A dificuldade está nos olhos de quem a vê. E na força nos braços daqueles que a carregam. Uns encontram dificuldades em aceitar a sua sexualidade. Outros em perdoar. Mas a maior das dificuldades é de se expor assumindo um sentimento para um amor. E isso, muitos não conseguem.
— Eu vou me encontrar com o Wander hoje. — provocou Paulo enquanto tomava banho, e Diogo que fazia a barba, quase se cortou.
E começara as provocações. Como não podiam mais esconder a atração e o desejo que sentiam um pelo outro, cada um por seu motivo, escondia o jogo da sedução e apelava com o ciúme.
— Que bom. — ironizou — Mas e o papo de encontrar o amor de sua vida, hein?
— Enquanto eu não acho o cara certo, eu trepo com os errados. — provocou.
— Só não confunda o certo com os errados. Os príncipes de hoje em dia não vêm montados em cavalo branco oferecendo a sua virgindade.
— E é por isso que eu só transo com desconhecidos. A chance é grande de um amor vir montado em uma amizade. — mandou a indireta sorrindo e desligando o chuveiro.
Diogo se alegrou, saiu de frente do espelho e abriu o box, contemplado seu amado nu. Mas não podia se entregar. Então entregou uma provocação.
— E você conseguirá só trepar com desconhecidos? Você trepa com todos!
— Eu nunca trepei com o Jeff, por exemplo — sorriu sarcasticamente.
Diogo temeu.
— Não se atreva a encostar no meu Jeff! — gritou Diogo saindo do banheiro irritado.
Paulo se assustou. E aquela cena percorreu em seu pensamento o dia todo, principalmente a atitude de Diogo. O ciúme nas provações existia, mas não a agressividade. Seria ciúme por ele ou pelo Jeff? Então, tentou achar uma resposta observando o relacionamento de Jeff e Diogo. Mas não conseguiu achar o ponto em que terminava a amizade e podia começar um suposto romance dos dois.
Em uma das noitadas, num bar GLS, Paulo, Wander, Diogo e Jeff se reuniram. O clima na mesa era hostil, também pudera. Diogo sentia-se ameaçado pela presença de Wander, Paulo desconfiado de Diogo e Jeff, Wander culpado por ter ofendido Jeff nos dias atrás, e Jeff pronto pra atacar Wander. Quatro gays e quatro situações mal resolvidas. Mas Wander resolveu esclarecer a sua.
— Eu admito ter sido um ridículo naquele dia! — interrompeu o papo, levantando-se do nada..
— Hipócrita é uma melhor definição! — rebateu Jeff alterado, também levantando-se.
— Dá pra você engolir seu orgulho e aceitar minhas desculpas?! Eu te ataquei lhe julgando, você retribuiu o ataque, vamos ficar nos atacando e aonde isso vai parar?
— Em mais um pecadinho, baby. Pra minha looonga lista... — ironizou.
— Será que você não percebe que eu não ligo pro seu jeito de ser! O que eu não concordo é com o homossexualismo, e considero um grande pecado onde a minha Bíblia e o meu Deus condenam!
Os três se assustaram. Jeff ia rebater, mas Wander o impediu.
— Eu só queria ser igual às outras pessoas... Mas desde a maldita da minha adolescência que essa culpa me atordoa! — os olhos de Wander encheram-se d’água — A culpa aparece no término de uma punheta, transa, beijo, ou simplesmente quando olho pra algum cara. E dói muito... Eu busquei a igreja, fé, porque talvez eu lutando contra esse mal que há em mim, junto com o Deus, o celibato e a castidade, eu vença, podendo ter um dia minha paróquia e... — interrompeu-se suspirando vagamente — E com isso eu só me torno mais um hipócrita estúpido que crê que um dia Deus me dará a salvação.
Lágrimas percorreram o rosto de Wander, que caiu no choro. Paulo levantou-se, o abraçando e Diogo se comoveu. Mas Jeff manteve-se de pé, secamente, com a cabeça erguida.
