Meu primeiro conto no site, é um pouco da minha história, porém com modificações e muitas camuflagens. Se você está procurando erotismo logo de cara, ou seja, um conto sem nenhum fundamento, não continue. Tentarei ser breve, não gosto de contos prolongados, com muitas continuações, se torna cansativo. Vou contar um pouco a história da minha vida, espero que gostem.
Meu nome é Daniel, sou moreno claro (uma mistura do meu pai branco e minha mãe morena escura), cabelos negros e olhos cor de mel (que acho que também foi uma mistura dos olhos azuis do meu pai com os castanhos da minha mãe), sou um garoto confuso, de muitas fases, mas vamos começar pelo começo... Eu nasci em Santos, São Paulo, meu pai era de lá, tinha se casado com uma Baiana, ele era militar da Marinha, era muito bom no que fazia, antes de eu completar dois anos, nos mudamos para Manaus, onde ele foi trabalhar em um importante posto na Capitania Fluvial da Amazônia. Passei minha infância lá, dez anos, um garoto normal, tinha vários amigos, aprontava muito e sempre meus pais eram chamados na sala da direção do meu colégio, é, eu tinha a minha "fama" na escola. Ah, e meu irmão acabou nascendo em Manaus. Porém, novamente, meu pai teve que se mudar, a vida de militar é assim, fomos para Recife, eu estava com 11 anos e muito empolgado, mais aquela cidade não me reservava aquilo que eu imaginava.
Fomos morar em um condomínio de classe alta, próximo a minha futura escola. Primeiro dia de aula, eu estava muito empolgado, sempre fui o centro das atenções na minha antiga escola, todos gostavam de mim, não poderia ser diferente agora, porém, eu tinha me esquecido de algumas observações. Bem, meu pais, e por consequência eu, somos evangélicos, e minha antiga escola era também, tinha até uma igreja no meio dela, eu tinha crescido lá, e era a minha primeira mudança de escola, escola essa que era totalmente diferente da outra, essa tinha o dobro do terreno, cinco vezes mais estudantes e era uma das melhores escolas da cidade. Eu era nada além de um grão de arroz, porém continuei (como se eu tivesse escolha...).
Minha turma, de outras três, tinha uns 50 alunos, coisa que me assustou, pois na outra escola não chagava a 20. Eu realmente me intimidei, procurei um lugar colado a parede no meio da sala e sentei, comecei a observar os alunos, era desanimador vê-los em várias rodas, conversando sobre as férias e tal, e eu ali isolado, ninguém veio ao menos me cumprimentar, pensei que eu era o único só, quando eu vi uma garota isolada um pouco mais a minha frente do lado paralelo a minha parede, resolvi ir falar com ela.
- Olá, tubo bem? Meu nome é Daniel.
- Oi, me chamo Melissa. Tudo bem comigo, e com você?
- Tudo sim.
- Você não é daqui não é? Percebi pelo seu sotaque, bem vindo à escola!
- Não, sou de Santos, São paulo. E muito obrigado pelas boas vindas.
Naquele dia conversamos muito, ela tinha vindo de uma turma da tarde, então também não conhecia ninguém, logo viramos muito amigos, descobri várias coisas que tínhamos em comum, e outras que ela me mostrava e eu logo gostava, ela não era do tipo de garota enjoada, escandalosa e vaidosa, ela era inteligente e interessante. Sem eu perceber, eu tinha mudado, nunca tive uma amiga antes, sempre andava em grupos meninos, geralmente os bagunceiros, e além disso eu estava deixando esse comportamento com o passar do tempo, estava ficando mais calmo, quieto, e até mesmo tímido.
Passaram-se quatro anos, estava nos meus 16 anos e as coisas não melhoraram para mim, eu tinha ganhado peso de uns anos para cá, sempre tirando notas boas, era muitas vezes alvo de chacotas, eu não conseguia fazer novas amizades. O que ainda me fazia ir pra escola era a Mel, minha grande amiga, mas mesmo tendo ela, me sentia muito sozinho, ela tinha as amigas dela, então as vezes eu ficava só pelos corredores, pensativo. "Eu sinto falta dos garotos" pensava, e estranhava esse pensamento, eu tinha o meu irmão que estava com onze anos, mais eu não o via como um amigo em potencial, na verdade, brigávamos muito.
Na minha igreja não era diferente, em Manaus eu era do conjunto das crianças, aqui em Recife até tentei fazer parte dos adolescentes, porém não me senti bem, e como meus pais me obrigam a fazer algo na igreja, fui fazer aulas de violão. Houve uma noite em que eu pensei tanto em como eu era sozinho, insignificante, que pensei em suicídio, mas logo tratei de desviar esse pensamento e fui orar, eu sinceramente não orava todas as noites como minha mãe mandava, mais nessa noite eu orei, pedindo a Deus com todo o meu coração por um amigo verdadeiro, alguém fiel, que nunca caçoaria de mim, e se não existisse alguém assim, que Deus me enviasse um de seus anjos só para me fazer companhia. Depois dessa noite, dormi e a esqueci.
