BRUNO: Eu vou embora
Disse Bruno, mas sem se exaltar.
GISELA: Por favor! Nós precisamos muito conversar, e é bom que estejamos juntos, assim será tudo esclarecido. Sentem-se.
Guiei a Paula a modo que se sentasse ao lado do Bruno. Peguei uma cadeira na cozinha e me sentei frente aos dois.
GISELA: Posso expor meu ver dos fatos?
Os dois gesticularam um "sim" com a cabeça, então prossegui.
GISELA: As coisas ainda estão bem confusas na minha cabeça, mas vou tentar simplificar. Bruno naquele dia que te deixei aqui, e dormi na casa da Paula não acontecia nada entre nós. Você sabe mais do que ninguém que toda vez que tinha um problema recorria a ela.
BRUNO: E qual era o seu problema naquela noite? Me parecia muito bem.
GISELA: Bem? Acha mesmo que estava bem? Eu me desinteressei da aula, faltei do trabalho, dormi a tarde toda sem explicação e você me julgava bem?
BRUNO: Eu achei que tinhamos resolvido aquilo quando...
Ele parou, acho que não queria entrar em detalhes na frente da Paula.
GISELA: Como em todas as vezes, naquela noite foi maravilhoso. Eu realmente te achava o máximo, mas infelizmente isso mudou. Antes te via como um exemplo de Homem, mas as coisas tomaram um rumo trágico e não mais te reconheci como aquela pessoa doce que eu tanto amei.
BRUNO: Desculpa, eu perdi a cabeça quando me acusou de traição, eu nunca fiz isso. Não tinha motivo para desconfiar de mim.
O Bruno quase chorava, mas o imenso orgulho o impedia de tal feito. A Paula acompanhava tudo atentamente.
GISELA: Realmente, desacreditei nessa possibilidade. Mas mesmo assim, há algum tempo nosso relacionamento havia se resumido apenas em sexo - de muita qualidade - mas apenas sexo não serve eu precisava voltar a me sentir segura ao seu lado. E eu me senti segura com a Paula naquele dia que novamente você agrediu minha imagem por conta de uma briga que deveria continar sendo particular. Foi ridiculo o modo como você e o Diego tentaram se "defender", agiram como muleques. Não que eu esperasse que nosso relacionamento durasse para sempre, mas eu gostaria que se acabasse, predominasse o respeito que tinhamos pelo outro. A minha intenção nunca foi brigar. Por isso eu lhe peço desculpas, pela infeliz cena que você presenciou de nós duas no sofá. Sei que a nossa relação ainda estava indefinida, pois para mim havia acabado, mas tinhamos que conversar a respeito, antes de qualquer coisa. Eu te desrespeitei quando beijei a Paula antes de oficializar o término de nosso namoro.
BRUNO: Eu te desrespeitei bem antes, quando te machuquei. Eu fiquei muito chateado e confuso com tudo que aconteceu, não imaginava que curtia esse tipo de coisa, para mim você era perfeita, e não gostava desse lance de ficar beijando mulher, mas não tem nada para desculpar afinal fui eu quem errei e perdi a mulher da minha vida.
Com essas palavras eu me comovi muito, sentei no colo de Bruno e o abracei, a Paula olha tudo silenciosa, aliás o ambiente estava totalmente silencioso a não ser pela respiração ofegante de Bruno por conta do choro compulsivo.
Em meio as lagrimas ele me perguntou.
BRUNO: Você prefere ela né? - referindo-se a Paula.
Me levantei do colo do Bru, mas antes lhe beijei o rosto em sinal de cumplicidade. Retornei a minha cadeira de sentença, para sentenciar Paula desta vez.
GISELA: Eu estou decepcionada, muito ferida mesmo. A primeira oportunidade que teve me apunhalou pelas costas.
Paula com olhos atentos a mim e confusos pela franqueza de minhas palavras retrucou.
PAULA: Mas eu não fiz nada. - indignada - por que te decepcionei?
GISELA: Realmente não fez. Não fez nada quando seus pais cheios de arrogancia lhe obrigaram a se afastar de mim, a não se me proferir palavras dolorosas, alegando que a culpa era minha por perder sua tão valiosa Herança. Eu sempre acreditei em você, na sua determinação, estaria disposta a te acolher em meu lar se passasse por dificuldades, em contra partida você me ofendeu. Apenas por não ter o Luxo para te dar.
PAULA: Mas eu não ligo mais para isso, eu pensei muito no que te disse doeu mais em mim do que em você, me fez sangrar por dentro. Me desculpa, esquece as coisas ruins que eu disse e lembra de tudo de bom que passamos.
Dissimulada, ela me disse isso com o sorrisinho mais cinico e Lindo do mundo. Mas me mantive firme.
GISELA: Eu desculpo vocês e peço lhes perdão também porque sei que não ou perfeita, ninguém é. Gostaria que nada mudasse em relação a nossa amizade, vocês são as únicas pessoas que posso contar aqui. E podem contar comigo também, para o que precisarem.
PAULA: Mas com quem você vai ficar? Com ele ?
GISELA: Com ninguém, ficarei sozinha para ME dar o devido valor, estou cheia de relações conturbadas, sejas as passageiras - olhando para Paula - ou as bem duradouras - segurando a mão de Bruno - vou curtir esse tempo só meu, e espero que estejam ao meu lado. Como amigos.
CONTINUA !
Obrigada pelos comentários, nos próximos capítulos tudo irá se acertar - eu acho. Com quem será que eu fiquei, e estou casada atualmente?