Algumas coisas parecem estar escritas. — Capítulo 04 — Alguns males vêm para o bem.

Um conto erótico de Paulo Amaral
Categoria: Homossexual
Contém 1543 palavras
Data: 14/07/2016 23:52:48
Última revisão: 16/07/2016 01:56:11

Geeeeeeeeeeeeente? Meu Deus! Devo ter perdido horrores de leitores, socorro! Deixa eu me explicar aqui: Não, eu não abandonei a história logo no começo. Imagina, tem gente gostando! O que acontece é que eu fiquei a cabo de organizar umas coisas pro Festival Literário daqui e o Departamento que cuida dessa parte só me avisou em cima da hora :S Eu poderia desabafar horrores aqui sobre a irresponsabilidade deles, mas basta dizer que fui bem sucedido :D Consegui arrumar um tema e programar e encaixar o Festival na Programação Municipal, contatar escritores, mediadores de bancada, livrarias e demais atrações... Sim, eu sambei u-u Agora estou de volta \o/ Sei que ninguém perguntou mas me senti em débito com os que leram e ainda mais com os que tiveram o cuidado de comentar; sabe, essa é uma demonstração absurda de carinho para mim <3 Mas enfim, respondendo aos comentários:

SafadinhoGostosoo: KKKKKKKKKKKKKKKKKKK Você vai amar ele ainda haha

marc01CL: Triste, né? Eu pelo menos me sinto horrível com toda essa história de "foi embora, voltou, me apaixonei, não e meu" ehruhruerheurheurheruehrurheu

rodrigopaiva: Tensooooooooo. Adoro os venenosos que botam os pingos nos is heruhreurhue AR-RA-SA!

Martines: Confusões, tretas, babados... chame como quiser, mas ainda terão mais e-e

Rafa036: Ain, obrigado <3 Adorei, seu fofo ^~^

É isso gente, já demorei demais nessa bodega! Dá-lhe conto! rsrs'

PS.: PRE-PA-RA

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Alguns dias se passaram desde o ocorrido da festa e eu ainda me sentia extremamente desconfortável quando lembrava da cena que vi entre Guilherme e a menina desconhecida. O pior, se é que tinha como ser pior, era que eu sequer sabia do motivo concreto de tanto embaraço por uma coisa tão boba quanto um beijo. Afinal de contas, todo mundo beijava. E eu não possuía propriedade alguma sobre Guilherme para me sentir daquela forma tão... possessiva... sobre ele. E como se não bastasse, ainda tinha que enfrentar o seu olhar todas as manhãs, sempre me perturbando.

Era impossível negar que o meu comportamento estava diferente para com ele, só não sabia a que ponto aquilo era perceptível. Não sabia definir em palavras o que eu estava sentindo por ele e, junto a isso, jamais saberia dizer se era melhor me afastar ou apenas ignorar aquele incomodo quando eu me lembrava da cena. Por via das dúvidas, eu optava por me manter chapado, assim acabava esquecendo de pensar asneiras. O meu remédio era pura ordem: uma garrafa de qualquer coisa que contivesse álcool e dois baseados. A realidade se distorcia em um mundo de tontura, desfoco e confusão. Pura paz. Até Guilherme se dar conta da minha ‘paz’.

Certo dia, no meio da semana, ele veio em casa. Tocou a campainha, mas eu sequer assimilei o som a qualquer coisa, apenas tive uma vaga noção de que alguém queria entrar. Ele sabia onde as chaves reservas ficavam e abriu manualmente o portão. Não me lembro do exato momento em que ele me encontrou, mais para lá do que para cá, ao pé da minha cama, mal assimilando o fato de estar vivo. Ele deve ter visto as garrafas. Ou sentido o meu cheiro. O que importa é que ele começou a balbuciar coisas ininteligíveis enquanto se esforçava para me colocar em baixo do chuveiro.

Eu apenas caía a cada vez que ele tentava me colocar em pé. Com muito custo ele me colocou no box e ligou o jato de água em mim, de roupa e tudo; eu não senti a temperatura da água. A nuvem do álcool começou a se dissipar do meu cérebro e eu me senti quase totalmente livre dele quando vomitei. Mas o peso da maconha ainda estava lá. Eu já conseguia entender o que ele falava, embora meu raciocínio estivesse ainda lento.

—Matheus? Ei, olha pra mim. – Olhei. —Matheus? O que você tá fazendo? Tem como me responder?

Eu estava em completas condições de responder, mas como eu iria fazer isso se nem eu mesmo sabia o que estava fazendo? Não arrisquei uma palavra sequer. Fiquei ali, analisando seus traços que há algum tempo eu vinha decorando; o cabelo baixinho, a barba bem aparada que ressaltava o formato rústico do maxilar, os olhos castanho tão expressivos. Tudo nele era perfeito; desde o corpo malhado à simetria do rosto. E aquela boca. Os lábios cheios e corados que se abriam tão facilmente para dar forma ao seu tão perfeito sorriso. Ah, Guilherme! Se ele soubesse o quanto eu o desejava ali, naquele instante, provavelmente me bateria, e, em seguida, fugiria para bem longe de mim. Seria ridículo eu tentar esconder que estava me sentindo atraído por ele.