Eu estava na metade do ano, primeiro ano, as coisas tinhas que mudar, eu pensei então "Em que eu posso melhorar?", logo me veio a aparência, decidi fazer um esporte, natação, mesmo morrendo de vergonha da barriga, mais esse era um esporte que eu já tinha feito por três anos em Manaus, então era o mais indicado, comecei a correr na praia, minha casa ficava perto de uma. Sempre tinha usado o cabelo bem curtinho, máquina 3, decidi deixar crescer, quem sabe no que ia dar. Ah, e eu tinha começado a usar óculos desde dois anos atrás (um completo nerd né), mais continuei com ele, lentes eram muito incomodantes para mim. Ademais, também cortei pela metade a quantidade das minhas refeições e comecei a comer mais frutas.
Faltavam dois meses para o fim do ano quando um garoto mudou-se da turma ao lado para a minha, ele teve problemas com outro garoto e a direção o realocou. Eu já tinha visto ele antes, um vez ele veio na minha sala para apresentar para a turma um projeto de reforço para alunos com dificuldades, onde os professores seriam os próprios alunos, não deu muito certo. Mel estava ao meu lado e comentou comigo o quão fama de boboca aquele garoto tinha, coisas como querer aparecer, chamar a atenção sendo o queridinho dos diretores, o preferido dos professores. Eu, a princípio não liguei muito para ele, porém ele acabou, digamos, tocando no meu ponto forte:
A disciplina que eu mais gostava era Geografia, eu gostava muito do professor e sempre fazia muitas perguntas complexas (coisa que o prof adorava), porém quando o garoto chegou, começou a fazer a mesma coisa que eu fazia, eu, que estava sentando sempre na frente, logo revidava com mais dúvidas, ele, que também fazia questão de sentar na frente, me encarava e mandava mais, nós disputávamos a atenção do professor todas as aulas, eu comecei a pegar uma raiva daquele garoto, sempre nos entreolhávamos com um olhar reprovante, e essa disputa começou a se alastrar para outras aulas que eu também gostava como história e português, falando em português...
Em um dia como qualquer outro, cheguei atrasado para essa aula, e quando vi, a sala estava dividida em vários grupos de 4 alunos, logo tive que ficar com um que tivesse vaga, Melissa já estava com o grupo dela, o que me chateou, pois sempre ficávamos juntos em grupos de trabalhos. Fiquei em um grupo dos meus sonhos, tinha o "JP" que era um dos palhaços da turma, o Tiago, vulgo "Gordo", que era fanático por futebol e tinha o triplo da minha barriga, e adivinhem só... o garoto que eu detestava tanto. Por mais que eu não gostasse, tive que cooperar, não queria perder os pontos, só não esperava que o JP e o Gordo ficassem todo tempo conversando com outras pessoas de outros grupos, como não sou de me estressar, comecei a desenvolver o trabalho sozinho, e o garoto também, até que ele disse:
- Ei cara, que tal nós cooperarmos um com o outro? Acho que acabaríamos mais rápido, até porque não podemos esperar nada dos outros dois ali.
- Você tem razão, deixa eu ver o seu trabalho.
Ele me mostrou o dele, e eu o meu , logo começamos a desenvolver perfeitamente o trabalho.
- Engraçado, eu já estou aqui a um tempo e não sei o seu nome.
- Pois é, sala grande né? Meu nome é Daniel, qual o seu?
- Luan, prazer em te conhecer.
Luan tinha 17 anos, tinha em torno de 1,80 de altura (eu tinha 1,72), era moreno, cabelos curtos, negros e arrepiados, e tinha olhos bem escuros, quase negros. Terminamos o trabalho e entregamos, depois disso não nos falamos naquele dia, mas eu não sei o porquê, eu sentia uma ligação com aquele garoto, como se ele fizesse parte do meu destino. Nas outras aulas de Geografia, quando um de nós fazia uma pergunta, olhávamos um para o outro e ele sempre me dava um sorriso, sorriso esse que eu comecei a estranhamente admirar. Poucos dias depois daquele trabalho de português, no intervalo, Luan veio falar comigo.
- Daniel, eu posso te fazer uma pergunta?
- Claro cara, pode sim.
- Você me acha uma pessoa confiável?
- Bem... você ainda não me deu motivos para não confiar em você na verdade.
- Que bom, eu estava precisando de alguém para desabafar, você poderia me ajudar?
- Claro.
Ele me levou para uma área menos movimentada da escola e começou a me falar sobre o que ele estava passando, o seu pai deixou ele, sua mãe e seu irmão mais velho a alguns meses e foi morar em uma cidade do interior, Garanhuns, com outro homem. Aquilo me surpreendeu de certa forma, meus pais sempre diziam o quanto era errado um homem ficar com outro homem. Ele me dizia o quanto a mãe dele sofreu com isso, e como ele e seu irmão brigaram com o pai.
