Verão.
Corre o mes de Dezembro. Cada vez mais será tempo de calor.
Aqui em São Paulo, longe de férias nalgum dolce far niente à beira-mar, nem sempre o verão é agradável. Pouco prazerosa a transpiração excessiva, as energias se dissipando mais rapidamente, nos conduzindo a uma certa indolência. Enquanto as tarefas e pressões do dia a dia se mantêm imutavelmente as mesmas...
Mas o verão tem essa coisa dos corpos mais expostos, do bronze das peles, de feromônios no ar.
Sim... O verão mexe com a gente.
Sou um ser humano como qualquer outro. Portanto, em meus momentos de ócio, fico aqui com a imaginação à solta...
O barqueiro me deixa na praia deserta. Despede-se combinando voltar na segunda pela manhã. O filho dele leva minha bagagem num bote até a areia.
Já eu, como sempre, prefiro ir fundo...
Pulo do barco. O mergulho me leva a uns 3, 4 metros de profundidade. Convivo com pequenos peixes de todas as cores por alguns momentos, até voltar à tona e nadar, sem pressa, até a praia.
Chego, apanho as duas malas e vou caminhando. Ao fundo há uma única cabana.
Janelas abertas, uma rede estendida na varanda.
Vou passo ante passo, procurando não fazer ruído.
Chego, largo a bagagem cuidadosamente no piso da varanda. Limpo a areia dos pés.
Há música alta lá dentro. O que é ótimo. Isto mascara minha chegada.
Entro. Desleixadamente abandonado sobre uma cadeira encontro molhado um soutien de biquíni.
Te procuro. Te acho na cozinha. Está em frente à velha geladeira a querosene. Parada frente à porta aberta para refrescar seu corpo. Está com uma taça de sorvete nas mãos.
Seminua, só a calcinha do biquíni.
Avanço pé ante pé. Prendo tua cintura, beijo tua nuca e te sussurro:
- Cheguei minha gata selvagem...
Você, tomada pela surpresa, derrama o sorvete, que cai e escorre pelos teus seios...
A praia está deserta.
O mar é infinito.
A imaginação, também...
Se o mar tem mistérios insondáveis. Você também os tem.
Mas eu te conheço...
Tua reação, claro que me excita. Mas não me surpreende...
Não soa inesperado quando você se vira, enquadra o corpo e exibe os seios para mim, com o sorvete derretendo, tomado por um calor menor apenas que o expresso nos teus olhos, que me fitam. Fixamente.
Olhos que falam.
Olhos que pedem...
Caio de boca nos teus seios. E isso também não seria inesperado...
Sugo rapidamente o sorvete, até que o doce gelado suma, e reine então o sal quente da tua pele, a maciez das curvas tão belas, o róseo das tuas aureolas, a rigidez dos biquinhos que mordo suavemente para te roubar aquele teu grito surdo, que você dá sempre que se rende ao teu tesão...
Uma rápida olhada - estratégica - para traz me permite divisar a velha mesa rústica. Sobre ela alguns copos e pratos. Tal como se dá, numa habitação espartana como aquela, são de plástico.
Perfeito! Não tenho de me preocupar com prejuízos. Passo a mão sobre o tampo, num golpe só. Lanço tudo longe.
Preciso daquele tampo de mesa livre para minha refeição...
Te pego, e te carrego. Te ponho sentada sobre a mesa. Te beijo toda.
Tua boca, teu colo, teus seios, teu ventre... até alcançar a alça da calcinha.
Minha posição ante os fatos tem que ser clara. Para não te deixar dúvidas sobre o tamanho da fome a ser aplacada, arranco tua calcinha e a lanço longe.
Com os dentes...
Mas a gata selvagem não se inibe. Responde, não é?
Vejo toda a provocação na forma como me olha, enquanto apóia os pés sobre o tampo da mesa, flete os joelhos arqueando as coxas e se exibe toda.
E mais ainda, você, como sempre sabe aumentar a intensidade e a temperatura do clima. Usa as palavras, que ali se resgatam da obscenidade para se tornarem não só provocadoras. Mas até poéticas...
Apóia os braços sobre os joelhos e me encara. Os trejeitos que faz com o rosto, mordendo os lábios... Ah!...Mexem comigo.
Você suspira. Arfa teus seios e me diz com a voz que vem do teu íntimo:
- Vem! Me faz tua, me usa toda. Sou tua devassa...
Tenha certeza, meu amor:
Seus pedidos serão atendidos.
Todos...
LOBO