MARA
Enquanto Mara acabava de vestir, olhando-se no espelho, se perguntava uma vez mais se era mesmo isso o que queria fazer. Era uma boa moça, comum, mas bonita de se olhar. E sem atinar com o motivo, nenhum homem por quem se interessava lhe correspondia as intenções, e os que a desejavam, quando isso acontecia, não eram dignos de sequer uma segunda olhada, ou mesmo uma olhada mais profunda.
Portanto, quando Miguel a convidou para dar um palpite sobre a decoração de sua sala, ela interpretou como uma desculpa, afinal, Miguel não se preocupava sequer com sua aparência pessoal, era um desleixado por completo, e talvez por isso mesmo, por seu desejo há tanto reprimido, unido à sua insegurança, a fizeram desejar ir.
Com um suspiro, saiu de seu apartamento, pronta para encarar Miguel.
Chegando à casa dele, sentiu vontade de fugir. O lugar era feio, pobre, decadente, bem parecido com o que ela imaginava... e talvez justamente por isso, ela foi em frente.
Ele a recebeu sem surpresa, sem emoção, sem nenhuma demonstração de satisfação sequer, como sempre, uma voz dentro dela falou. Aborrecida consigo mesma, mas pensando que ele poderia ser pelo menos educado, Mara foi direto ao ponto:
- Então, como você está pensando em decorar? Que materiais quer usar?
- Deixa disso, vadia. Você sabe muito bem por que lhe convidei.
Isso para Mara foi como um tapa no rosto Vadia?
E ela até tentou revidar fisicamente essa dor, mas ele foi mais rápido, e segurou-a pelo pulso. Com lágrimas nos olhos, devido à humilhação e a dor causada por querer se soltar daquele homem, a adrenalina começou a agir, e Mara o insultando, começou a se debater com mais força. Sentiu então uma outra presença, o que de início lhe trouxe um certo alívio, mas deparou-se com outro homem, do mesmo tipo de Miguel, provavelmente irmão ou outro parente, e seu alívio momentâneo transformou-se em pânico quando percebeu que ele rapidamente começava a despi-la, enquanto Miguel a segurava, machucando-a cada vez mais. Quando ela tentou esboçar um grito, foi-lhe dito que iam amordaçá-la se ela gritasse...
Nua, ela tremia de medo, sentindo-se dominada, exposta, perdida... foi quando eles a deitaram sobre o tapete, e ela sentiu o cheiro de mofo velho quando seu rosto encostou por fim nele. Sentiu uma leve sensação de proteção, por estar com os seios e o sexo protegidos, mas Miguel rapidamente trocou de posição com o outro, e após cuspir na mão, molhando em seguida seu sexo, começou a forçar entre suas nádegas...
Mara tentou se desvencilhar, mas as pernas de Miguel a prendiam, e o outro segurava com muita força os seus pulsos... ela sentiu seu membro teso começando a penetração, rasgando e queimando, e quanto mais se debatia, mais ele adentrava...
Então ela começou a sentir seu ventre se incendiando, seu sexo roçava feroz no tapete, o membro de Miguel lhe queimando, as risadas de um, as palavras sujas do outro, se misturando aos seus gritos, que se foram transformando em gemidos, a dor se transformando em prazer, o vai-vem lhe rasgando as entranhas, sua carência, seus desejos mais secretos sendo enfim atendidos...
O gozo veio com força, saindo de dentro dela com toda a urgência que sentia, enquanto ela apertava suas nádegas com força, ainda mais, estrangulando aquele membro que, vencido pela surpresa e pela pressão, explodiu também...
Ambos relaxaram no mesmo instante, saciados, mas o amigo também queria, e tentou deitar-se sobre ela, mas Mara, ainda ofegando, conseguiu se virar, e abrindo as pernas, docilmente se ofereceu. O rapaz, ansioso, penetrou-a sem dó, com força, ao ponto de Mara tentar se fechar, magoada com aquela violência, mas o rapaz continuava frenético, rasgando-a ainda mais, sugando seus bicos duros, e ela então começou a sentir novamente as ondas do prazer a invadindo, seu corpo amolecendo, o homem em cima dela como um animal, suado, resfolegando, forçando cada vez mais rápido... mais rápido... mais... e eles gozaram gritando juntos, num prazer misturado com dor de tão intenso...
