Olá leituras. Nas últimas horas fiz uma avaliação dos meus contos postados aqui e percebi que só tenho que agradecer pela quantidade de leituras, pela quantidade comentários que tem sido crescente e pelas amizades que tenho construído desde que comecei a relatar as coisas aqui. Fico muito feliz com tudo isso e nem um minuto sequer eu me preocupo com as notas ruins e com as críticas ofensivas que já li nos comentários. Eu poderia inclusive deletá-los, mas como não tem importância pra mim eu nem me dou esse trabalho. Espero que gostem dessa parte também. Obrigado por tudo e até a próxima.
Msn:
- Fala pra ele Tulio, fala pra ele o que você fez comigo.
João gritava e Adriana chegou na sala. Tulio me olhou como se quisesse meu perdão, até que Tulio resolveu falar:
- E o que eu fiz pra você João? Eu devo ter seduzido você há dois anos atrás te obrigando a ficar comigo não é?
- Não Tulio, você simplesmente abriu mão de mim e agora quer se vingar de mim ficando com meu primo.
- Você se acha o centro das atenções né? O Carlos tá comigo porque a gente se gosta e se quer saber eu nem lembrava que você existia.
- Ele tá mentindo Carlos, o Tulio é um idiota e só vai te fazer sofrer, como fez comigo.
- Não Carlos, o João é que vai te fazer sofrer, você não sabe como eu fiquei por culpa deles.
Os dois falavam pra mim, como se necessitassem do meu posicionamento daquela discussão. Eu olhava incrédulo para Adriana, que me olhava de volta como se quisesse me ajudar. Não vi outra saída a não ser ir embora dali. Corri para o apartamento de João e me tranquei no quarto disposto a não sair dali tão cedo. Tentava organizar minha cabeça e processar que João, até então homofóbico havia se declarado pra mim e o pior, já tinha um relacionamento passado com Tulio, o carinha que eu tava começando a gostar. Tava uma bagunça na minha cabeça e eu só ouvia as batidas de João na porta, como se fosse arromba-la. Decidi abrir e descobrir mais sobre o que acontecia:
- Fala João, começa a explicar já que você tá com tanta vontade.
- Carlos, eu só fui lá pra contar pra você o que aconteceu entre mim e o Tulio. Eu sei que foi da forma errada, mas você precisa saber o quanto que o Tulio me fez mal e o quanto ele pode te prejudicar.
- Olha, nós vamos sentar e você vai me contar essa história direito.
- Tá, vou começar direito então. Eu vim morar nesse apê aqui há dois anos e meio e no terceiro dia aqui eu conheci o Tulio andando de bicicleta numa praça aqui perto. A gente começou a conversar e percebi que gostava dele de um jeito que eu nunca gostei de um homem, a gente fazia tudo junto e um dia a gente se beijou no cinema. Ficou um clima muito estranho e nos afastamos. Eu realmente gostava dele e aquele gelo que a gente se deu tava me machucando muito, até que encontrei ele na rua e decidimos conversar no Mc Donalds que tem ali em cima sabe? – eu observava tudo só reparando as coincidências da história comigo também – Então, lá na lanchonete ele disse que gostava de mim e a gente começou a ficar, nos beijamos as vezes e um dia até chegamos a transar. Ficamos assim por dois meses e depois ele disse que queria namorar comigo e estava disposto a se assumir pra ficar comigo. Aí a confusão aumentou, porque eu não queria me assumir. E depois de muitas brigas e raiva a gente terminou, ele se assumiu e jurou pra mim que ia me fazer sofrer porque eu tinha feito ele sofrer. Satisfeito?
Eu estava incrédulo. Não conseguia acreditar que meu primo tão machão tinha terminado com um cara pelo medo de ser zoado e de afirmar pra todo mundo sua sexualidade. Pior que isso, eu não conseguia acreditar que tudo que Tulio fez comigo podia ter sido planejado, simplesmente por conta de uma vingança e eu precisava me certificar disso.
- Eu vou resolver uma coisa João, mas essa conversa não acabou ok?
Ele só acenou que sim com a cabeça e eu fui pra casa de Tulio. Segui disposto a ouvir, mas também disposto a dizer tudo que eu tava pensando se aquela história se confirmasse. Bati na porta e Adriana pediu pra que eu subisse porque Tulio estava muito mal no quarto. E estava mesmo. Eu o olhei na cama e ele chorava muito.
- Tulio, eu vim aqui pra ouvir a sua versão da história e eu peço que você seja sincero para que eu possa entender tudo.
- Ele já deve ter falado tudo né?
- O João me disse algumas coisas sim, mas eu vim aqui ouvir você.
- Tá, vou falar então. Eu e seu primo tivemos um relacionamento que acabou por que ele não foi homem o suficiente pra assumir nossa relação. No dia que a gente terminou eu disse que iria me vingar e quando soube que você era primo dele eu fiquei cego.
- Você tá me dizendo que planejou isso tudo? Que pensou em fazer mal pro João enquanto tava comigo?
- Calma Carlos. No começo foi isso sim, mas eu me apaixonei por você. Fica comigo, por favor?
- Você é um idiota Tulio. Eu tenho nojo de uma pessoa como você. Você não sabe como eu me arrependo de ter me entregado nisso.
Fui embora e deixei ele chorando. Desci as escadas correndo pensando que João tava certo, mas isso não me fazia esquecer todas as humilhações que ele me fez apenas pra esquecer o que ele mesmo sentia. Segui de volta pro meu quarto e João estava sentado na minha cama do mesmo jeito que quando o deixei. Agora sim as lágrimas caiam. Eu não conseguia segurar mais. João, vendo meu estado, me abraçou e disse:
- Calma Carlos. Pense que pelo menos você descobriu isso antes de se envolver com ele de verdade.
- É fácil pra você falar João. Eu só tô chorando agora por perceber que errei mais uma vez. Quando achei que estava pronto de novo pra me entregar a alguém e levo uma facada dessas nas costas. Mais uma vez eu fui usado, primeiro pelo André pra me fazer chacota no colégio, agora pelo Tulio simplesmente pra atingir você.
- O Tulio é o idiota, você não. Você é só um garoto inocente que busca um amor.
- É, um garoto inocente que merece ficar sozinho pra deixar de ser burro e parar de acreditar que alguém pode gostar de mim.
Me levantei e fui beber uma água. Precisava me acalmar, a vida ia continuar. Por mais que eu tivesse sofrendo, o Tulio não merecia minhas lágrimas, eu já tinha sofrido demais por um idiota, não iria sofrer de novo.
Quando me virei, João me olhava da porta.
- O que foi João? Vai tripudiar do meu choro também? O garoto inocente aqui pode ao menos chorar em paz?
- Abaixa a guarda Carlos, eu só vim dizer que eu vou lutar pra ficar com você. Agora eu tenho mais certeza do que nunc, eu quero esse garoto inocente pra mim.
- Para com isso, eu...
Fui interrompido com um beijo, um beijo violento que demonstrava um tesão enorme. Em pouco tempo já estávamos na cama dele...
CONTINUA...