Pessoal, quem vai narrar este capítulo é o Ricardo. Ele irá descrever como passou nos dias em Luca estava viajando e no momento do acidente.
Continuando...
Vê aquele avião partindo fez com que o vazio que sentia no meu peito aumentasse, estava quase me sufocando. Minha cabeça estava tão confusa que fiquei vagando pelo aeroporto por algum tempo, até que sentei num banco que fica de frente para a janela de onde podia ver os aviões pousando e decolando. Ali tentei por minha cabeça no lugar e entender tudo aquilo.
Ricardo – Nunca na minha vida alguém me tratou como o Luca. Meu pai nunca gostou de mim, isso ele deixava bem claro no seu tratamento comigo. Amigos? Acho que nunca tive, pelo menos não verdadeiros. Amar eu já amei, mas não me sentia amado. O Luca foi a primeira pessoa que me tratou bem de verdade, me ajudou quando mais precisei, me deu sua amizade e me amou, apesar de nunca tratá-lo bem. Como pode Ricardo? Com as pessoas que só te fizeram mal você nunca fez nada, agora com a pessoa que só te fez o bem você faz aquilo. Ahhhhh seu idiota.
Estava tão preso aos meus pensamento que não percebi que estava chorando, até que uma senhora sentou ao meu lado.
Senhora – Você está bem meu filho?
Levei até um susto com ela ao meu lado.
Ricardo – Estou!
Senhora – Então por que choras?
Ricardo – Por que só faço burrada nesta vida.
Senhora – Ah meu filho, é bom fazer burrada.
Ricardo – Como assim?
Senhora - Por que são as burradas que nos ensinam, nos fazem dar valor a vida.
Ricardo – O que eu fiz foi tão monstruoso, magoei profundamente uma pessoa muito importante para mim.
Senhora – Infelizmente na vida acabamos magoando quem amamos, é inevitável. O que não podemos deixar de fazer é buscar o perdão desta pessoa, mesmo que você não consiga, pelo menos tentou.
Ricardo – Meus sentimentos estão tão confusos. Meu coração está em conflito. Acho que amo esta pessoa que magoei, mas é um amor que não ser.
Senhora – Meu pai sempre dizia que o único sentimento que devemos obedecer é o amor, pois somente ele nos faz bem. Então esquece todos os outros sentimentos que estão em conflito aí no seu coração, foque no amor, escute somente ele, ame sem se importar com o mundo ao seu redor, apenas ame.
Ouvia cada palavra que aquela senhora dizia, como é bom receber a sabedoria dos mais velhos. Ficamos ali em silêncio vendo os aviões pousarem, até que chamam o vôo para São Paulo.
Senhora – Bom meu querido, tenho que ir.
Ricardo – Foi muito bom conversa com a senhora.
Senhora – Também gostei de conversar com você. Desejo boa sorte e que você consiga o perdão da pessoa que tanto deseja.
Ricardo – Obrigado!
Aquela senhora se levanta e me dá um abraço, me senti tão acolhido ali. Depois que ela se foi resolvi voltar para casa, toda esta situação me deixou extremamente cansado. Cheguei em casa totalmente desolado, deixei as chaves no balcão e ao lado vi uma foto dele, peguei aquele retrato e fui em direção ao quarto. Deitado fiquei admirando sua foto, seu sorriso largo era lindo, combinava com seus traços delicados. Acabei pegando no sono abraçado com o retrato. Dormir tanto que acordei somente no dia seguinte com muita dificuldade, por mim ficaria o resto da vida deitado.
Às vezes eu me perguntava se isto realmente estava acontecendo comigo, sentir tanto a falta de uma pessoa que até doía. O domingo começou com o sol lindo, mas em questão de minutos o céu ficou nublado e o frio veio. Curitiba é assim, num só dia faz a quatros estações. Tomei um café e fui assistir um pouco de TV, para distrair a cabeça um pouco. Naquela tarde decidi ficar com apartamento que tinha visto no dia que o Luca viajou, não queria mais privá-lo de sua casa, nem queria forçá-lo a conviver comigo. Na segunda voltei ao trabalho, tomei todas as providências para a locação do apartamento, queria mudar o mais rápido possível.
Os conselhos daquela senhora não saiam da minha cabeça, mas eu não sabia o que fazer, nem como fazer, era tudo muito novo para mim. Três dias após dar entrada na papelada eu estava autorizado a mudar, arrumei minha coisas que estavam na casa do Luca e levei para o meu novo apartamento. No dia seguinte passei lá só para pegar algumas coisas que não consegui levar no dia anterior, limpei tudo e quando ia sair vi aquele retrato que fiquei admirando outro dia. Não consegui conter as lágrimas, sentia falta dele. Com medo de não vê-lo mais levei o retrato comigo.
Os dias passaram e finalmente meu apartamento estava arrumado, trouxe minha mobília que estava num depósito. No meio da bagunça que ainda se encontrava meu quarto, senti falta de uma pasta com alguns documentos.
