.
André: -Estou pronto!
Marco: -Então vamos nessa.
Eu não queria dirigir. Embora já tivesse mais de uma hora que não bebia eu sei que minha tolerância ao álcool é muito baixa mas André me respondeu com muita firmeza:
André: -Ja comigo isso que a gente bebeu nem fez cócegas, eu não embebedo com cerveja, pode baixar um barril ai.
Assim dei a chave para ele dirigir. Ao entrar no carro notei um ar de preocupado nele.
Marco: -O que foi?
André: -Nada, só preciso de uma olhada rápida aqui para entender.
Marco: -Entender o que?
André: -Seu carro, não fica preocupado, mas nunca dirigi um carro automático antes.
Eu sorri com as palavras dele.
Marco: -Olha é a mesma coisa de um com marchas, ou mecânico como chamam, a única diferença é que você não vai precisar trocar as marchas e pelo amor de Deus, não procure a embrenhagem quando for frear.
Depois de um pouco de dificuldade no inicio chegamos no local do show sem maiores problemas, ele se adaptou bem ao cambio do carro. Algo curioso aconteceu na hora de comprar ingressos, ele achou absurdo pagar R$80,00 na entrada mesmo havendo duas bandas antes do show principal. Me pediu para que aguardasse na frente da entrada e sumiu no meio da multidão. Passaram uns 15 minutos ate que ele voltasse com dois ingressos na mão.
André: -Bora, bora, a gente tem que entrar antes das 23hs.
Marco: -Mas já são 23:10
André: -Bora Marco!
E me puxou pelo braço, invadindo sem nenhuma educação a fila, e chegando na entrada falando para o segurança que recolhia os ingressos que pegamos transito e por isso do atraso. Sem falar nada o segurança autorizou nossa entrada.
Só lá dentro ele me explicou ter comprado os ingressos por R$30,00 porque na verdade eram cortesia e o prazo para usa-las era só ate as 23hs. Achei aquilo incrível. eu nunca teria aquele tipo de atitude. Sair procurando na mão de cambista um ingresso mais barato. Na verdade eu nem compraria na porta, compraria na Internet com semanas de antecedência e provavelmente não iria para o show, sim é verdade, sempre preferi assistir o DVD do artista do que ir para o show dele.
Antes do inicio de Arnaldo Antunes tocou uma banda de Samba e em seguida outra de musica baiana, eu não conhecia nenhuma das duas, mas foi interessante observar André. O cara dançava, mexia com uma pessoa aqui, com outra ali, ia ao bar comprava cerveja,
ele estava se divertindo por nos dois. Achei a maneira dele incrível, ate mesmo dançando Axé, eu nunca fiz nenhuma dessas coisas. Sempre fui tímido, recatado, calado, discreto alguns me chamam ate mesmo de anti-social, já ele era o meu oposto completo.
Mas claro, um homem do porte físico dele, dançando, pulando, andando de lá pra ca, começou a suar e aquela camisa folgada do nada estava tão colada no corpo dele que ate os gomos do abdómen dele eram visíveis. Não demorou para que ele começasse a ser assediado, até ai tudo bem, mas o que me irritou foi aquele coroa.
Eu fui comprar duas latas de cerveja e quando voltei ele estava de papo com André. Tentei chegar perto e André nos apresentou. Fiquei de cá observando as olhadas dele em André, as pegadas no ombro e aquilo foi me dando raiva. Porra, se eu não podia, nenhum outro gay também podia mexer com ele! Foi então quando ele se afastou e André encostou em mim.
André: -Cara a gente se deu bem!!!!
Marco: -Porque?
André: -O coroa é da produção do show e vai colocar a gente lá no camarote open bar.
Marco: -Ah André, a gente não né, você.
André: -Eu já disse pra ele que só vou se você for também.
Admito que meu coração chegou a dar um salto com aquelas palavras.
Marco: -Serio? Porque você disse isso?
André: -Pô cara, você é meu chapa e a gente veio junto, nada haver eu ir pra lá e te largar aqui. Relaxa, a gente só entra junto!