Ele então saiu de cima dela, e ela sentiu-se vazia, profundamente cansada, e virou-se de lado, sentindo seus orifícios latejantes, rasgados, doloridos, escorrendo o gozo daqueles dois homens. Enquanto sua respiração se normalizava, ela continuou ali, encolhida, com os olhos fechados, sem entender o que sentia... vergonha, humilhação, misturadas com satisfação e desejo de mais. Ela então sentou-se, e sem coragem de olhar para eles, se levantou para apanhar suas roupas.
Miguel então lhe perguntou se ela não queria água, ou algo mais forte, e Mara, aturdida, não sabia o que responder. Julio, o outro rapaz, trouxe um copo com um líquido escuro, que ela, com a boca seca, emborcou sem nem pensar. Era conhaque, e desceu queimando por sua garganta, e ela, tossindo, agradeceu pela sensação que se seguiu. Miguel então estava em frente a ela, e segurando-a pela nuca a beijou, um beijo molhado, guloso, a barba por fazer arranhando seu rosto, e Mara sentiu seu corpo novamente se esquentando, amolecendo, desejando.
Miguel então a forçou para baixo, e ela ajoelhou-se diante dele, ficando com o rosto em frente ao membro novamente teso, pronto para ser devorado. E ela, sem pensar, colocou-o inteiro na boca, enquanto Miguel dava um gemido profundo, maravilhado pela sensação daquela boca quente, gulosa, molhada. Mara, de olhos fechados, se concentrava em extrair prazer daquele ato, quando sentiu a mão de Julio em seus cabelos. Ajoelhada, embriagada de desejo, ela não sabia o que fazer... sua vontade era a de se levantar com o pouco de dignidade que lhe restava, mas seu desejo era de colocar ambos na boca, nos seios, em seus orifícios ardentes de dor e desejos...
O desejo foi mais forte, e soltando o membro de Miguel, abocanhou o de Julio, que segurando seu rosto, fodia aquela boca carnuda e sedenta, sentindo todo o prazer que podia.
Miguel então sentou-se ao seu lado, esfregando seus seios, seu sexo molhado e então ela conseguiu se desvencilhar de Julio e disse Não! Chega! e tentou se levantar.
Mas Miguel, sempre rápido e forte, a puxou para cima dele, unindo seu corpo ao dela, procurando com sofreguidão a sua boca, e a tensão de Mara foi se transformando novamente em desejo, em luxúria, seu corpo ansiava por muito mais...
Miguel então levantou-se com ela, e caminharam para uma cama onde Miguel se deitou, puxando-a novamente para cima dele, e ela, abrindo as pernas, guiou-o docilmente para dentro de si, sentindo novamente aquela sensação de dor misturada com prazer... arrepios percorriam sua pele toda, e nem bem tinha se adaptado ao membro de Miguel, sentiu o membro de Julio entre suas nádegas, forçando... e como estava ainda molhada pelo gozo de Miguel, Julio a penetrou furiosamente de novo, arrancando dela um grito de dor, que logo foi substituído por gritos de prazer, Mara sentindo-se duplamente penetrada, preenchida, os membros duros castigando suas carnes, num vai-vem enlouquecido, enquanto ela rebolava e se esfregava neles alucinadamente, querendo de ambos mais, sentindo-se queimar de dor, desejo, fogo e tesão, ensandecida, furiosa, devassa, fêmea subjugando dois machos, e quando enfim o orgasmo chegou, ela endureceu seu corpo todo, comprimindo com fúria e ardor, sentindo ambos explodirem ao mesmo tempo, e querendo deles sugar até a última gota...
Exaustos, os três ficaram lado a lado, sentindo ainda a languidez, o cheiro forte de sexo na sala toda, suados, resfolegantes.
Enquanto ainda se refaziam, Mara rapidamente se levantou. Foi se vestindo depressa, sem saber o que pensar, o que dizer, e pegando a sua bolsa, correu em direção à porta, para a saída, para a dignidade de sua vida solitária e vazia, mas antes de conseguir fechar a porta, ainda ouviu Miguel dizer que a esperava novamente na próxima semana. E Mara então soube que voltaria.