- Cara, isso é bem complicado, para a minha religião isso é errado, mais...
- Ei, qual a sua religião?
- Eu sou evangélico.
- Sério? Eu também, para piorar as coisas, minha mãe é e meu pai nunca foi.
- Então, mesmo com tudo isso, eu acho que você deve respeitar seu pai, afinal ele te criou, te viu crescer. Mesmo ele deixando vocês, tenho certeza que ele ainda te ama, só se afastou, quem sabe, porque não queria causar mais sofrimento.
- Talvez eu tenha sido muito duro com ele.
- Olha, eu nunca passei por isso, eu não sei como te aconselhar, mas acho que você deveria se desculpar.
- Sim, vou tentar, obrigado.
Depois desse dia eu e Luan nos tornamos muito próximos, ele sempre fazia questão de estar perto de mim, começou a se oferecer como professor para matérias em que eu tinha dificuldade e eu quase toda a semana ia na casa dele. Sua casa era em um bairro distante do meu, relativamente pobre, era simples, pequena, porém aconchegante, limpa e organizada. Ele estudava na minha escola por ter conseguido uma bolsa, ele nunca poderia pagar o preço alto de lá. Conheci sua mãe, que fazia quentinhas (marmitas) para vender, e seu irmão que estava no terceiro ano, Bruno. Luan não se dava bem com Bruno, viviam descordando um do outro, mas no fundo eles se gostavam.
Estávamos sempre juntos na escola, Mel até dizia que estava começando a ficar com ciúmes, mas com o tempo ela acabou se tornando amiga do Luan também depois de ver a ótima pessoa que ele é. O imprestável cheio de banha do Tiago começou a fazer piadinhas comigo, quando o Luan faltava, me perguntava se eu tava triste por meu "macho" ter faltado, eu ficava com muita raiva, mais não tinha coragem de fazer nada e só me afastava. O fim do ano estava cada vez mais próximo e eu teria de viajar com minha família, assim como todos os anos nas férias, minha família sempre vai a algum lugar do país, sendo que de dois em dois anos íamos sempre para Santos, visitar a família do meu pai, ou para Salvador, visitar a família da minha mãe, esse ano íamos para Santos, que eu não tinha ido havia quatro anos.
No último dia de aula, na hora da saída, eu fui me despedir da Mel, ela me disse que o Luan tinha ido na sala de Judô, dei um abraço e um beijo nela e fui pra lá. Quando cheguei na porta, que estava aberta, não o chamei, só observei. Luan era faixa azul (3ª faixa), estava no meio de uma luta, pelo menos eu acho, ele só ficava caindo o tempo todo, quando ele ia pra cima do outro garoto, que era faixa verde (5ª faixa), o garoto o derrubava facilmente. A professora falou que o pessoal estava liberado desejando boas férias. Luan me viu, deu aquele lindo sorriso e me chamou, eu entrei na sala e fui falar com ele.
- Você não tinha me dito que fazia Judô.
- Tem algumas coisas que você ainda não sabe sobre mim.
- Mas eu entendo o porquê que você não falou, você é péssimo (risos).
- (risos) É caindo que nós aprendemos a levantar.
- Humm....também não sabia que você era filósofo.
E por um instante eu parei e observei o corpo dele enquanto ele tirava o kimono para colocar a roupa, ele não percebeu, mas eu acabei desviando o olhar desconsertado. Então ele falou...
- Vamos?
- Sim.
- Ei, hoje é o último dia de aula certo?
- Sim.
- Poxa, essas férias não vão ser legais.
- Por quê?
- Eu não vou poder te ver todo dia. E você vai viajar.
- Amanhã.
- O quê?! Não ia ser daqui a uma semana?
- Pois é, O papai adiantou a viajem, ele vai ter que voltar mais cedo.
- Cara, então você tem que vir na minha casa hoje!
- Não esquenta, vou sim.
- Acho bom. Não é engraçado? Não faz nem dois meses que te conheci e você já é o meu melhor amigo. É impressionante como os amigos chegam nas horas que menos se espera.
- Mais outro pensamento filosófico heim.
- Que nada....! Te vejo mais tarde certo?
- Sim, até lá.
Ele me abraçou, como sempre ele fazia quando tinha a oportunidade, foi para a parada do ônibus dele e eu fui para casa de carro com minha mãe, logo pedi para ela para ir para a casa dele. Ela me falou que eu tinha que arrumar as minhas coisas para a viajem, mais depois de eu insistir muito ela liberou, afinal, ela sabia como eu era amigo do Luan, embora ela ainda não o conhecesse. As duas da tarde fui para a parada de ônibus, era uma viajem de meia hora, eu não gostava muito de andar de ônibus, mais o sacrifício sempre valia a pena.
[CONTINUA]
Acho melhor parar por aqui, o conto ficou muito grande como eu temia. Em breve vocês entenderão o porquê do título. Se vocês gostaram comentem por favor, esse foi como uma introdução, em breve postarei o próximo.