Marco: -Beleza, mas por via das duvidas me da o numero do seu celular, porque se a gente se perder por algum motivo a gente se encontra novamente.
Assim que terminamos de trocar números o coroa aparece com duas pulseiras do camarote. Dessa maneira adentramos e realmente no camarote era muito melhor do que na pista. Pensei como foi absurdo aquilo, pagamos R$30,00 ao invés dos R$80,00 e agora estávamos em um camarote que devia custar no mínimo o dobro do valor da pista. Nunca imaginei isso acontecendo comigo.
Mas não me diverti muito não, fiquei muito irritado com as investidas do coroa sobre André. Já este se esquivava e saia das investidas dele com incrível desenvoltura o que me fez concluir que ou ele tinha se tocado de qual era a do coroa a tempos e estava se esquivando de maneira educada, ou ele era extremamente inocente e nem percebia o que estava acontecendo. O pior era não ter nem chance de falar com ele porque o coroa não saia de perto.
Enfim, o show de Arnaldo Antunes começou, foi muito legal, André fez uma coisa muito fofa quando ele cantou Os Cegos do Castelo, passou o braço pelo me pescoço e ficou do meu lado cantando a plenos pulmões a musica, pelo visto a preferida dele, e depois de um pouco mais de 1 hora e meia o show terminou. O cantor saiu e voltou para um bis que o publico tanto pediu, nesse momento eu olhava para o palco quando André me pegou pelo braço e falou em meu ouvido:
André: -Nossa hora, vamo sair de fininho.
Dessa forma saímos do camarote e nos dirigimos a saída, quando ele disse precisar ir ao banheiro antes de pegar o caminho de casa, eu tinha ido minutos antes e então fiquei parado esperando ele voltar. Foi quando o maldito coroa chegou do meu lado.
Coroa: -Cadê o Dezão?
A raiva que eu senti pela intimidade auto-adquirida dele foi no limite, se eu não sou um cara pacifico tinha dado um soco na cara dele.
Marco: -Foi ao banheiro.
Coroa: -E ai? Vocês estão juntos?
Marco: -Não, o cara é hetero.
Ele então deu uma risada sem vergonha
Coroa: -Esses são os que mais gosto!
Antes que eu pudesse responder André chegou a nós.
André: -Qual o papo ai!?
Coroa: -Você! Não acredito que você ia embora sem falar comigo.
André: -Ia nada, o cara ai só queria fumar um cigarro e lá dentro não podia, mas bom você esta aqui que ai a gente não precisa mais voltar lá pra se despedir.
Coroa: -Que nada, vamos numa after que vai rolar!
Eu nem sabia o que diabo era um after.
André: -Que nada cara, fica pra próxima, já tô no lixo hoje.
Coroa: -Então, me da teu telefone ai que pra gente marcar algo nesse domingão.
Para minha incredulidade ele deu o numero verdadeiro dele. Mas pelo menos se despediram e saímos de lá. No caminho para casa, no carro, durante os cerca de 30 minutos de percurso ele falou muito, principalmente sobre as meninas do local. Ja quando estávamos entrando na garagem não aguentei e perguntei.
Marco: -E porque você não pegou nenhuma?
André: -Cara tinha uma ate que me interessou no camarote, se abriu toda pra mim e tals.
Paramos o carro e entramos em casa.
Marco: -E porque você não pegou essa?
André: -Por causa do coroa, o cara colocou a gente pra dentro do camarote, se pego a nega assim na frente dele ele podia achar escrotidão, beleza que o cara é gay, mas não podia esfregar uma mina na cara dele assim desse jeito né?
Marco: -Ah então você percebeu que ele era gay?
André: -Claro, gay como ele reconheço a léguas de distancia.
Com isso ele retirou a camisa suada e mostrou aquele tórax fantástico dele, me virei para trancar a porta e evitar uma ereção vendo aquele deus de peito nu e molhado de suor, quando ele disparou com tudo a queima roupa.
André: -Já como você é mais difícil. Eu demorei um tanto pra me tocar que você era gay.