Ricardo – Que merda, onde está esta pasta.
Depois de algum tempo procurando me dei conta que havia deixado no apartamento do Luca.
Ricardo – Putzs...deixei na gaveta da sala na casa do Luca.
Peguei minhas chaves e segui em direção ao apartamento dele, infelizmente eu precisava daquela pasta. Cheguei ao prédio e vi que Seu João não estava na portaria, subi correndo, pois não queria demorar. Entro e vou logo em direção a sala pegar a pasta, quando mexia nas gavetas levo um susto tremendo quando vejo Luca parado me olhando. Ele estava de toalha e com os cabelos ainda molhados no rosto, nunca tinha visto assim. Um calor começou a tomar conta do meu corpo, nunca tinha olhado assim para ele, com tesão.
Tentei pedir seu perdão, mas não obtive. Pedro entra na sala e começamos a discutir, ele me acerta um soco, em seguida começamos a brigar no meio da sala. Luca tentava nos separar, mas não conseguia. Com a confusão acabo empurrando o Luca e ele cai batendo a cabeça no móvel. Pedro vendo o que aconteceu me empurra e vai socorrê-lo.
Pedro – Lucaaaa. Viu o que você fez seu maldito.
Ricardo - Meu Deus, Luca acorda. Não faz isso comigo, eu te amo cara.
Pedro me olha com uma cara de espanto, eu não estava nem aí.
Pedro – Precisamos levar ele para o hospital.
Ricardo – Sim, vamos no meu carro.
Pedro pega ele no colo e leva até o meu carro. A caminho do hospital Pedro foi atrás ele, pois estava desacordado enquanto eu dirigia.
Pedro – Eu juro que se acontecer alguma coisa com ele eu te mato.
Pedro estava furioso. Eu olho para Pedro pelo retrovisor e digo:
Ricardo – Se acontecer algo a ele eu mesmo me mato.
Por dentro eu estava desesperado, meu coração estava acelerado. Não conseguiria viver se acontecesse algo com o Luca. Chegamos no hospital e o Pedro saiu correndo com o ele no colo, eu estava logo atrás. Quase não enxergava, pois as lágrimas eram muitas. Finalmente ele é atendido, o Pedro apesar de ser médico não pode entrar, pois estava emocionalmente abalado. A espera por notícias me matava, meu coração ficava apertado a cada momento que passava. Alguns minutos depois o médico veio nos dar notícias, eu pulei da cadeira quando vi ele no corredor. Pedro veio logo atrás.
Ricardo – Doutor...como ele está?
Pedro – Fala logo!!!
Doutor – Calma, ele está bem. Os exames não apresentaram nenhuma lesão interna, mas por precaução ele ficará em observação. O corte na cabeça foi bem profundo, mas já fizemos os devidos curativos.
Ouvir aquilo foi um alívio que não consigo descrever.
Pedro – Podemos vê-lo?
Doutor – No momento ele está dormindo.
Ricardo – Pelo amor de Deus Doutor...deixa eu ver ele.
Doutor - Ok, vocês podem ver ele, mas pelo vidro.
Seguimos o Doutor até onde ele estava, meu coração estava ansioso para olhar novamente aquele rosto. Quando chegamos ao lugar eu e Pedro paramos um do lado do outro. Ele estava com a cabeça enfaixada, vê ele deste jeito me deu um desespero tão grande. Vi que Pedro também chorava como criança.
Ricardo – Vocês estão juntos?
Perguntei com a voz embragada pelo choro.
Pedro – Não, somos amigos apenas. Amo este cara como a um irmão.
Um alívio pousou sobre mim.
Pedro – Posso te pergunta uma coisa?
Ricardo – Pode!
Pedro – Quando você disse que amava ele, foi de verdade?
Não podia mais fugir.
Ricardo – Eu...eu..eu...amo. Amo como nunca amei ninguém, só a ideia de não tê-lo comigo me mata por dentro.
Me ajoelhei na parede e abracei as pernas, chorava muito. Senti Pedro sentar ao meu lado.
Ricardo – Não posso viver sem ele, não posso.
Pedro – É verdade o que está me dizendo.
Ricardo – Eu juro, meu amor por ele não tem explicação.
Cada vez que dizia que o amava eu chorava mais ainda. Por impulso abracei o Pedro, ele ficou totalmente sem reação.
Ricardo – Por favor...não tira ele de mim.
Senti que neste momento ele também me abraçou e ali ficamos, ele me consolando enquanto eu chorava.
Pedro – Calma, eu não vou tirar ele de você. Se for verdadeiro o que sente por ele, vou ajudá-loOi pessoal, mais uma parte pra vocês. Vou tentar postar todos os dia neste feriado para compensar os dias que fiquei ausente. Bjos e abçs:)
Dr. D...fiquei super feliz em saber que lê os meus contos e que gosta. Quero que saiba que sou um grande admirador dos seus textos. Bjos e abçs:)