— É uma que você não consegue, né? A castidade. Goze negando e chorando, enquanto eu gozo saciado e feliz!
— Jeff! — gritou Diogo horrorizado — Você..
— Ah, me poupe! Lembre-se da sua piedade quando der suas crises de ciúme pelo “Paulinho”!
Jeff saiu irritado. Diogo olhou para Paulo pedindo permissão para ir atrás do amigo, e Paulo somente acenou positivamente. Enquanto Diogo ia, Paulo consolava Wander e acabou por entender erroneamente que a atitude final de Jeff fora um ciúme por Diogo.
Ao chegar em casa irritadíssimo e desgastado pela culpa de achar errado freqüentar locais gays, Wander ainda teve de enfrentar uma visita familiar temporária.
— O grupo de seminaristas não se reúne até esse horário. — surgiu Suzana, do nada, com um sorriso provocador.
— Não se meta na minha vida, Suzana!
— A nossa família é extremamente religiosa, mas ninguém nunca lhe obrigou a seguir a uma carreira religiosa pra encobrir a sua farsa! Farsa essa que eu até ajudei controlando qualquer aproximação sua com Paulo...
Mal sabia Suzana que os dois sempre se encontravam escondidos.
— Mas não é mais do meu interesse. Portanto controle seus demônios, cometa seus pecados no oculto, erguendo sempre a cabeça e sorrindo. Deve ser uma vergonha ser uma bicha pederasta imunda, mas ninguém mostra o que realmente é. Melhore na farsa e não nos envergonhe.
— É o que eu sempre faço. E me orgulho de fazer.
Suzana sorriu e abraçou o irmão com falso moralismo, que na verdade queria empurrá-la, mas a fé o mandava perdoar.
Os dias se passaram e Paulo se via mais distante de Diogo. As provocações que eram o vinculo deles e o motivo de saber que um gostava do outro cessaram-se. Então, Paulo buscou apoio em Wander, e esse triste por estar sofrendo suas crises sexuais e religiosas, se consolava também em Paulo. Já Diogo não conseguia admitir seu amor para Paulo e grudava em Jeff, e Jeff se entristecia por não conseguir perdoar Wander.
Mas tudo mudou. Ao entrar na balada junto com Jeff, Diogo ficou perplexo ao ver Paulo e Wander agarrados, sem camisa, se beijando, num canto reservado. Seus olhos encheram d’água, e ele esqueceu de qualquer medo de admitir seu amor partindo pra cima de Paulo e Wander, os empurrando e os fazendo cair.
— Então era só recaída seus beijos com essa bicha encubada né?!
Paulo se levantou rapidamente, mesmo tendo bebido a mais, mas Diogo continuou.
— Ele não é o cara certo pra você... Não! Você que nunca foi o cara certo pra ninguém!
Diogo saiu, e Paulo foi atrás dele. Jeff ajudou a Wander se levantar, e os dois sentiam que o casal precisava se acertar, mas o seguiram por garantia.
Assim que chegou em casa, Diogo entrou em seu quarto, mas Paulo logo invadiu sua privacidade.
— Como você se atreve a me impedir de..
— Sai do meu quarto!
— Você não tem o direito de me impedir de ser feliz!
— E nem você de controlar o que eu sinto! Nem você, nem eu, ninguém, porque sim, eu estou apaixonado por você!
Paulo ficou surpreso com a declaração, mas logo abriu um sorriso de felicidade e avançou para beijar Diogo, que estendeu a mão o impedindo.
— Sempre foi difícil admitir isso, mas você sabia! Sabia que eu gostava de você, e mesmo também gostando de mim, me torturou porque eu sempre te tratei como uma mera foda!
— Você sempre disse que só queria sexo, eu temi tentar algo mais. Também comecei a achar que você e o Jeff tinham um caso...
— Por Deus! Ele é meu melhor amigo, só isso. E você tem noção da dor do caralho que seria ver o meu amor nos braços de uma amizade?
Diogo começou a chorar e Paulo não sabendo o que fazer, somente o abraçou. Eles sentaram-se no chão, abraçados, até que Diogo largou Paulo e secou suas lágrimas.