Mesmo depois de fitar o rosto dele por tanto tempo eu ainda não tinha estruturas psicológicas para dizer qualquer coisa, então apenas me levantei e fui pingando para o quarto. O vento que entrava pelo janelão da sacada me fazia arrepiar de frio. Abri o guarda roupa, peguei um calção de futebol e um moletom qualquer; depois daquele, literalmente, banho de água fria, eu só queria ficar confortável e dormir até o fim dos dias. Ele veio atrás tagarelando, mas eu nem prestei atenção. Fui para o banheiro, bati a porta e, mal passei a toalha pelo corpo, já fui vestindo a roupa. Quando saí ele ainda estava lá, com um olhar preocupado no rosto.

—Você estragou a minha diversão. – Eu finalmente falei algo.

—Como é?! – Ele guinchou, incrédulo. —Você ainda tem a cara de pau de chamar essa porra de “diversão”? – Eu apenas o fitava, sem expressão. Ele bufou e continuou. —Já pensou no quanto isso vai foder com a sua vida? Matheus! Escuta aqui: eu só não vou contar para os seus pais porquê...

Eu desatei a rir naquele momento. Ri porque achei engraçado, porque se não risse, choraria. Ri também porque foi a única coisa que saiu naquele momento. Guilherme apenas me olhou sem entender nada. E a minha risada continuou até eu me deitar sob o edredom na minha cama. Olhei para ele, um pouco mais contido agora.

—Vá em frente. Só... conte. Você acha que eles ligam? Se eu morresse, aqui mesmo, nesse quarto, eles só iam reparar quando o cheiro do meu corpo estivesse insuportável demais. E além do mais... – Eu tinha que parar por ali. As lágrimas estavam borrando a minha visão e em breve elas iriam cair se eu continuasse a forçar a minha voz embargada. E de um jeito ou de outro foi o que aconteceu quando eu pisquei. E foi só uma lágrima cair para as outras seguirem pelo mesmo caminho. Os soluços vieram involuntariamente quando senti um rio descendo pelo meu rosto.

—Matheus... – Guilherme amansou a voz no mesmo instante. —Ei, Matheus? Cara, não fica assim. – Senti o peso do seu corpo afundar o meu colchão e, quase instantaneamente, seus braços puxarem os meus ombros de encontro ao seu peito. De instinto, passei meus braços pelas suas costas e ali, mesmo tão vulnerável, tive mais certeza ainda de que gostava dele. Gostava dele porque foi nos braços dele que achei uma base estável o suficiente para depositar todo o peso que eu vinha carregando durante todo esse tempo. Foi a primeira vez em muito tempo que alguém me abraçou apenas para me fazer sentir bem, porque se importava. Chorei por motivos que nem eu mesmo conseguia entender, e descontei todo o meu cansaço naquelas lágrimas. Tive vontade de contar sobre todos os meus medos para ele, no que eu me transformei desde a sua partida, queria desesperadamente pedir ajuda a ele para lembrar do que me fragilizou tanto; mas naquele instante não existiam palavras que coubessem na boca, tampouco termos que descrevessem coisa alguma. O silêncio foi nosso cúmplice.

Mesmo após ter parado com a minha crise emocional fiquei lá, sentindo o calor e o conforto que Guilherme me passava. Quando já não aguentava mais aquela posição me deitei com ele ao meu lado. Não pude fazer nada além de olhar para o teto envergonhado. Toda a determinação e autoconsciência que eu havia sentido minutos atrás haviam ido embora, junto com o choro. Guilherme já não me abraçava mais, mas continuava ali, ao meu lado. Muito tempo se passou, na minha concepção, e em algum momento adormeci.

Meus sonhos, como sempre, eram uma cacofonia completamente abstrata de sons, cores, cheiros e sensações, nada que me fosse novidade.

Quando acordei, completamente sóbrio, estava sozinho na minha cama. Olhei pela janela e já estava escuro. Fui ao banheiro e ele estava completamente limpo, como se ninguém houvesse estado ali. Nesse momento cheguei a duvidar de que Guilherme tivesse estado ali comigo, mas, ao voltar para a cama, o seu cheiro estava vivo em algumas partes do meu edredom. Sorri com a lembrança dele. Naquela noite encarei o teto por mais tempo do que eu conseguiria contar e quando fui dormir o sol já despontava pálido no horizonte. As luzes do céu matinal invadiam meu quarto quando adormeci de vez, pensando no calor dele.

Apesar de toda a tranquilidade que eu sentia por constatar que estava a fim de um cara, e de toda a felicidade que me invadia quando eu pensava nele, alguma coisa ainda me pesava. Eu me sentia enlouquecendo.

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É isso :3

Affé! Capítulo sem sal, sem tesão, sem vontade de viver! Mas ̶a̶g̶u̶a̶r̶d̶e̶n̶t̶e̶ aguardem-me!

Bjocas <3


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Comentários

Foto de perfil de J.D. Ross

Está ficando cada vez mais gostoso de ler. Não pare, está realmente muito bom!

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Eu quero ver o Matheus ficando com uma menina ou um menino e o Guilherme acabar vendo, só pro Matheus dar o troco daquela festa, onde o Guilherme não deu nem moral pra ele... O conto está perfeito e ótimo de ler!

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Comecei ler ele hoje e adorei, só demore a postar amigo haha. Abracos man...

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