— Eu amei um cara. Biel. Nós éramos almas gêmeas, mas as nossas almas se perderam um dia e ele foi embora. Eu sempre detestei pessoas fúteis, mas aprendi que são elas que mascaram seus grandes medos e segredos, me tornando uma delas. Não existe um Diogo puto, fútil e egoísta, só um cara frágil, idiota e que ama. Eu ia te contar, mas o Wander... Maldito amor!
— Não, não... A gente vai se amar sem mais se machucar. E quanto ao Wander, ele foi só uma distração, pois ele é problemático. E você apareceu primeiro, e me tornou dependentemente apaixonado por você.
— Então eu não sou uma segunda opção?
— Você só é minha obrigação de viver e ser feliz!
Paulo sorriu, e como reflexo encontrou o sorriso de Diogo. Os dois se beijaram apaixonadamente, passando as mãos em seus corpos, e trazendo o sexo.
Sexo num quarto, decepção num outro. Jeff, de pé, encarava Wander, que estava sentado e triste, e ambos constrangidos pelo silêncio.
— Vai ficar tudo bem com você? — perguntou Jeff preocupado.
— Se você aceitar minhas desculpas, sim. — desconversou sorrindo.
— Continuo negando. — sorriu — A não ser... Que você me coma!
— Quê?
— Me coma. Eu sou uma bicha pintosa, um pouquinho só gay...
— Eu não sinto tesão por caras...
— Afeminados? Não! Você é uma bicha louca que o motor só acende se empurrarem na traseira. Bicha panqueca... Bateu na cama, virou!
Wander se levantou com raiva, pegou Jeff pelos braços e o imprensou na parede. Eles se olharam sorrindo.
— Eu não vou cair em suas provocações... — disse sorrindo e largando Jeff.
— Ok, eu como você. Você já ia dar pro Paulo mesmo.
Wander acenou negativamente sorrindo, e Jeff jogou sua última cartada.
— Eu como você... Porque sou mais bicha, porém muito bem mais capaz.
A cartada certa, que fez Wander agarrar Jeff furiosamente e os dois trocarem um excitante beijo, enlouquecidos.
Paulo e Diogo saíram nus do banheiro, com os corpos molhados, se agarrando e se beijando entre os risos. Eles caíram na cama, Paulo por cima de Diogo, sentindo um a o outro o corpo nu.
— Molhou a ca...
— Shiiiiu. Eu te amo!
Os dois sorriram, e involuntariamente Diogo acariciou a bunda de Paulo, que se retraiu, preocupando Diogo.
— Um relacionamento precisa de entrega, confiança e satisfação de ambos os lados.
— Eu já disse que te amo... Então por favor, nos satisfaça.
Diogo e Paulo se beijaram, e Paulo foi descendo lambendo o peitoral de Diogo, chegando até a barriga, até encontrar o pau de Diogo, que estava duro, soltando um fio de baba. Lentamente, Paulo abocanhou o pau de Diogo, e o cafuzo ao sentir aquela boca, se arrepiou todo. Paulo começou a mamar aquele pau, chupando a cabeçinha e tentando sempre abrigá-lo todo em sua boca.
— Argh... Ai... Delícia... Que boca quentinha.
Paulo se afastou do pau dando um sorriso, mas logo voltou a abocanhá-lo, mamando e olhando nos olhos de Diogo. Foi chupando cada vez mais feroz, alternando as chupadas no saco e passando a língua por toda a base do pau de Diogo.
— Delicia... Mama gostoso vai...
— Ahaam... Esse pau gostoso... Huum... Hum.. — gemia Paulo, enquanto chupava e batia aquele pau duro e babado em sua cara.
— Ei, ei, pára! Pára se não vou gozar...
Paulo tirou o pau de Diogo da boca e riu. Estendeu a mão, pegando uma camisinha que estava ao seu encalce, e com a boca encapou o pau do seu garoto. Então, levantou-se e contemplou aquele corpo sarado, meio pálido, com um pau mais escuro que não parava de babar e aquele rosto que tanto amava. Pegou um lubrificante e passou na entrada do cu e agachou-se em direção ao pau de Diogo, apoiando suas mãos no peitoral do amado e descendo lentamente. Ao sentir a cabeça do pau de Diogo no seu cuzinho, Paulo arrepiou-se.
— Vai devagar! — alertou Diogo. — Você controla...
Paulo acenou positivamente, fechou os olhos, mordeu os lábios e foi descendo, sentido cada centímetro daquele caralho grosso rasgando seu cuzinho, tendo uma sensação dolorosa e prazerosa ao mesmo tempo. Diogo se contorcia de prazer, e deu um alto suspiro de prazer ao sentir as suas bolas encostando na bunda de Paulo. Paulo abriu os olhos e ao ver a carinha do seu menino se contorcendo de prazer, apenas sorriu. E apertou forte aquele peitoral.
— Aqui está todo seu prazer.
Paulo começou a rebolar lentamente no pau de Diogo, e depois rapidamente, subindo e descendo no pau do seu garotão. Ele apoiava suas mãos no peitoral de Diogo e o olhava com uma cara de puto safado. Diogo enlouqueceu, trouxe o corpo de Paulo junto ao seu, o fazendo ficar deitado por cima dele, e começou a fuder aquele cuzinho apertado.
— Argh... Argh... Me fode... Meu gostoso, meu puto, meu amor...
— Ta sentindo meu pau é? Caralho, que cuzinho apertado!
Diogo começou a meter mais forte, arranhando as costas de Paulo, e dando estocadas profundas em seu cuzinho, enquanto Paulo mantinha uma respiração forte perto de sua orelha.
— Eu te amo.. Te amo.. Te amo — balbuciava Paulo gemendo sem sentido.
— Aaaargh... Eu te... Arghh... Argh... — suspirou Diogo alto se contorcendo e gozando.
Paulo ficou em cima de Diogo, parado, enquanto sentia a respiração do seu garoto se acalmar,e suas peles grudadas uma na outra.
Enquanto isso, Wander e Jeff já haviam recuperado o fôlego, mas agora enfrentavam o constrangimento da culpa de Wander. Wander estava sentado na beira da cama de Jeff, acompanhado pela culpa. Jeff se aproximou e tentou abraçá-lo, mas ele se esquivou.
— Me desculpe... — disse Wander com os olhos marejados d’água.
— Não. Porque são os erros que trás as mais valiosas lições.
Jeff sorriu e Wander sentiu-se estranhamente seguro, repousando sua cabeça no ombro de Jeff, que o abraçou.
— Viu? Esse erro você não comete mais.
Os dois riram e pausaram no silêncio.
— Dói muito eu aceitar dois homens juntos sem culpas, sabe? Eu temo a intimidade, aí costumo transar apenas uma vez com o mesmo homem. Com o Paulo eram só punhetas, então não tinha esse risco de... Que foi? Não vai falar nada?
Jeff que estava olhando para frente, pensativo, olhou para Wander.
— Alguns gays se aceitam e esquecem do medo que tiveram até se aceitar, e ignora os que ainda não conseguiram. Você não é o primeiro gay a não se aceitar e sofrer por isso. Mas um dia bate na porta a aceitação e então você pode sorrir. Mas se aceitação até hoje não te encontrou e talvez nunca encontre, eu não sei como termina essa história. E isso me dá medo.
Sim, a dificuldade está presente na vida de todos. Bem-aventurados são aqueles que conseguem vencer as dificuldades do percurso da vida e encontrar do outro lado a recompensa da felicidade. Mas comemore e siga, pois a vida é uma sucessão de batalhas e será preciso encarar novas dificuldades.
Um jovem de pele pálida está deitado na cama. Ele olha para a cabeceira da cama e sorri, vendo em seu porta-retrato uma foto sua abraçado com Diogo.
PS: É difícil porque eu quero manter o “início, meio e fim” num único conto, mas tentarei não estender tanto, para que a leitura não fique cansativa. (: